Deste jeito, Dilma poderá ganhar no 1º turno

Do Blog do Noblat

A um ano da eleição presidencial de 2002, em conversa com um grupo de empresários paulistas, José Dirceu, coordenador da quarta campanha consecutiva de Lula a presidente da República, comentou:

– A eleição está liquidada. Lula ganhará – só não sabemos ainda se no primeiro ou segundo turno. Começamos a discussão interna sobre com quem governaremos.

O comentário de Dirceu foi mais ou menos repetido na semana passada por um estrelado membro da campanha de Dilma Rousseff à reeleição. Faltou apenas dizer que a candidata já se preocupa com quem governará.

Faz sentido?

Faz, sim. A não ser que ocorra um poderoso imprevisto. Do tipo: a filha de Dilma guarda a chave do aeroporto de Porto Alegre.

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O caso do aeroporto mineiro de Cláudio, construído em terras da família de Aécio Neves, atrapalhou o desempenho do candidato do PSDB a presidente durante o mês de julho. Até hoje ele ainda se explica por que como governador de Minas Gerais gastou R$ 13 milhões para asfaltar a pista do aeroporto.

Descobriu-se que ele investiu dinheiro público em outro aeroporto – o de Montezuma, a pequena distância de uma fazenda sua.

Eduardo Campos, candidato do PSB à vaga de Dilma, atravessou julho desnorteado a prometer o que poderá ou não fazer caso se eleja. Enfrenta o dilema hamletiano de ser ou de não ser uma pálida sombra do que foi Marina Silva na eleição de 2010.

Dilma chegou ao início de agosto próxima do confortável teto de 45% das intenções de voto. Voltou à situação de quem poderá liquidar a eleição no primeiro turno. Ou de passar para o segundo precisando de poucos votos a mais para se reeleger.

Agosto marca o inicio do período de 45 dias de propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Devido ao grande número de partidos que a apoiam, Dilma contará com mais do dobro do tempo de propaganda de Aécio e com o mais do triplo do tempo de propaganda de Eduardo. É uma vantagem e tanto.

A eleição presidencial deste ano é candidata à passar à História como aquela onde faltou uma oposição capaz de corresponder ao majoritário desejo de mudança dos brasileiros.

Se não tem tu, vai tu mesmo, Dilma!

19 comentários em “Deste jeito, Dilma poderá ganhar no 1º turno

  1. Eu já venho dizendo isso há vários meses, apenas sob um fundamento diferente. Eu creio que o fator decisivo são as “bolsas”. Podem os adversários fazer o que fizerem, sem as bolsas não batem nem na trave, isto é, não vão nem pro segundo turno.

  2. Entre a influência das bolsas e a do Jornal Nacional, a que decide hoje é menos pior do que à que decidiu ontem. Estamos mal de presidenciáveis.

  3. Pra mim que nunca me influenciei pelo jornal nacional, acho que a influência das bolsas é um retrocesso, ou, no mínimo, uma estagnação, no século 19, ou antes. Quanto aos candidatos no pleito presidencial, estou de pleno acordo. Estamos muito mal.

  4. Incentivos fiscais e bolsas sempre foram concedidos em todos os governos, inclusive no governo atual. A questão é que tanto uns, quanto outras, no mais das vezes, têm sido concedidos e recebidos e utilizados como fim em si mesmos. E no governo atual não têm sido diferente. Seja o governo que concede os incentivos fiscais e as bolsas, ambos cada vez mais elevados, seja os beneficiários, dos incentivos e das bolsas sempre os trataram como um fim em si mesmos.

  5. Metendo o bedelho na discussão… rs.

    As bolsas existiram no governo FHC (copiada das políticas municipais do PT) e foram massificadas no governo do PT.

    A grande questão é que as bolsas funcionam e são cabrestos eleitorais.

    É fato que ela ajuda as pessoas necessitadas e são, em alguns casos, a única fonte de renda. Todavia as bolsas deveriam reduzir ao invés de aumentar ao longo do tempo, ja que, o desemprego no Brasil é um dos mais baixos do mundo.

    Em síntese ,as bolsas são como o antigo CPMF. Verdadeiros provisorios permanentes.

    1. Amigo Carlos, as Bolsas são vistas pela oposição como moeda eleitoral porque funcionam de fato, dentro dos objetivos que as inspiraram. Engraçado é que o candidato tucano tem dois discursos: quando está diante de plateia mais popular, elogia as Bolsas e promete até ampliar; quando diante de seu público alvo preferido, o empresariado, desce a lenha nas Bolsas e promete extingui-las. É um ator.

  6. Para sintetizar o papel de cabresto das bolsas, cito aquele acontecido(mais ou menos um ano atrás).

    Quando anunciaran que as bolsas terminariam, filas quilométricas formaram-se nos bancos.

    Eu, por exemplo, vi duas faixas da BR interditadas na caixa econômica federal, agência Guanabara, devido a grande quantidade de pessoas localizada na caixa.

  7. Sempre bem vindo, Celira. Sobre as bolsas, é este caráter perene que elas tendem a assumir (o cabresto), seja por interesse de quem concede, seja por interesse de quem as recebe, que eu digo que elas são um fim em si mesmas. Isto é, as bolsas não tem servido como fator de transição progressista, mas como elemento de conservadorismo supostamente messiânico. Acho que devem acabar… NÃO AS BOLSAS, mas as práticas meramente eleitoreiras que historicamente sempre inspiraram sua exploração.

  8. Amigo Antônio Oliveira.

    Eu não terminaria. É uma política importante e sem volta. Para mim, ela representa apenas um pequeno passo para a diminuição das desigualdades.

    Os outros passos passam pela educação básica de qualidade, saúde de qualidade e empregos mais qualificados (mão de obra e financeiro).

    Penso ser difícil terminar as bolsas. Mesmo as práticas de cabresto que elas possibilitam. Isto por que, o problema não está na bolsa. O problema está no eleitor. Que não consegue ver além do ganho particular.

    No mais, aguardo ansiosamente o dia em que teremos um Brasil mais igual nas diferenças Mais democrático. Isto, para mim, significa um país em que todos possam sonhar e realizar seus sonhos. É um pais que encontra-se além do arco-íris.

  9. Amigo Gerson,

    É fato que o (oposição) PSDB sempre verá as bolsas sob a ótica do cabresto.

    Afinal, Lula fez dela seu grande carro chefe no governo e a utilizou nas campanhas de reeleição e eleição de Dilma.

    Talvez a chateação do PSDB resida no fato do governo FHC ter sido o primeiro a lançar a bolsa à nível de união – em que pese o fato da bolsa tucana ser uma cópia distorcida das bolsas dos governos municipais do PT – todavia, nunca levando o crédito da população por este fato.

    Vale destacar que FHC e os tucanos não levaram o crédito pelas bolsas, pois, a política de distribuição de renda nunca foi valorizada devidamente no governo do PSDB (temos um bom exemplo à nível local com Jatene, Zenaldo – que desdenhou na campanha do excelente escola circo – e Almir).

    Mesmo assim, amigo Gerson, não posso deixar-me cegar. Para mim, hoje, a política de transferência de renda virou uma muleta para o PT. Ao ponto de esquece-se que bolsas não fazem o Brasil um país melhor.

    Penso que seria muito mais interessante (politicamente, socialmente e futuramente economicamente) que Dilma anunciasse um grande plano de federalização da educação básica, afim de transformar o Brasil em dez anos. Entretanto, educação não dá voto e demora a aparecer como obra.

  10. Mas, Celira, eu não disse que as bolsas que têm de terminar, acabar. Muito pelo contrário. O que eu disse que tem de terminar são as práticas inspiradas na exploração eleitoreira das bolsas. Ou pelo menos foi o que eu quis dizer nas três ultimas linhas do comentário que escrevi em 12. Se me expressei mal, fica aqui o esclarecimento.

  11. Não sou ingênuo a ponto de achar que o PT ou a esquerda de que ele é parte e representa é feita só de anjinhos e mocinhos do bem. Mas por causa do contrato social, de Rousseau, qualquer estado deve perseguir o bem estar dos seus cidadãos, a justiça social, etc… Deixe estar que é para isso mesmo que o Estado existe, para promover a igualdade, a liberdade e a fraternidade, mesmo que tais princípios se originem na vontade burguesa de tomar o poder para si em detrimento do proletariado. O Estado está aí para que todos os cidadãos sejam tratados igualmente ou com o mínimo de diferenças, pela nossa constituição. A burguesia brasileira tem que aprender que o pão agora deve alimentar mais bocas. As bolsas do governo são instrumentos de minimização das diferenças sociais. O discurso de que são assistencialistas vem da burguesia, enciumada com a redução de seus benefícios e privilégios… Quem se dedicou a estudar o mínimo que fosse da história do Brasil, lá no ensino médio mesmo, vejam não sou nenhum doutor em História, vê no discurso anti-Jango um proselitismo, uma vontade arraigada de manter o estado das coisas no Brasil daquele momento. Jango era um reformista e hoje, como antes, o discurso reformista ressurge, mas agora vem como instrumento de credibilidade e de legitimação de um desejo de mudança que o povo certamente sente, mas de uma mudança que não será atingida nessa e em nenhuma eleição isoladamente. A mudança que o povo deseja é um upgrade, uma reforma que faça do Brasil não só um protagonista internacional, mas um país melhor para todos…

  12. Eu entendi Antônio Oliveira. Mas as bolsas sempre serão práticas de cabresto com maior ou menor grau de exploração. Por isso escrevi que a mudança está no eleitor, que deve aprender a ver além do ganho particular.

    Ps. Uma medida interessante seria acabar com o voto obrigatório.

  13. “As bolsas do governo são instrumentos de minimização das diferenças sociais. O discurso de que são assistencialistas vem da burguesia, enciumada com a redução de seus benefícios e privilégios”.

    Lopes Junior,

    Eu não faço parte da burguesia. Longe disso, faço parte do grupo que ascendeu economicamente e academicamente no governo Lula.

    Todavia, não posso deixar de ver que as bolsas são apenas assistencialistas (é melhor do que nada, óbvio). Falta ao governo investir maciçamente na educação básica. Faze-la ter qualidade. Se isso ocorrer a verdadeira transformação virá.

    Em síntese, as bolsas melhoram temporariamente a vids das pessoas. No entanto, não revolucionam a vida delas.

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