Homenagem a um herói bicolor

Por Gerson Nogueira

Quis o destino que um verdadeiro bicolor terminasse como herói da conquista do acesso. Mais que Lecheva, comandante imperturbável na reta final da campanha, e mais até do que Pikachu, melhor jogador do time na temporada e autor do importantíssimo primeiro gol na batalha de sábado em Macaé. Que outros me perdoem, mas Vânderson é o símbolo desta improvável e até surpreendente arrancada do Paissandu de volta à Série B.

Quando marcou o segundo gol do Papão, em momento crucial da tarde, o discreto Vânderson botou água na fervura do oponente, que tinha 3 a 1 no placar e parecia disposto a empreender uma blitz final pelo quarto gol que lhe interessava.

Pois, de repente, como se estivesse escrito há milênios, nasceu o decisivo gol de Vânderson. Veio na hora certa e definitiva, desfazendo qualquer possibilidade de reversão. O gol que reanima forças e põe por terra qualquer entusiasmo do inimigo.

De temperamento reservado ao longo de toda a carreira, Vânderson mostra-se mais loquaz e consciente de sua liderança sobre os mais jovens. Exerceu na campanha o papel de moderador, ajudando Lecheva a conter os ânimos e a apagar pequenos focos de incêndio – gerados, principalmente, pelo crônico atraso de salários.

Ao contrário de outras ocasiões, como em 2010 e 2011, as insatisfações do elenco desta vez não se transformaram em mau rendimento em campo. Os jogadores assumiram o compromisso de classificar o time, independentemente dos problemas. O próprio Vânderson disse isso em entrevista ao Bola na Torre, há uma semana. Palavra dada, missão cumprida.

A meta de retornar à Série B foi alcançado no jogo de sábado, mas a conquista da vaga aconteceu no primeiro confronto, em Paragominas. A vitória por 2 a 0 deu tranquilidade ao Paissandu para chegar em Macaé administrando as ações. Vânderson, que havia sido impecável na vitória de 2 a 0, voltou a esbanjar eficiência e competência na volta. Liderou a marcação e ainda teve forças para ir ao ataque e marcar gol.

Foi a partir do meio-de-campo que o Paissandu encontrou forças para superar a vantagem inicial do Macaé, que achou um gol depois de ficar acuado por 20 minutos, tempo que durou o começo arrasador dos bicolores no confronto. Nesse período, foram criadas três grandes chances, mas o ataque não aproveitou.

Quando o Macaé estabeleceu 2 a 0 no marcador, o Paissandu teve a serenidade para continuar fazendo o seu jogo, baseado no toque de bola e tentativas pelo lado esquerdo do ataque. Por ali, em lance iniciado por Rodrigo Fernandes e complementado por Lineker, a bola acabou chegando a Pikachu para descontar.

Nem a falha terrível do goleiro João Ricardo desestabilizou o time, que encontrou ânimo para continuar tentando. E, depois de ágil manobra de Tiago Potiguar, o passe foi a Vânderson na linha da grande área. O chute forte e rasteiro redimiu tudo o que de errado aconteceu na campanha e premiou os preciosos pontos positivos. Parabéns a todos os envolvidos.

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O principal responsável

Ao cabo de seis anos de insucessos, o Paissandu volta ao nível mínimo aceitável para um clube de sua tradição e história. É inadmissível, estranho até, que tenha permanecido tanto tempo longe da Série B. Mas, quem acompanha a vida do clube sabe que os desmandos de gestão, os erros repetidos quanto a contratações e política salarial respondem por 90% dos motivos de tão longa espera.

É importante agora que a façanha do acesso não se perca na euforia vazia e nos discursos pretensiosos da cartolagem. Todo mundo sabe, inclusive a massa que acompanha o Círio,          que o acesso veio por força das circunstâncias e pelo decisivo papel desempenhado por Lecheva.

Desde o primeiro semestre, Lecheva já era o melhor técnico disponível, mas ninguém quis ver. Essa qualidade ficou evidente principalmente ao longo da Copa do Brasil, mas a pressão da torcida e da imprensa também levaram os dirigentes a buscarem nomes de fora. Veio, então, Roberval Davino e montou o elenco para a Série C. Saiu depois de alguns poucos acertos (resolveu o problema do miolo de zaga), muita inconstância e resultados aquém do esperado.

Lecheva ficou interinamente, ganhou um jogo (contra o Cuiabá) e saiu de cena para que Givanildo Oliveira assumisse o barco. Depois de sete jogos sem vencer, Giva caiu. Lecheva retomou as rédeas e o time, como que por milagre, voltou a vencer. O resto da história já é bem conhecido.

Que todos jamais esqueçam de reverenciar o principal responsável pelo tão sonhado acesso. Não se enganem, não há outro. O nome dele é Lecheva.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 12)

25 comentários em “Homenagem a um herói bicolor

  1. Sempre fui um dos que criticou o Lecheva pela teimosia em relação ao Harison, mas também sempre concordei que o mesmo era a melhor opção para dirigir o time. Graça aos Deuses do futebol, o comandante bicolor enxergou, e consertou a tempo, o erro em persistir com um atleta que destoava dos demais titulares. Fui também um dos que sempre viu no Lineker, o jogador capaz de comandar o meio de campo bicolor, e suas atuações estão ai para não me desmentir. Espero que, passadas as comemorações pela subida, os nossos dirigentes comecem a planejar, de forma organizada, o futuro do Clube. Temos que tirar uma base desse time que subiu e, de forma criteriosa, trazer as peças certas para formar um time competitivo para a série B 2013, que promete ser muito difícil. Parabéns ao Lecheva e aos seu comandados, e Viva o Paysandu ! O maior e mais importante clube, do Norte do Brasil.

  2. Frase do dia: ” O Paysandu esse ano, teve uma atitude diferente dos outros anos. Trouxe, primeiramente bons técnicos. Contratou o Davino que trouxe bons jogadores e depois Giva, que completou o elenco, por isso, Lecheva, com sua habilidade, só fez levar o barco e com muita competência. Os jogadores, sabendo de sua inexperiência como técnico, jogaram por ele” – De Agripino Furtado – Um dos setoristas do Paysandu.

    Na mosca, diria o Gerson.. (É o que sempre falei, aqui)

  3. Contraditório se são bons técnicos e não fizeram o que mais fácil parecia depois de montar o elenco. Surge Lecheva e num toque de mágica mostra como. A palavra COMPETÊNCIA foi o vento que o barco pesqueiro bicolor esperava para seguir em frente.

  4. Sintomático que os principais nomes do Paysandu na campanha tenham sido o Pikachu e o Lecheva. Meio que involuntariamente, contrariando o pensamento geral da cartolagem paraense, as apostas da casa foram a que melhor entregaram o retorno desejado. Não credito nenhum pouco o acesso ao LOP, e espero que para o bem do Paysandu, tenham alguém com uma cabeça mais arejada para trabalhar como dirigente.

  5. Realmente o Vânderson foi o herói juntamente com o
    Pikachu o muleke é “CASCA GROSSA”, “ÍDOLO” ‘LEGEND”, para quem jogou bola que seja um pouquinho de pelada, e olhando friamente o lance do gol o garoto teve a frieza de olhar e fazer um gol cirúrgico tinham além do goleiro uns trezentos à sua frente, teve até um zaqueiro que se esticou todo, mais ele meteu a bola rente à trave na minha humilde opinião um gol que só os caras inteligentes sabem fazer.

  6. Xará Fonseca, perfeita a leitura do gol do Yago, o moleque entende!

    Agora que desculpem Agripino e Claudio Columbia, o Lecheva foi quem organizou tudo, o time era um amontoado não era só falta de vontade tinha jogador errado na posição errada, todo jogo era um time novo, p PSC só tomou corpo de time quando O Lecheva assumiu, o cara surpreendeu quando foi pra cima dos caras sábado, se o time se acovarda era capaz de tomar um sarrafo.

    Em tempo, todos já sabemos que a fórmula é base com prata da casa e mescla com alguns bons trazidos de fora, foi sempre assim em todas as conquistas do meu querido Paysandu.

    E RUMO A SÉRIE A NO ANO DA COPA E DO CENTENÁRIO DO PAPÃO!

    RRamos

  7. Escutei o absurdo do Presidente falar na rádio que, quem assumir o comando bicolor vai achar um clube financeiramente fácil de comandar.
    Como assim ?? Esse senhor pensa que todo mundo é burro??
    te contar heim!!!

  8. Essas honrarias ao Lecheva só diram até o primeiro tropeço no Parazão, Cláudio. Já conhecemos essa história. Mas, como remista, torço para a confirmação do Lecheva no Parazão e na Série B. Só não vale contratar treinador e deixar o Lecheva articulando por trás…

  9. JAMAIS ACREDITEI QUE O LECHEVA PUDESSE SUBIR O PAYSANDU mas na sexta feira fiz um comentário dizendo que não queria que Lecheva como treinador local fosse mais um Sinomar dos 9×0, Valter Lima do Icasaço ou Charles Guerreiro do Salgueiraço na na história do Paysandu. Eu queria que Lecheva fosse o Lecheva um das mais novas promessas em termos de treinadores do futebol brasileiro da era moderna após esse chogo com Macaé. Afirmo que ainda falta muito para isso mas a certeza que fica é que LECHEVA tem tudo de bom para ser em médio prazo um dos grandes treinadores do Brasil a exemplo de Felipão que começou dirigindo o modesto Caxias, e Luxenburgo que começou como treinador no modesto bragantino. E ambos fizerem grande trabalho nesses clubes e hoje são mundialmente conhecido como grandes treinadores de futebol. Em relação ao começo desses treinadores, LECHEVA ja leva uma grande vantagem porque conseguiu tirar leite de pedra e subir um dos maiores e tradicionais clubes do Brasil que está a penas 2 ansos de comemorar o seu centenário e possuidor de uma das maiores torcidas do futebol brasileiro, onde sábado e domingo ficou definitivamente provado isso, com milhões de manifestatções em Belém, no Brasil e no mundo pois jogando no estádio do adversário a torcida bicolor foi maior que a do dono da casa, fato esse inedito numa decisão. Além disso LECHEVA conseguiu superar problemas que muitos treinadores consagrados no futebol brasileiro não conseguiram ou não conseguiriam o qual foi subir um clube que tem uma diretoria incompetente( isso não pode ser esquecido com a subida), com probelmas cronicos de salarios atrasados, onde jogadores mesmo na festa da subida não conseguem esconder o desanimo sobre isso, e alem disso o time é limitado. Foi em torno disso que também falei que não seria o melhor exemplo uma subida nessas condições. Mas disse também que a caso ocorresse deveria ser comemorada, mas desde já que se colocassem as barbas de molho para não voltarmos rapidamente para esse serie C, porque serie B hoje e igual a uma primeira divisão. Então é por tudo isso que tenho certeza que na minha opinião o LECHEVA pode ser um dos melhores treinadores do Brasil no futuro e para isso muita coisa depende dele como não se acomodar, pensar grande , personalidade, determinação, vontade de vencer como treinador de futebol e outras dependem de fatores externos como apoio estrutural e moral para ele poder trabalhar tranquilo. O resto o tempo se encarregará de tronar realidade. Eu não poderia esquecer de citar o meu sengundo heroi nessa subida o qual foi o PICACHU, garoto novo, bom de bola, oriundo da divisão de base mas que com apenas 20 anos ja mostrou seu cartão de visita, com muita personalidade, determinação, coragem, maturidade e pensamento grande na profissão, diferente de outros garotos que após começarem a começarem a se destacar, ficam pegando corda de empresários inescrupulosos e deixam subir a cabeça a promessa de fortuna onde se dão mal e acabam caindo no esquecimento e anonimato. PICACHU mostrou que tem personalidade dentro e fora de campo em qualquer competição que ja disputou pelo Papão E se continuar ASSIM tenho certeza também que um clube grande do Brasil será inevitável para ele EM POUCO TEMPO e em termos de seleção brasileira não se espantem se PICACHU FOR convocado para a sub 20 mesmo que seja por outro clube, pois futebol o garoto tem muito para isso. Quanto ao velho Wanderson outro responsável por essa glória, digo que para mim foi o terceiro heroi da subida E não foi primeiro porque apesar do gol decisivo, ele ja estava mesmo devendo uma grande apresentação com a camisa bicolor desde que retornou,

    PARABENS NAÇÃO BICOLOR PELA FESTA INVEJÁVEL

  10. Lecheva tem que ser mantido para a série-B, assim como a base do atual elenco. Mas infelizmente, tudo indica que o estúpido e PICARETA do LOP já vendeu o Pikachú ! É, o picareta do LOP não vai querer sair de mãos abanando, mas sim com $$$.

    1. Concordo, amigo Cláudio. O cabra já mostrou que não aceita pitacos de incompetentes. Talvez por isso tenha conseguido levar o Sampaio ao título invicto da Série D.

  11. Como Remista não estou empolgado com essa contratação, o trabalho nesse momento é administrativo, fazer a limpeza necessária, definir a nova diretoria, definir os gerentes de futebol, definindo custos e critério de contratações.

    O Remo já está no fundo e não consegue arrumar a casa, é impressionante.

  12. Flavio Araujo deve estar de olho é no Papão, concordam? E o Lecheva, que apesar de ter trabalhado bem, não deve durar muito, já tem um eventual substituto na cidade.

  13. Detalhe dos classificados para série B, são da terceira e quarta posições de ambos os grupos respectivamente.

    Nesse regulamento de mata mata, vale o texto: os últimos serão os primeiros.

  14. Andei levantando algumas informações da passagem dele aqui no Fortaleza.
    Tem que deixar ele montar o elenco. Ele tinha entregado 02 listas de jogadores para o Fortaleza, uma de primeira e a segunda mais modesta. Os dirigentes só entregavam os jogadores da lista 02, ocasionado fracasso.

    Agora o mesmo tem reputação de indicar jogador bom e barato.

  15. Se o Remo quiser sair desse buraco que enfiaram ele, só com um tecnico local, que ame o time.

    Fora isso essa novela se repetirá de novo.

    Esse Flávio deve ser um frustrado na vida. Sai de uma conquista épica no Sampaio, e em vez de desfrutar, aceita o mesmo desafio por um clube que nem vaga tem garantida, te dizer!

    Terra de cego quem tem olho é rei!

    Pobre rival, nunca vai se sarar dessa maneira. É mais um ano de angustia e sofrimento.

    O remo é um time grande e de massa, mas agora tem que se despir dessa vaidade e encarar essa realidade dolorida.

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