Jovens, velozes e furiosos

Por Gerson Nogueira

Não havia favoritismo entre os times, apenas uma diferença na pontuação. Esse esclarecimento foi dado ontem à tarde, no Mangueirão, com todas as tintas aos que tinham alguma dúvida ou ilusão. A história do clássico, rica em exemplos de superação, ganhou mais um capítulo dedicado ao entusiasmo e à determinação em busca da vitória.
Os garotos do Paissandu, cuja presença no time principal constitui a ponta de lança de um interessante projeto de reorganização administrativa, se encarregaram de ratificar a velha máxima de que não existem vencedores de véspera. Na verdade, o futebol é um jogo simples, embora tantos se esforcem para complicá-lo.
Pikachu, Tiago, Neto, Jairinho, Bartola e Héliton, todos muito jovens ainda, tiveram postura admirável no clássico. Escoltados por jogadores mais experientes, como Vânderson e Douglas, ajudaram Robinho a liderar a equipe, compensando a já conhecida ausência de desenho tático e certa tendência (até natural) à precipitação nas jogadas.
O Remo entrou como quem está com o boi na sombra, como se pudesse alcançar a vitória quando bem entendesse. A molecada do Paissandu, inicialmente nervosa, foi se aprumando e achando espaços.
A cada nova pontada de Pikachu, Robinho ou Bartola, o time ganhava musculatura e confiança. Futebol se constrói a partir da força mental.  Quando um grupo acredita em seu próprio poder dificilmente perde, ainda mais quando toma a iniciativa de dominar a luta.
Logo nos 20 primeiros minutos, o Paissandu arrancou cinco escanteios e criou três boas jogadas de área, dando muito trabalho ao goleiro Jamilton. O meio-de-campo do Paissandu, atuando com cinco homens, fechava a passagem dos azulinos, que ficavam tocando a bola de lado e deixando o tempo correr.
Não havia do lado remista a urgência que sobrava no Paissandu. Betinho e Joãozinho tiveram oportunidades fortuitas, mas eram os bicolores que demonstravam disposição vencedora. Quando o primeiro tempo acabou, a balança pendia claramente para o lado alviceleste, embora o placar permanecesse em branco.
Festiva antes e no começo da partida, a torcida remista, com maior presença no estádio (mais de 16 mil pagantes), aos poucos foi esmorecendo diante da quase apatia do time, que levava um mês para atravessar o campo e insistia em lances dispersivos na intermediária.


Para o segundo tempo, o Paissandu trouxe Héliton substituindo a Cariri, que cansou, apesar da boa estréia. Sinomar Naves botou Magnum no lugar de Aldivan. As coisas pareciam bem esboçadas: o Remo iria tentar se organizar para se impor diante da marcação e da correria do adversário. Nem houve tempo, porém, para a alteração frutificar. Com menos de 1 minuto, Héliton avançou pela direita, aplicou um chagão (é assim que chamamos esse tipo de finta lá em Baião) em Diego Barros e tocou para Leandrinho finalizar.
O gol incendiou o Paissandu e baratinou ainda mais o Remo, que teve que correr em busca do empate tendo que abrir espaços para o velocíssimo contragolpe inimigo, centrado em Bartola e Héliton. Por três vezes, ambos quase ampliaram.
Curiosamente, o Remo ficava com a bola por mais tempo, embora sem saber o que fazer com ela. Desarrumado, tentava ir à linha de fundo com Betinho e Alex, mas sempre esbarrava no último toque, tanto que só disparou três chutes a gol durante toda a etapa final, incluindo uma bola de escanteio que resvalou na trave de Paulo Rafael.
O Remo tinha a posse de bola, mas não sabia o que fazer com ela. No finalzinho, Héliton entrou livre para fazer o seu. E o terceiro, que seria um golaço, só não aconteceu por puro capricho da sorte.
Grande e categórica vitória de um Paissandu a caminho da afirmação, mas que ainda carece de melhor definição tática.
Ao Remo, a derrota não é um desastre, mas escancara as limitações individuais, a bagunça tática e as hesitações de seu técnico. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)   
 
 
Os melhores da tarde: Héliton, Robinho, Pikachu e Jamilton.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 30) 

30 comentários em “Jovens, velozes e furiosos

  1. Gerson, confesso que a vitória bicolor foi uma grata surpresa. Não por achar o Remo superior ao Paysandu, mas por ser um time supostamente mais maduro. A minha ideia era que os meninos bicolores fosse “tremer” na base (sem trocadilho). Imaginei que faltaria personalidade a um time recém saído das fraldas. Pensei que um Mangueirão lotado os assustasse. Mas admito minha falta de confiança no Papão. O último jogo do Paysandu jogar com vontade e, principalmente, competência técnica foi aquele REPA que vencemos de 4 x 2, com Moisés. Quero também aqui registrar minha opinião sobre esse zagueiro remista Diego Barros. Desculpem os torcedores azulinos, mas não entendo porque o colocam como ídolo. Um antiprofissional que bate o jogo todo, quase quebra a perna do adversário, não joga nada, sem talento, pesado e muito, muito desrespeitoso com o adversário e a torcida bicolor.

  2. Diego Barros é ídolo da nação azulina não somente pelo seu futebol mas principalmente pelo seu caráter!!! É difícil para a torcida adversária entender isso (caráter), pois enquanto o Diego Barros ajudava menores desamparados o grande ídolo de vcs, eleito por vcs roubava o povo na assembléia legislativa! Quanto a você Dennis e a você Sérgio Melo, respeitem a nação azulina e o Clube do Remo, parem de ser recalcados, pois o maior ídolo do paysandú em atividade(???), Zé Augusto, nunca foi nem ao menos bom jogador, foi um jogador de futebol regular para baixo, mas que sempre demonstrou garra e por isso é ídolo na curuzú! É difícil entender ou terei que desenhar?

  3. Ontem, o pessoal do Bola na Torre botou panos quentes nas atitudes violentas do zagueiro Diego Barros contra o Bartola e a outros jogadores do Papão. Por que será? Será que é porque o dito cujo é um dos queridinhos da imprensa?

    1. Digo, de minha parte desconheço qualquer preferência ou “carinho especial” por qualquer jogador, de qualquer dos times do nosso campeonato. Tenho amizades pontuais, extracampo, com várias pessoas do mundo do futebol, mas pautadas pelo respeito e a independência que minha função exige.

  4. Diego Barros: ídolo? Eu, hein! Caráter? Futebol? Quanta ingenuidade! Bem, eu jamais desrespeitei pessoa alguma. Quem faz isso é justamente esse jogadorzinho que só faz marketing pra torcida babar ovo. Foi esse tipo de pensamento que colocou o Remo aonde está. Em vez do torcedor abrir os olhos pro caminho que o seu time está trilhando – totalmente errado, contratando jogadores velhos – ficam ofendendo os adversários. Agora, esse tipo de comentário ofensivo/jocoso que você (Rogério) faz “É difícil entender ou terei que desenhar?” e “Quanto a você Dennis e a você Sérgio Melo…” é que me desmotiva a participar de blogs. Uma pessoa que não sabe dialogar civilizadamente.

  5. Discordo em um ponto da coluna. Chagão não é só em Baião. Desde que eu era moleque era assim na Praça da Trindade, no NPI, no Bancrévea, na Baia do Sol em Mosqueiro e em todos os lugares onde eu joguei bola. Esse negócio de drible da vaca…nada a ver. O Diego Barros bocudo é que só conheceu agora kkkkk.
    PS- ainda jogo bola, e bem, 2x/semana hehehe…aos 43.

  6. No Liberal de ontem uma das machetes era: O Trio de Ouro Azulino. Não me contive e lí a matéria, lá eram colocados como trio de ouro, Jamilton, Diego Rosas e Magnum. Te contar!,

  7. Ei, Gerson, “chagão” existe em Vigia também! Essa estória de “drible da vaca” tá parecendo trocar “papagaio” por “pipa”, tu não achas?

  8. Chagão é uma palavra , um termo usado em quase todo Norte.No Amazonas tbm, e atéem Rondônia , em P.Velho na capital há muitos paraense e amazonense que passam de geração p/ geração os termos nortistas como ripas ( balaustra),crivo ( peneira), bêbado (porre) no ACRE CHAMAM assim tbm , de chagão , o drible da vaca.A coluna do amigo e nobre baionense quase perfeIta e certeira como flexa que acerta o alvo.Quanto ao projeto de reorganização adminsitrativa seria muito bom se fosse levado ao pé da letra em todos os aspectos.Mas sem o Nad no time principal.

  9. Helinton, remista cedido de graça ao papinha pelos incompetentes dirigentes azulinos, fez a diferença no clássico. Mais uma lição de como somos dirigidos por bestas que se acham grande coisa. Helinton poderia estar compondo o ataque do Remo se não fosse o dinheiro que os contratos com os importados rendem para cafagestes na diretoria azulina. O papinha mereceu vencer.

  10. COMENDO PELAS BEIRADAS : É assim mesmo, caro Gerson, que o Águia, caladinho, é líder e com todas as chances favoraveis para a classificação (2 jogos em casa). Que briguem os demais para decidir o primeiro turno com o Águia. Em 30.01.12, Marabá-PA,

  11. kkk…Caros amigos, mudando de assunto, mas não sei se repararam a cara do gandula na primeira foto é hilário a decepção dele…. pra que time ele deve torcer hein…?

    1. Amigo Edmundo, posso dizer que também apliquei vários chagões em beques desavisados no campinho do sítio S. Francisco, lá em Baião. Pena que não tenha vídeos dessas fintas diferenciadas.

  12. sobre este zagueiro diego barros e apenas uma nuvem passageira q nem outro que não tinha respeito nenhum com a torcida do paysandu hoje em dia e um goleiro falido que o hoje e banco no remo e pelo destaque do goleiro titular do remo e um bom goleiro ele deve amargar em mais um clube o banco quantos clubes foram mesmo adriano????????

    1. Obrigado, amigo Cláudio. Usei essa expressão à noite no Bola na Torre e decidi usá-la para resumir o espírito empolgante e destemido desse jovem Paissandu no clássico.

  13. Alguém sabe me dizer em quantos times esse perna de pau chamado Diego Barros jogou nos oito meses que o rEMO ficou de férias ?

  14. ÉGUA DA CHORADEIRA !kkkk Imagine se o Papão tivesse com planejamento e time bons, respectivamente,o desespero alheio,seria maior.kkkk

  15. mas essa do Gerson andar dando chagões por aí…

    sem vídeos, testemunhas, anotação em ata nem registro em cartório.

    sei não hein

    rsrsrsrsrsrsrsrsrssrsrsr

  16. o vizinho mereceu vencer! so acho estranho q se o remo tivesse vencido enterraria de vez as pretençoes do vizinho no primeiro turno! assim como ja aconteceu antes nos ultimos anos, ha um certo ar de misterio e proteçao mutua q gira em torno de renda!

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  18. Prof. Flávio Soeiro

    A única coisa que eu acho estranha é uma pessoa como o senhor
    (que não deve ser juvenil, dado o título que ostenta) pensar que há (ou possa haver) conchavos num RexPa.

  19. Sabe o que o D.barros falou pro J Sosa??? Vc viu o welington por ai? ( vuuupptttt ) não ( vuppppttt ).hahahahahahahaha…………

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