Por Mauro Cezar Pereira (ESPN)
Na manhã de quarta-feira, li na coluna do Tostão o desabafo do craque, da bola e dos comentários, contra as exageradas marcações de faltas que caracterizam o futebol brasileiro. Há tempos reclamo disso e quem nos acompanha sabe disso. E é ótimo estar tão bem acompanhado nesta batalha contra o apito generoso com os atores que interpretam quedas mil nos gramados.
Mas a satisfação de ler Tostão bem cedo também combatendo as arbitragens à brasileira foi por água abaixo à noite. No Serra Dourada, na disputa de bola dentro da área, no corpo a corpo com Leandro Euzébio, do Goiás, Adriano se atira, salta, e ganha um pênalti para o Flamengo. Ele voltou há pouco ao futebol daqui, mas logo percebeu qual é a manha. No apito, Heber Roberto Lopes.
Morumbi: Hugo adianta a bola, vê Castillo, que recolhe as pernas, mas como ela vai se perdendo pela linha de fundo… o são-paulino resolve tropeçar no goleiro do Botafogo. Elmo Alves Resende Cunha aponta a marca penal. Nos Aflitos, William e Gilmar disputavam o lance e ante a perna do zagueiro corintiano, o artilheiro do Náutico opta pela queda, um pulinho, brindado com pênalti por Arilson Bispo da Anunciação, que estava a pelo menos 40 metros do lance.
Observe que Adriano se agarra no zagueiro e vai se jogando para trás. Pura malícia. Aloísio, agora no Vasco, faz isso como poucos. Note que Hugo percebe a bola fugindo do seu controle, o goleiro recolhe as pernas e ele deixa as dele para cair. É nítido também. Como perceptível é a astúcia de Gilmar, com um saltinho “esperto” diante da perna de William. Quanta malandragem!
Não vou discutir outros erros cometidos pelos apitadores nesses jogos, e eles aconteceram. Sei que esse post será inundado por internautas discordando do que penso sobre uma, duas ou as três jogadas. Normal, no Brasil já se tornou comum achar que isso tudo aí é pênalti mesmo. E a imprensa tem colaboração enorme, especialmente quem só analisa futebol em câmera lenta.
É o apito verde-amarelo, tão generoso com atacantes espertos. Fico imaginando como devem ser as conversas entre esses jogadores que cavam as penalidades e seus colegas, longe dos repórteres, das lentes e dos microfones. Certamente morrem de rir de tanta gente, na arbitragem, na torcida e na imprensa, que acredita nas suas artimanhas. De nós.
O pior de tudo é que isso é a cara do Brasil.
Menos mal que não seja a cara do ORIENTE MÉDIO.
…rsrsrs…
É verdade que o nível da arbitragem brasileira tem sido ruim, mas é preciso prudência na crítica, afinal, o papel do atacante ao maquiar um “pênalty” é tão antigo quanto normal em qualquer jogo. “Maquiar” não significa “cavar” e, com encenações ou não, na maioria as penalidades marcadas têm sido corretas. Erro maior é deixar de marcar. Pode se pecar pelo excesso, nunca pela falta. No mesmo jogo citado de Flamengo, o gol do Goiás foi produto de uma falta clara do atacante no defensor do Flamengo a olho nu do árbitro que nem piscou ao não assinalar a falta. No Botafogo e São Paulo de ontem, que eu assisti (o do Flamengo somente vi os melhores momentos da tv aberta), foi evidente a penalidade do Castilho, obviamente agravada pela “maladragem” do Hugo, mas não dá para desconhecer o penal. O tal “lubridio” que às vezes condenamos em exagero, faz parte da ousadia e da criatividade do jogador. Cabe ao bom juiz (e aí, Gérson, você tem razão sobre o nível de nossa arbitragem), não cair no artifício. Não sei como é a situação da arbitragem na Europa quanto à profissionalização, mas que no Brasil necessita de uma regulamentação e formação profissional específica, já passou da hora. Hoje mesmo, pela manhã, conversei com o ex-árbitro e colega de trabalho do Rego Barros, Pedro Gilmar. Ele e o Elenílson Alcântara (também companheiro de magistério no Rego Barros), são professores de Educação Física e, lógicos, dotados de conhecimentos práticos e teóricos sobre regulamentos esportivos. Não basta somente ter nível superior qualquer (obrigatoriedade hoje exigida para fazer parte da escola de árbitros), mas ter formação na ciência do esporte. Para isso esses profissionais se formam. Estudam regulamentos, táticas e estratégias de esportes coletivos. É só comparar os erros de arbitragem no Vôlei e no Basquete com os do futebol e perceber a necessidade de ter árbitros especializados. Diga-se de passagem, com ajuda tecnológica também. Só o futebol não evolui.
Grande Cássio….mediar uma partida naum eh facil realmente, ainda mais qndo temos pela frente jogadores com certa malicia em ”cavar” penaltis e jogar a torcida, imprensa, dirigentes e torcedores contra o pobre do arbitro…Sds Edmundo Neves,
Na casa dos políticos, Câmara e senado, é pior. Eles determinam quando é falta, a favor é claro. A lei do Gerson, nada haver com o dono do blog, é aplicada a cada lance, aquele jeitinho brasileiro que todos nós conhecemos, e qual de nós tem coragem de pelo menos mostrar um cartão amarelo, apesar de muito ouvirmos falar sermos, como eleitores, uma força que até HE MEN desconhece. Isso é Brasil.
O pior é que o pobre do Gérson, o outro (craque em campo, mas ruim no vernáculo), paga até hoje por uma lei que nunca criou, certo!
É verdade, Cássio. Pegaram meu xará pra pato nessa história e virou figurinha fácil no discurso de gente que nem tem tanto direito a falar dessas coisas.
A citação da lei do Gerson, mais seca que a eleitoral, foi só para dar ênfase a questão, nada mais que isso.