O poliglota Joel

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Por Eduardo Arruda/Paulo Cobos – da Folha de S. Paulo

As piadas de brasileiros na internet sobre o seu inglês irritaram Joel Santana. Tanto ou até mais que as críticas que o treinador vem recebendo por seu desempenho à frente da seleção da África do Sul, que, na quinta, às 15h30, enfrenta o Brasil por uma vaga na final da Copa das Confederações. Ontem, Joel evitou entrevistas formais. Mas, no caminho entre o campo que sua equipe treinou e o ônibus, respondeu à reportagem sobre ter virado um hit na internet – até uma música no estilo funk foi criada a partir de suas frases em inglês ditas em entrevistas após os jogos.

“Brasileiro gosta disso, de tirar sarro. Tem cara fazendo um monte de besteira, mas usa gravatinha e tem uma pastinha na mão, como brasileiro gosta”, disse o treinador, dando a entender que é vítima de preconceito por seu tradicional estilo. Durante os jogos, ele sempre usa o agasalho da África do Sul e não abre mão da prancheta tática que virou sua marca.

Questionado se está fazendo aulas de inglês, Joel preferiu falar sobre o seu trabalho. “Eu aprendo [o idioma] no dia-a-dia. Meu negócio é produtividade, e isso estou fazendo”, falou o treinador, que está em um dos cargos mais instáveis do futebol mundial – ele é o nono técnico da África do Sul apenas nesta década. Para os padrões da seleção, a pressão sobre o técnico é até suave. Ontem, no primeiro treino para a semifinal, eram poucos os jornalistas sul-africanos.

Nos jornais locais, o futebol divide atenções com jogos da seleção sul-africana de rúgbi, o esporte favorito dos brancos. Mas Joel já foi alvo de críticas pesadas. Um jornal classificou seus métodos como típicos de um “Fred Flintstone”, o personagem de desenho animado que vivia na “idade da pedra”. Os sul-africanos também se queixam de seu salário, de cerca de US$ 200 mil, considerado alto para os padrões locais.

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