Do Blog Idéias Publicáveis, de Alethéia Vieira:
Esses dois pedaços de papel que as duas jovens da foto seguraram no ano de 2006, quando se formaram, foram conquistados. Joelma e eu fizemos o Trabalho de Conclusão de Curso juntas. Hoje, ela é assessora de comunicação da Mineração Rio do Norte em sua terra natal, Porto Trombetas, no oeste do Pará. Hoje, eu sou assessora de imprensa do senador José Nery e moro em Brasília.
Joelma saiu de Trombetas aos 18 anos para morar sozinha em Belém quando passou no vestibular da Universidade Federal do Pará. Não foi fácil. Mas ela conseguiu segurar todas as ondas e venceu. Ganhou projeção na empresa que estagiava, foi contratada e caminhou com garra até conquistar a vaga na MRN. Voltou para a terrinha vitoriosa e ao lado do homem da sua vida – coisa que também é difícil achar – mas até isso ela conseguiu!
Já eu, precisei renunciar a várias coisas por causa da Universidade. Um ano depois comecei a estagiar, aí começou o sufoco. Estudava de madrugada, virava final de semana para entregar trabalho no prazo. Muitas vezes deixei de sair com os amigos, ir ao cinema, coisas que uma jovem com seus 20 e poucos anos costuma fazer. Tudo para conseguir esse pedaço de papel. Era o meu grande sonho.
Joelma e eu entregamos o TCC aos trancos e barrancos, pois já atuávamos como profissionais em 2006. Eram dois expedientes de trabalho duro e mais a noite para pensar, ler e conceber o trabalho. Outro desafio. Superamos e tiramos conceito excelente.
Lembro bem. Fomos pegar o diploma juntas na UFPA. Me recordo do cheio do papel novo. Quando toquei, li meu nome, passou um filme na minha cabeça. Lembrei dos meus pais, de tudo que eles fizeram para eu conseguir aquilo.
Essa foto foi tirada pelo meu colega Felipe Blanco, um grande jornalista que também lutou pelo seu diploma. Essas e outras histórias de jornalistas que se formaram profissionalmente foram manchadas hoje por uma decisão do Supremo Tribunal Federal. Finalizo com uma frase clichê. Apesar de tudo, ministros, o sonho não acabou.
Em tempo: conheço a repórter Aletheia, tive a honra de trabalhar junto no próprio DIÁRIO e endosso sua indignação com essa decisão do STF – aliás, o simples fato de o principal tribunal do país julgar a validade de um diploma já é o fim da picada. Agora, a comparação que o Gilmar Dantas-Mendes fez de jornalista com cozinheiro foi simplesmente patética, coisa de quem não sabe o que diz.
Não sabe o que diz, mas sabe muito bem o que faz…
Sem dúvida.
Bem por aqui no Japao nao existe faculdade especificamente para Jornalismo, assim como na America. evidente que os caras que sairam com o canudo superior tem preferencias nas contratacoes .
A proposito sou um ex aluno de jornalismo(coisa de uns 30a), fuji das salas e neste mai de 20 anos nas terras dos olhos de bicas(Japao) tive oportunidades de passar por algumas redacoes famosas de alguns jornais e revistas daqui, em que os caras em sua grande maoria , tantos os chefes como muitos dos companheiros nao tinham o diploma.
So sei uma coisa que tendo ou nao o diploma na parede o cara tem que ralar antes ,durante e depois do fechamento.
TCC! sera que ainda funciona o mercado de compra e venda dessa coisa??????
Harold,
De vez em quando a gente fica sabendo desse comércio de teses de conclusão de curso. Estamos no Brasil afinal…