Do Balaio do Kotscho:
Numa época em que boa parte do noticiário da velha e da nova mídia agora é produzida em entrevistas por telefone ou e-mail, com os repórteres saindo pouco de casa ou da redação, não deixa de ser alentador encontrar nas bancas uma revista como a Brasileiros, onde eu também trabalho, e que pode ser lida no site da publicação aqui mesmo no iG.
A edição de junho (www.revistabrasileiros.com.br), com o cineasta José Padilha na capa _ “Garapa _ Cinema contra a fome” _ já está nas bancas de São Paulo e, na próxima semana, vai ser distribuída nas principais cidades brasileiras.
Brasileiros não telefona nem manda recados para saber o que está acontecendo de novo neste nosso imenso país: vai lá. Desde o número zero, o objetivo de sua pequena equipe é mostrar personagens e cenários de um Brasil que não está na mídia.
Mês que vem, o sonho acalentado por toda uma geração de jornalistas brasileiros inspirados pela lendária revista Realidade, da Editora Abril, a melhor publicação impressa já criada no país, vai completar dois anos de vida.
É quase um milagre que uma revista mensal de reportagens, fora do main stream, sem a retaguarda de qualquer investidor capitalista, tocada apenas por jornalistas, sobreviva tanto tempo num mercado dominado por duas grandes empresas editoras e duas distribuidoras.
“Revista Brasileiros. Entenda profundamente.” Este é o tema da belíssima campanha criada pelo Sergio Valente, da DM9DDB, já exibida na televisão e nos cinemas, que resume bem o espírito da revista. De fato, Brasileiros vai fundo nos assuntos e não economiza no espaço quando tem uma boa história para contar.
Sou assinante da revista, que faz questão de subverter o cardápio-padrão nacional de revistas. Prioriza grandes reportagens e valoriza o texto. E tem ainda essa preocupação constante em ir onde o povo está, fazendo matérias in loco. Custa caro, dá trabalho, mas não há outra maneira de fazer bom jornalismo. Exatamente como o DIÁRIO faz há, pelo menos, cinco anos.