Recebo do amigo Christian Costa artigo escrito pelo estudante de Jornalismo Daniel Jordano Miranda (que é amazonense) sobre edição do jornal A Crítica, de Manaus, que retrata bem a onda de bairrismo que assola a região Norte em função, ainda, da disputa pela sub-sede da Copa de 2014.
Um dia depois do anúncio da Copa de 2014 em Manaus, toda a festa da população, sejam amazonenses ou não, foi ofuscada pela capa maldosa (e é um amazonense escrevendo) do caderno CRAQUE do jornal A Crítica. A capa, que dizia “chora, paraense” (GRIFO MEU), vinha com uma figura representando a estrela da bandeira do Pará e a lágrima representado a bandeira do Amazonas.
A capa foi de péssimo gosto, primeiro porque bandeira, por lei, deve ser respeitada (e não estou aqui lembrando do patriotismo da era dos militares), é símbolo do Estado ou nação. Num país onde tantos órgãos públicos colocam um farrapo no mastro, fazer uma caricatura como esta equivale ao mesmo desrespeito e irresponsabilidade dos gestores públicos que deixam as bandeiras apodrecerem.
O segundo ponto: apesar de TODAS AS RIXAS E RIVALIDADES, nada justifica o bairrismo exagerando mostrado na capa. Terceiro: há muitos paraenses vivendo no Amazonas e por certo são (ou eram) leitores do referido caderno do jornal. Portanto, caros leitores deste blog, fica aqui o meu repúdio à capa, uma vez que não acrescenta em nada para sociedade, apenas acentua um sentimento bairrista que pode inclusive incitar a violência, como vemos na Europa, com os hooligans.
A linha entre a rivalidade saudável e a irresponsável é muito tênue e deve ser bem conhecida por quem pensa uma capa de jornal. Quem trabalha na imprensa deve abordar de maneira equilibrada os fatos, principalmente quando mexem com sentimentos. Quem comenta futebol, por exemplo, deve manter o equilíbrio. Não é o torcedor que está ali, é o narrador ou repórter.
A mesma coisa deve ser seguida por quem escreve ou pensa as capas dos cadernos de jornais impressos. Não é minha intenção “dar aula” de jornalismo, longe de mim. Mas o que foi feito foge ao bom senso. Não é hora de separar, mas unir. Que as autoridades saiam agora do discurso (uns não mudam há 20 anos) e adotem políticas sociais e econômicas para que a Copa seja feita por amazonenses, paraenses, acreanos, roraimenses, cearenses e outros povos que sempre contribuíram para a economia do Estado.
Que a população se prepare para o maior evento esportivo do planeta e que políticas públicas, na área de educação, saúde, transporte, dentre outras, sejam feitas para evitar ou minimizar o lado B da Copa, o inchaço da cidade de Manaus e todas as suas mazelas que nós, amazonenses, conhecemos bem. Que esta frase não seja jargão de época eleitoral. Vamos todos ao trabalho.
*Daniel Jordano Miranda é estudante de Jornalismo.
A visão que nos passam dos amazonenses é de que todos lá são contrários a nós, paraenses.O mesmo deve acontecer com eles em relação a nós. Talvez por isso o jornal nem se lembrou de ética ou responsabilidade quando publicou a referida capa. No mais é o homem fomentando o ódio entre os homens, distúrbio social que existe desde que o mundo é mundo, mesmo que ninguém ganha nada com isso, a não ser prejuízos.