Por que Button será campeão

Dezesseis pontos não seriam nada se Button fosse um piloto comum. Mas ele não é.

Flavio Gomes

Dezesseis pontos, faltando 11 corridas para o final, não são muita coisa. Por isso, Rubens Barrichello ainda sorri e mantém o élan. Nesta semana, depois da vitória de Jenson Button em Mônaco, derreteu-se em elogios ao companheiro, a quem chamou de “menino” em simpáticas declarações no seu site oficial.

Está certíssimo. Se começou a criar um clima no time depois de ser batido em Barcelona, procurou consertar as coisas agora, reconhecendo que o momento pelo qual passa o inglês é especialíssimo.

E é por isso que descontar os tais 16 pontos será uma tarefa muito dura: o momento de Button. Ele está guiando o fino. Tem sido muito rápido em classificações – não por acaso, fez quatro poles no ano – e preciso nas corridas. Não erra. É inteligente, administra o desgaste dos pneus, faz sequências impressionantes de voltas voadoras, larga bem, cumpre estratégias à risca, observa a corrida com um olhar que vai muito além do asfalto vazio à sua frente.

Button está surpreendendo muita gente, talvez porque a memória do esporte seja curta, mesmo. Nas últimas duas temporadas, Jenson sucumbiu à ruindade da Honda e ao sucesso de Lewis Hamilton. Mas os mais observadores, como Ross Brawn, sabiam do que ele era capaz.

Quando estreou pela Williams, em 2000, Jenson tinha apenas 20 anos. Superou Bruno Junqueira num minivestibular de pré-temporada e no ano seguinte foi para a Benetton, onde caiu na gandaia. Deslumbrou-se com aquele novo mundo. Comprou carrões e um iate, embarcou na canoa das grandes gatas do jet-set europeu e se afundou.

Já na BAR, para onde foi em 2003, protagonizou um episódio rumoroso quando a Williams o quis de volta depois de um ano excepcional em 2004. Numa temporada em que a Ferrari ganhou 15 de 18 corridas, subiu ao pódio dez vezes e fez 85 pontos. Foi leal ao time. Ali, mostrou do que era capaz.

Agora, está mostrando de novo. Cresceu na adversidade e não vai deixar esse título escapar. Dezesseis pontos não seriam nada se Button fosse um piloto comum. Mas ele não é. Por isso, será campeão.

(Coluna Warm Up)

 

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