Um ato simbólico, mas de efeito calculado, será promovido hoje à tarde, Palácio dos Despachos: a entrega do estudo de pré-viabilidade do estádio olímpico Edgar Proença, o Mangueirão, acompanhado do relatório final da consultoria da candidatura de Belém à sub-sede da Copa do Mundo de 2014. A apresentação estará a cargo dos representantes do Grupo de Trabalho (GT) Copa-2014 e da Price Waterhouse Coopers (Price).
O estudo tem importância relativa na avaliação das candidaturas, mas constitui uma das exigências da Fifa. O prazo para entrega vai até o final de junho. Ao contrário de Belém, a maioria das cidades candidatas sequer começou a elaborar o documento. Com a entrega imediata, o governo estadual se antecipa na busca por investidores.
A mobilização sinaliza também a grande confiança que envolve hoje o GT da Copa e todas as autoridades que participam da mobilização pela Copa. No plano político, o governo tem dado passos significativos, desde que o presidente Lula revelou preferência por Belém. O presidente do Senado, José Sarney, também já manifestou voto favorável. E, há duas semanas, o presidente da Vale, Roger Agnelli, um dos potenciais patrocinadores do evento, também externou a mesma posição.
O estudo vai indicar as oportunidades de negócios e investimentos no Mangueirão (e entorno), além de apontar modelos de gestão, para o chamado pós-Mundial. O relatório detalha as intenções do governo quanto a obras, prevendo até a contrapartida em verbas públicas.
Foi por orientação dos consultores da Price que Belém se adiantou na apresentação do documento. Foi um passo inteligente e estratégico. As demais concorrentes preferiram aguardar o anúncio oficial das 12 sub-sedes pela Fifa, previsto para o próximo dia 30.
No Bola na Torre, domingo, foi exibida a animação do futuro projeto de adequação viária da cidade para receber a primeira fase da Copa, já apresentada aos fiscais da Fifa. A previsão é de que o deslocamento do centro de Belém até o Mangueirão não exceda 20 minutos.
Em algumas cidades da Alemanha, como Frankfurt e Munique, na Copa de 2006, o trajeto das áreas centrais até o estádio levava bem mais tempo. A diferença é que, dentro do complexo esportivo, o torcedor rapidamente acessava as dependências do estádio. Caso seja escolhida como sub-sede, Belém terá como primeiro desafio garantir igual conforto à torcida.
Abro espaço para a opinião do leitor Alex Bernardes, que não se empolga com o clima otimista quanto à decisão da Fifa. Em mensagem dirigida à coluna, critica a postura da imprensa e observa que Belém e Manaus se igualam tecnicamente nas vantagens e desvantagens. “No entanto, se a Fifa quer uma sede amazônica é arrogância nossa achar que essa bandeira nos cabe melhor”, pondera. Acrescenta que Manaus é sim, há muito tempo, sinônimo de Amazônia pelo mundo e no Brasil.
“Sempre estivemos atrás nesse quesito e isso nunca foi problematizado com a importância que deveria. Os manauras com competência exploraram essa sua virtude e nós não corremos contra o prejuízo”, observa.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 19/05)