No Amazonas, como aqui, o pau come

Do Portal Comunique-se:

Professor é agredido por irmãos

de vice-governador do Amazonas

Por causa de declarações dadas durante uma aula sobre a postura da imprensa diante de fatos envolvendo personalidades e políticos, o professor de jornalismo da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Gilson Monteiro foi agredido, ainda dentro da sala de aula, pelos empresários Amim e Mansur Aziz, irmãos do vice-governador do estado, Omar Aziz.

A agressão aconteceu na última segunda-feira (11/05), após Monteiro citar o caso da cobertura das denúncias de um suposto envolvimento de Omar Aziz em casos de pedofilia.

Nesse momento, uma aluna, sobrinha do vice-governador, saiu de sala e voltou, minutos depois, acompanhada do seu pai, Mansur, e do seu tio Amim.

“Ele (Amim) perguntou se eu era o professor da disciplina e foi logo me agredindo. Deu socos, pontapés e me derrubou, além de fazer gestos de que estava descarregando uma arma em cima de mim, enquanto eu me defendia. O outro (Mansur), me agredia verbalmente”, disse Monteiro a um repórter do Estadão.

Atitude exagerada
Em entrevista à imprensa local, Amim confirmou a agressão, mas se disse arrependido e considerou exagerada a sua atitude.

Ele explicou que agiu de “sangue quente” ao ver sua sobrinha chorando e dizendo que havia sido agredida pelo professor.

“Fui lá defender a minha família”, disse.

Vice-governador quer processar professor
O vice-governador, em entrevista coletiva nesta terça-feira, condenou a atitude dos irmãos, mas informou que irá pedir orientação aos seus advogados para estudar medidas judiciais contra o professor.

“Meu irmão é maior de idade e sabe o que faz. Agora, eu desafio as pessoas que falam essas coisas de mim, por maldade, a apresentar provas contra essa acusação. Vou tomar providências”, disse

2 comentários em “No Amazonas, como aqui, o pau come

  1. São fatos como esse que atestam que o tão mencionado “Estado Democrático de Direito” é uma falácia em termos práticos. Consta apenas nos autos e nos anais da Constituição. Lembro-me de um caso célebre aqui mesmo em Belém, onde um jornalista, pesquisador e profissional do mais alto gabarito, foi agredido em ambiente público por um dono de um veículo de comunicação local (aliás, por ele não, pelos seus capangas), por sentir-se ofendido em meio a declarações do agredido.
    Nós, Gerson, temos sempre que levantar a voz e encorajar vozes alheias contra atitudes dessa natureza. Digo nós por que sou professor e também, tal como os jornalistas e outros profissionais que exercem ofícios que são indissosiáveis do exercício de convicções, já fui vítima de recriminações por defender aquilo em que acredito e a minha dignidade profissional – o que inclusive teve como consequência a minha demissão de uma escola.
    Penso que, mesmo perante calúnias e difamações, ou até mesmo declarações baseadas na mais pura verdade, afirmações ou vereditos emitidos por alguém podem ser confrontados, por parte dos que se encontram atingidos pelos mesmos, nos termos da lei, judicialmente.
    O medo de se dizer o que se pensa, verdade ou injúria, é decorrente dessa ausência do tal “Estado Democrático de Direito”. E o que é pior: conferiu à nossa sociedade o status de “reino” da hipocrisia e da covardia.

Deixe uma resposta