Matéria do Bola, no último domingo, mostrou que Remo e Paissandu resolveram mirar no poder cada vez mais absoluto da Federação Paraense de Futebol. Tal disposição ainda depende de atos concretos e o passado recente recomenda prudência.
O programa Bola na Torre exibiu matéria do repórter Lino Machado (RBA) com o presidente da FPF, Antonio Carlos Nunes. Para espanto geral, o coronel queixa-se de falta de apoio financeiro do governo do Estado e diz que a entidade está “de pires na mão”.
Não é de hoje que o poder do coronel Nunes desperta ímpetos belicosos nos principais clubes. A falta de alternância de poder, perpetuando um feudo na entidade máxima do futebol local, gera queixas de todo lado. Ocorre que não aparece nenhum candidato disposto a testar a capacidade de sobrevivência política do veterano cartola.
Neste ano, intitulando-se “dona” do campeonato (o que é apenas força de expressão, pois não há campeonato sem a dupla Re-Pa), a FPF avocou a decisão de definir sobre questões omissas no regulamento do Parazão.
No vácuo do tal (des)regulamento, impôs jogos no interior nas decisões de turno, beneficiando o S. Raimundo, que pertence a uma região que rende muitos votos. Ao mesmo tempo, deixou o Remo ao deus-dará ao optar pela definição de vaga à Série D no campeonato que terminou ontem.
A FPF não levou em conta o fato de que se trata de um novo torneio e foi insensível à situação periclitante de seu mais antigo filiado (e uma de suas maiores fontes de renda), pois a situação era absolutamente inusitada: o Remo, eliminado da Série C, estava fora das divisões nacionais.
Era um caso especial, a merecer tratamento especial – e nem era necessário infringir nenhum preceito legal, já que a própria CBF referendava a escolha automática. Esse mau passo, que lesou o Remo (que depois, como se viu, não teve competência para obter a vaga em campo), acabou por incomodar o outro gigante local.
Fontes do Paissandu revelam que o clube não ficou indiferente à situação do rival, abandonado à própria sorte em momento particularmente ruim. Não declarou sua solidariedade, nem caberia, mas se sentiu desconfortável ao ver o que a FPF pode fazer com seus mais ilustres associados.
No fundo, fala mais alto o velho instinto de sobrevivência, característica intrínseca a todos os animais – racionais e irracionais. Os bicolores sabem que, em situação análoga, poderiam ter recebido o mesmo tratamento.
De mais a mais, nunca se sabe como será o dia de amanhã.
Ninguém sabe até onde vai esse sentimento de insatisfação, mas talvez só mesmo o puro instinto leve Leão e Papão a se unirem para derrotar um predador maior, agora ou mais lá na frente. É a lei natural das coisas.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 12/05)
Que tal os clubes organizarem uma liga de clubes e organizarem o campeonato? Não seria uma má idéia!