Acabei de ver Chelsea 1, Barcelona 1.
Um jogo de paciência, quase de xadrez, por inspiração e talento estratégico do holandês Guus Hiddink, técnico da equipe inglesa.
Por 90 minutos, o Chelsea – que achou um gol logo de cara – cozinhou o galo.
Não permitia que o trio de ouro do Barça (Messi, Henry e Eto’o) se movimentasse, trocasse passes e fizesse aquelas jogadas de infiltração que massacraram o Real Madri no último sábado.
Como no primeiro jogo, em Barcelona, Hiddink postou duas linhas de quatro para guarnecer a defesa e impedir avanços inconvenientes.
Deu certo. Até os minutos de acréscimo.
O Barça não acerta um chute a gol, atrapalhava-se no nervosismo de Daniel Alves e na irritação de Messi com a marcação firme dos ingleses.
Pepe Guardiola, talvez por simples nervosismo, aproxima-se de Hiddink na beira do gramado, olhando para o relógio e apontando. Abraça carinhosamente o colega mais velho, de quem foi jogador.
Um gesto bonito, raro no futebol quase selvagem de hoje, dominado pela competição cega.
De repente, quando tudo parecia irremediavelmente perdido, eis que o milagre cai do céu.
Cruzamento na área, daqueles que são disparados para arriscar qualquer coisa, a bola resvala em Ashley Cole, cai na frente de Eto’o, que toca para Messi. Este rola para a entrada da área, ao encontro de Andrés Iniesta, que chega batendo firme, de primeira.
A bola vai na forquilha, fora do alcance do imenso goleiro Peter Cech.
Delírio espanhol em Stamford Bridge, silêncio britânico nas arquibancadas. Pelo som direto, dá para ouvir os gritos de euforia dos jogadores do Barça.
O futebol saiu ganhando. Nós saímos ganhando.
Porque é mais bonito ver o Barcelona jogar, mesmo quando joga mal, do que o Chelsea, mesmo quando este joga maravilhosamente.
Gerson, o jogo de pegada forte que projetamos na semana passada acabou acontecendo em parte. Agora, o gol catalão veio num daqueles lances a lá Cleiton Xavier onde chegamos a imaginar que já estivesse escrito à acontecer. Mas esse é o futebol.
Apesar de um tanto quanto bruto e viril, gosto do estilo de jogo dos clubes ingleses (passe rápidos e com alta margem de acertos, times que ocupam bem os espaços do campo e que atacam e defendem em bloco, baseados num excelente domínio dos fundamentos do futebol). Contudo, o time inglês mais ofensivo e de jogo mais vistoso da Liga dos Campeões (na minha opnião, o Liverpool FC) foi eliminado. Seria um confronto interessante contra o Barcelona. O time do Chelsea joga como o Corinthians e o São Paulo (guardadas as devidas proporções): muito na força física e na cautela excessiva. Talvez pela falta de ousadia tenha saído da competição.
Gerson, o futebol é maravilhoso por isso. Enquanto Juca Kfouri escreve um texto dizendo o quanto foi injusto o placar, vc digita outro informando que o futebol venceu…e como diria Vicente Matheus, o jogo só termina qndo acaba.. É isso aí…abraço, Edmundo Neves
Edmundo,
Sem dúvida, o placar pode ter sido injusto pelo que produziu o Barcelona, um time que ataca sempre. Mas não se pode dizer o mesmo em relação ao Chelsea, que se defende como se fosse uma daquelas legiões romanas. Prefiro o ataque, sempre (mesmo quando ele brilha apenas como um lampejo).
Abs.
Gerson