
POR GERSON NOGUEIRA
O Remo está sem poder de ataque. Perdeu cinco atacantes nas últimas semanas. A saber: Cariús e Gabriel Lima foram liberados; Jefferson, Lucas Tocantins e Rafinha estão lesionados. Restaram Renan Gorne, Wallace e Dioguinho, este nem sempre disponível para jogar. Diante do Vila Nova, na quinta-feira, esta carência se escancarou em campo.
Sem homens de linha é impossível formar um ataque de verdade, já pregava seu Oswaldo da Paixão, icônico treinador do Baião Atlético Clube nos meus tempos de moleque. Há quem acredite que é possível fazer uma equipe tornar-se agressiva mesmo sem atacantes de ofício. Bobagem, só a Holanda conseguiu essa façanha em 1974, ninguém mais.
O Remo pouco agride seus visitantes. Pelo contrário, costuma deixá-los à vontade para se familiarizar com a casa e se instalar. O Vila jogou assim, sem ser incomodado. Levou o primeiro chute a gol apenas aos 30 do 2º tempo. Quem quer vencer não demora tanto para tentar chegar ao gol.
E não se diga que os poucos atacantes disponíveis no Baenão estejam negligenciando de suas obrigações. Pelo contrário. Gorne e Dioguinho se esforçaram bastante, correram muito, mas o futebol exige mais que transpiração. Cobra qualidade, organização e método. Itens que o Remo definitivamente perdeu desde o desmanche do time ao final da Série C.
Montado parcialmente por Paulo Bonamigo desde que chegou em setembro de 2020, aquele grupo possuía maior potencial ofensivo. O ataque contava com Tcharlles, Hélio Borges, Wallace (ainda em boa forma), Salatiel e Augusto. E contava com a presença forte de dois alas, Ricardo Luz e Marlon, que muitas vezes se transformavam em atacantes.
Nada restou daquele sistema, embora Bonamigo tenha continuado a acreditar, tanto que se manteve fiel ao 4-3-3. Hoje, nem que tenha vontade, Felipe Conceição pode jogar com três atacantes. Talvez só consiga se Vítor Andrade puder estrear contra o Brusque na quarta-feira.
Por tudo isso, é inócua a queixa da torcida com a pífia produção de gols do time. Não dá para fazer milagres, ainda mais numa competição dura, parelha e nivelada como a Série B. As escolhas de jogadores, algumas desastrosas, empurraram o Remo para a lanterna da competição.
Fora dos gramados, a gestão de Fábio Bentes é quase perfeita. Corrigiu erros acumulados, resgatou o estádio Baenão, botou as finanças em ordem, comprou o CT. No quesito campo/bola, porém, as coisas não vão bem.
Os problemas não começaram agora. O Parazão, campo de testes para a Série B, foi muito mal utilizado e ainda rendeu um desgaste de graves proporções: a surpreendente perda do título, que nas circunstâncias era considerado obrigatório.
Muitas contratações ocorreram com o Estadual em andamento, mas os critérios falharam quanto à confiabilidade física dos jogadores contratados para a disputa da Série B. A quantidade de lesionados supera a média das demais equipes da competição e responde neste momento pelo principal problema do Remo para se estabilizar na disputa.
Bola na Torre
O programa começa às 21h, na RBATV, sob o comando de Guilherme Guerreiro. Participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, os jogos dos times paraenses nas Séries B, C e D. A edição é de Lourdes Cézar.
A nova Itália contra a Inglaterra velha de guerra
A Itália de Insigne, Chiesa, Chielini e Jorginho, dirigida por Roberto Mancini, é uma saudável lufada de ar renovado no futebol europeu. Depois de décadas cultivando um estilo marcador e pouco atraente, recheado de grandes zagueiros e volantes, mas carecendo de craques de frente, a Azzurra aproveitou a folga na Copa de 2018 para se reinventar.
Do outro lado, uma Inglaterra também diferente quanto a individualidades. Sterling é quase um sul-americano na maneira de fintar e tocar na bola. Copiou até a malandragem na hora de cavar pênaltis. Harry Kane, porém, é a personificação dos centroavantes clássicos. De bom chute, movimentação mediana e forte presença de área.
Pelos ataques, muitos gols e configurações de jogo coletivo, as duas seleções representam bem o que foi esta espetacular Eurocopa.
Direto do Twitter
“Não aguento nem olhar pruma camisa amarela, imagine uma com o Neymaracutaia dentro?”.
Miguel Baia Bargas
Copa América coleciona abusos até o jogo final
A liberação de 10% da capacidade do Maracanã para um público formado por convidados da Conmebol foi mais uma entre tantas aberrações da Cova América, entre as quais sua própria realização. Felizmente, o zicado torneio chegou ao fim na noite deste sábado (10) com o jogo entre Brasil e Argentina – não sei o resultado porque a coluna fecha na sexta à noite.
Segundo decisão da Prefeitura do Rio, não haveria venda de ingressos, apenas permissão para que convidados e aspones da Conmebol pudessem ver o clássico de perto. Tudo potoca. Na final da Libertadores foi assim também e o que se viu foi uma tremenda fuzarca, com mais de 15 mil pessoas aglomeradas em único setor do Maracanã.
(Coluna publicada na edição do Bola deste domingo, 11)