O passado é uma parada

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James Stewart em cena do clássico natalino “A Felicidade Não se Compra” (“It’s a Wonderful Life”), de Frank Capra, lançado em 1946.

Entidades apoiam investigações e pedem imediato afastamento do arcebispo de Belém

Entidades públicas e não governamentais do Estado divulgaram nota conjunta apoiando as investigações sobre denúncias de assédio e abuso sexual contra o arcebispo de Belém, D. Alberto Taveira, e pedindo o seu imediato afastamento até o fim do processo investigativo. Abaixo, a nota das 37 entidades:

Tendo em vista as graves notícias de acusações de abuso sexual contra o Arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira, relatadas na imprensa paraense e, em especial, no Jornal El País, no dia 20 de dezembro de 2020, sob o título “POLÍCIA E VATICANO INVESTIGAM ACUSAÇÕES DE ASSÉDIO E ABUSO SEXUAL CONTRA ARCEBISPO DE BELÉM”, as instituições abaixo listadas vêm, perante a sociedade civil e as autoridades competentes, manifestar-se em apoio às investigações, requerendo que seja observado o direito à ampla defesa e ao contraditório do Sr. Arcebispo, mas também que sejam garantidos os direitos das vítimas ao devido processo legal e acesso à justiça, sem interferências indevidas.

Nesse sentido, as entidades recomendam o imediato afastamento do Arcebispo de Belém Dom Alberto Taveira de suas funções até o final das investigações e de eventual processo.

O referido afastamento, no entendimento das entidades, visa garantir a eficiência e a efetividade das investigações que hoje tramitam na Polícia Civil com acompanhamento do Ministério Público do Estado.

Também entendem que as instituições públicas envolvidas devem propiciar ambiente seguro, sem risco de retaliações para colher eventuais depoimentos e denúncias de outras vítimas.

As instituições subscritoras confiam nas autoridades eclesiásticas e no sistema de justiça pra esclarecer os fatos e preservar os direitos e a integridade de investigados e de vítimas dos crimes citados e que venham a ser comprovados.

Assinam esta nota pública:

  • ABRAPSO – Núcleo Santarém
  • Articulação de Mulheres Brasileiras- AMB
  • Associação Brasileira de Organizações não Governamentais – ABONG
  • Associação Brasileira dos Juristas pela Democracia – ABJD Núcleo Pará
  • Capítulo Brasileiro do Observatório Latino-americano sobre Tráfico de Pessoas e Contrabando de Migrantes
  • Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB/PARÁ
  • Centro de Defesa do Negro no Pará (CEDENPA)
  • Coletivo Apartidário VENTIMBORAJOVEM – Belém
  • Coletivo Sapato Preto – Negras Amazônidas
  • Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Santarém
  • Conselho Regional de Psicologia da 10a Região – Pará e Amapá (CRP10)
  • Conselho Regional de Serviço Social- Pa
  • Federação Estadual dos Centros Comunitários e Associação dos Moradores do Pará – FECAMPA
  • Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense – FMAP
  • GEMPAC – Grupo De Mulheres Prostitutas Do Estado Do Pará
  • Grupo de estudos “Direito a Igualdade e Valorização das Sexualidades” (DIVaS/UFPA)
  • Grupo de Estudos e Pesquisas Direito Penal e Democracia (UFPa)
  • Grupo de Estudos sobre Currículo e Formação de Professores na Perspectiva da Inclusão- INCLUDERE/UFPA
  • Grupo Inquietações: Arte, Saúde e Educação (UFPA)
  • Instituto Cartografando saberes
  • Instituto Jovem Positivo do Pará (IJOPPA)
  • Instituto Paulo Fonteles de Direitos Humanos
  • Instituto Popular Eduardo Lauande
  • Instituto Universidade Popular (UNIPOP)
  • Movimento Atitude Afro – Pará
  • Movimento de Mulheres do Campo e da Cidade – MMCC
  • Movimento de Mulheres Negras de Santarém
  • Movimento LGBTI+ do Pará
  • Movimento República do Emaús/ Centro De Defesa Da Criança E Adolescente- CEDECA
  • Mulheres contra o Fascismo
  • NOSMULHERES, pela equidade de gênero étnico racial – UFPA
  • Núcleo de Estudos Interdisciplinares da Violência na Amazônia (NEIVA/UFPa)
  • ONG Só Direitos
  • Projeto Saúde, Cidadania e Direitos Humanos – IQ/UFPA
  • Rede de Comunicadores por Direitos Humanos no Pará
  • Sociedade de Defesa dos Direitos Sexuais na Amazônia- SODIREITOS
  • Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH)

Feijão aproveita oportunidades e vira titular com Brigatti

Vitor Feijão tem ganhado sequência com João Brigatti — Foto: Jorge Luiz/Paysandu

O atacante Vitor Feijão vem assumindo cada vez mais um papel importante no ataque do Paissandu. Entrou bem no jogo contra o Botafogo-PB e, desde então, virou titular da ponta direita do ataque bicolor. Contratado em meados de outubro, ganhou oportunidade em razão de uma lesão de Uilliam Barros. As boas atuações fizeram com não deixasse mais o time e os planos do técnico João Brigatti.

Mesmo com apenas um gol marcado – contra o Ferroviário –, Feijão tem se destacado pelas assistências. Foram dois passes preciosos para gol recentes, contra Ypiranga-RS e Remo, para Nicolas finalizar. A parceria é antiga, vem desde a época em que ambos jogaram no Criciúma.

“Já joguei com ele [Nicolas] em 2018 e a gente se entendia muito bem. Feliz também pelo momento que estou vivendo aqui no Paysandu. Estou conseguindo encaixar não só com ele, mas com o Tony e com os volantes que jogam pelo lado direito. Feliz de estar podendo ajudar a equipe”, afirmou o atacante. (Com informações do GE)

Castanhal anuncia primeiro grande reforço para o ataque em 2021

Fidelis trocará o Bragantino-PA pelo Castanhal em 2021 — Foto: Divulgação

O Castanhal investe para montar um time competitivo para a temporada 2021. Com calendário cheio – Parazão, Copa do Brasil e Série D -, o time está no mercado buscando reforços e renovando com jogadores importantes. Ontem, a diretoria anunciou a primeira grande contratação: o atacante Fidélis, ex-Bragantino-PA.

Grande nome do Bragantino em 2019, Fidélis teve temporada pouco produtiva em 2020, em consequência de uma contusão séria no joelho. Quando entrou em campo novamente, em agosto, disputou a Série D pelo Tubarão, mas teve problemas musculares. Marcou apenas dois gols em 12 jogos em 2020.

O carioca Fidélis de Paulo Pereira tem 32 anos e é atacante de velocidade, com boa finalização. Além do Bragantino, já jogou por Independente Tucuruí, Paragominas, Carajás e São Francisco, despertando interesse da dupla Re-Pa durante sua melhor fase no Bragantino.

Além dos clubes paraenses, Fidélis tem no currículo algumas experiências internacionais. Jogou na Suíça (FC Wil 1900), Turquia (Boluspor e Kastamonuspor) e África do Sul (Golden Arrows).

Década para Presidente

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Segundo a Folha de SP, em manchete de sua edição de segunda-feira, “Década (leia-se Lula e o PT) colocou os negros na faculdade, e não (só) para fazer faxina”. O jornalão paulista segue firme em seu esforço para varrer Lula da memória dos brasileiros.

Acesso cada vez mais possível

POR GERSON NOGUEIRA

Paulo Bonamigo

Os resultados da segunda rodada do Grupo D da Série C reforçam a expectativa de conquista do acesso pelos times paraenses. O Remo chegou a 4 pontos, terá três jogos em Belém – Ypiranga, PSC e Londrina – e pode assegurar a vaga com duas vitórias e um empate. Ainda jogará fora, contra o Ypiranga, que ficou em situação desalentadora após a derrota frente ao Londrina, no domingo.

O PSC também mantém boas chances, pois terá dois jogos a realizar em Belém, contra Londrina e Remo, e dois fora (Ypiranga e Londrina). Com 3 pontos, o Papão pode atingir os 9 pontos em casa e ficar na dependência de dois empates nos jogos como visitante.

A situação mostra-se inteiramente favorável aos representantes do Pará, que dependem exclusivamente de suas próprias forças para subir. A próxima rodada – PSC x Londrina, Remo x Ypiranga – praticamente definirá a situação no grupo, caso os paraenses consigam se impor.

Na hipótese de duas vitórias neste fim de semana, o Remo irá a 7 pontos e o PSC chega a 6. Londrina permanece com 4 e o Ypiranga fica com 0, praticamente eliminado. Vem daí a necessidade de total concentração e cuidados nessas duas partidas.

O Londrina, que visita o Papão no sábado, 26, ganhou motivação depois da batalha de Erechim, que lhe rendeu a primeira vitória fora de casa na atual Série C. O time não tem baixas para o confronto em Belém.

A imprensa londrinense, a exemplo da nossa, faz contas e avalia que um empate aqui será suficiente para pavimentar o caminho do acesso. Afinal, o alviceleste paranaense terá em seguida dois jogos em casa – Ypiranga e PSC – deixando para a última rodada o embate com o Remo em Belém.

De todas as rotas, a azulina parece ser a mais favorável neste momento, depois do triunfo sobre o maior rival. Aumenta a importância de Paulo Bonamigo no comando da equipe. Com ele, o Remo cresceu de rendimento e ampliou a utilização de atletas do elenco.

Na gestão anterior, de Mazola Jr., havia um eixo que se limitava a no máximo 17 atletas utilizados regularmente. Alguns, como Hélio e Wallace, eram escalados apenas nos minutos finais dos jogos, quando o desespero obrigava mudanças.

Com Bonamigo, ambos passaram ao nível de titulares (Wallace está temporariamente fora, por contusão), peças fundamentais da equipe. Mais importante: o meio-campo ganhou vida inteligente, com a presença de um ou dois meias, o que melhorou o passe e as articulações ofensivas.

A partir da chegada de Bonamigo, o Remo ficou com um ataque mais sólido, sempre com três homens, e no clássico de domingo a meia-cancha teve dois volantes no primeiro tempo e apenas um (Lucas Siqueira) na etapa final, após a entrada de Carlos Alberto no lugar de Júlio Rusch.

Até Felipe Gedoz, que não tinha achado posição para jogar, parece ter se sentido à vontade como segundo volante/armador, realizando sua melhor apresentação desde que entrou no time há seis rodadas.

Quando o técnico consegue extrair o melhor de seu grupo de atletas, os méritos indiscutivelmente são seus. Bonamigo está nessa situação.

Atitude racista estraga um dos melhores jogos do ano

O jogo foi eletrizante, com sete gols e reviravoltas no placar. O Flamengo venceu o Bahia por 4 a 3, pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro, e manteve as chances de alcançar a liderança. Apesar da importância do resultado, uma injúria racial proferida pelo colombiano Juan Ramirez contra o volante Gerson dominou a discussão pós-jogo.

“Cala a boca, negro”. Esta teria sido a frase de Ramirez em meio a uma rápida discussão com Gerson à altura do meio-campo, aos 7 minutos do segundo tempo, quando o Flamengo vencia por 2 a 1.

O clube carioca exige providências e a CBF vai remeter o caso à apreciação do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que deve julgar o colombiano e o técnico Mano Menezes, que passou pano para a atitude de seu jogador e chegou a dizer gracinhas para o ofendido.

A TV mostrou as imagens da cena, onde é possível ver Gerson revoltado e reagindo aos insultos do atleta colombiano. Em meio à confusão, com o jogo paralisado, Gerson revelou aos demais jogadores o motivo de sua irritação, dizendo que foi chamado de “negro”.

As câmeras captaram também o técnico Mano Menezes questionando o jogador: “Ah, agora você é vítima, não é? O Daniel Alves te atropelou e você não falou nada”. Gerson afirmou depois que Mano tem que saber respeitar, e tem mesmo.

A Polícia Civil do Rio instaurou inquérito para averiguar a denúncia de injúria racial. A postura de Gerson foi corretíssima. Todo cidadão que se sinta discriminado e desrespeitado deve denunciar de imediato. É a única forma de enfrentar a tradição de preconceito que o Brasil que ostenta há séculos, com a complacência de autoridades e da própria sociedade.

O mais triste de tudo é que o episódio ainda rendeu vexames dignos do troféu “Sem Noção”. Alexandre Freitas, desconhecido deputado do inacreditável Partido Novo, comparou a ofensa racial sofrida por Gerson com a expressão “playboy”, que diz já ter ouvido.

A outra manifestação, desnecessária e ridícula, coube a Vampeta, negro como Gerson, que há tempos divide com Felipe Melo e o ex-goleiro Marcos o protagonismo botocudo no futebol. Com a mania incontrolável de chamar atenção e fazer piada em cima de tudo, Vamp ironizou o jogador do Flamengo, segundo ele “cheio de mimimi”.

Nem as monumentais manifestações em protesto pela morte de George Floyd, asfixiado por um policial branco nos Estados Unidos, conseguiram cimentar um sentimento de rejeição ao preconceito racial. O Brasil, pela voz de duas figuras tão díspares, mostra que continua distante de ações identitárias que iluminem corações e mentes.

Mestre Paulo Freire, um dos maiores educadores do planeta e vítima de discriminação póstuma nestes tempos de obscurantismo no país, cunhou uma frase que elucida as formas de embrutecimento mental em relação ao racismo e às humilhações da vida: “Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor”.  

(Coluna publicada na edição do Bola desta terça-feira, 22)