POR GERSON NOGUEIRA
O Papão fez o dever de casa e conseguiu chegar a um patamar seguro na classificação da Série B. Faltando cinco rodadas (15 pontos), a distância para o primeiro colocado na zona do rebaixamento (Bragantino, 30 pontos) aumentou para 13 pontos, o que permite considerar que o time está virtualmente garantido na competição do próximo ano.
Contra um desesperado e aguerrido Sampaio Corrêa, ainda nutrindo mínimas esperanças de salvação, o Papão foi a campo com um time modificado na defesa (volta de Pablo), no meio (Lucas) e no ataque, com a surpreendente escalação de Rivaldinho, até então relegado ao esquecimento na Curuzu.
Em entrevista pós-jogo, Dado Cavalcanti disse que a atuação de Rivaldinho respondia às dúvidas sobre seu súbito aproveitamento na partida. Não foi bem assim. A rigor, além do gol de empate, em cabeceio perfeito, o atacante só apareceu em mais duas jogadas.
De certo modo, Rivaldinho terminou por travar os passos de Leandro Cearense, que atua mais ou menos na mesma faixa e teve pouco espaço para manobrar.
No meio-de-campo, a presença de Lucas tornou o setor mais lento e preso às funções de bloqueio. Apesar disso, o Sampaio era sempre incisivo quando partia em contragolpes pelos lados do campo. A presença destacada de Tiago Santos entre os zagueiros bicolores também foi outro fator de intranquilidade ao longo dos 90 minutos.
Foi de Tiago o gol de abertura, logo aos 13 minutos, recebendo na área um passe cruzado da esquerda. Ganhou na disputa com Pablo, que ficou reclamando de toque (inexistente), e partiu para definir a jogada na saída de Emerson.
Apenas dois minutos depois, em rápida saída pela esquerda, João Lucas cruzou para o interior da área e Rivaldinho testou firme para as redes de Rodrigo Ramos. O gol parecia abrir caminho para uma reação empolgante, mas o Papão não repetiu as investidas pelas laterais, preferindo buscar jogadas pelo centro, o que facilitava o trabalho dos defensores maranhenses.
Contribuiu para a pouca agressividade do time o rendimento discreto de Tiago Luís no jogo. Tentou alguns chutes de longe, mas não foi o mesmo jogador participativo de outras jornadas. Como no confronto anterior, diante do Goiás, o camisa 10 acusava visivelmente os efeitos do desgaste físico.
Na etapa final, depois de ataques seguidos do Sampaio, finalmente a qualidade do passe de Tiago Luís deu as caras no Mangueirão. Ele lançou Leandro Cearense na área e este bateu cruzado, desempatando a partida.
O Papão ainda teria duas boas oportunidades, uma delas com Bruno Veiga e outra com Cearense, mas limitou-se a administrar a vantagem. Para isso, acabou cedendo muito espaço para o apenas esforçado time de Flávio Araújo, que usou os atacantes Edgar, Tiago Santos e Pimentinha para infernizar o sistema defensivo bicolor nos 25 minutos finais.
Pimentinha saiu do banco para entortar os marcadores, levando sempre vantagem sobre João Lucas e Augusto Recife. Foram dele três cruzamentos que quase resultaram em gol para o Sampaio. Tiago Santos também perdeu excelente chance, tocando à esquerda de Emerson.
Dado ainda lançou Cleiton, mas sem efeito prático. Na zaga, Domingues entrou no final e não comprometeu. No geral, foi uma atuação que deu para o gasto, mas passou longe de empolgar os 16 mil torcedores presentes. Levar sufoco do pior time do campeonato não enche os olhos de ninguém. Até os instantes finais o jogo foi tenso, com ameaça permanente de um gol timbira. O drama só deu lugar à vibração quando o árbitro mineiro pôs fim ao jogo. Quase foi possível ouvir um sonoro “ufa” vindo das arquibancadas.
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Prestação de contas e passagem de bastão
Depois do jogo, o presidente Alberto Maia fez um detalhado relatório de sua gestão, destacou as conquistas no futebol e na seara administrativa, concluindo com o anúncio de que as atividades do futebol profissional passam a ser de responsabilidade do futuro presidente, Sérgio Serra. A providência é interessante, agiliza processos e confirma a saúde política existente hoje no clube.
O problema é que o anúncio, faltando cinco rodadas para encerrar a participação na Série B, pode ter consequências imprevisíveis. O desmanche do atual elenco, admitido pelo próprio presidente, gera incertezas e pode afetar o comportamento dos jogadores.
Amanhã, em Londrina, o Papão encara um dos candidatos ao acesso e que vive naturalmente um momento de euforia. Além da ausência de Tiago Luís, poupado em função de problemas físicos, o grupo terá que conviver com a dura perspectiva de desemprego ao final da campanha. Haja capacidade motivacional para manter o pique do time a essa altura.
(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 31)