O fim de uma era

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POR GERSON NOGUEIRA

Era de conhecimento até do reino mineral que Dado Cavalcanti não seria mantido em caso de nova derrota do Papão. O resultado aconteceu, dentro de casa, com melancólica atuação do time e protestos da torcida. Sem clima para continuar, o técnico entregou o cargo.

Mais do que a vexatória situação na tabela, preocupa agora o recomeço do trabalho em plena disputa do Campeonato Brasileiro da Série B, um dos mais parelhos dos últimos anos e para o qual o representante paraense não se preparou adequadamente.

O futebol, como todos sabem, é um esporte ingrato para os técnicos. Givanildo Oliveira classificou o América-MG para a Série A e ganhou o sonhado título estadual mineiro, mas nem esses galardões impediram que fosse sumariamente afastado após um mau começo na Primeira Divisão.

O mesmo ocorre agora com Dado, que estava há um ano e três meses no Papão e havia conquistado as duas primeiras competições da temporada – Campeonato Estadual e Copa Verde. Sua trajetória à frente da equipe era cantada em prosa e verso há apenas dois meses atrás.

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Seu Waterloo foi a Segundona. Ironia das ironias, pois Dado é justificadamente apontado como Mister Série B, pelo amplo conhecimento que nutre sobre os times e jogadores da competição, além de ter consolidado prestígio como técnico a partir de boas campanhas na competição.

No Papão, Dado confirmou a fama que o precedia. Foi responsável pela convincente participação na Série B do ano passado, apesar de não dispor de um elenco de primeira linha e de conviver com carências que se estenderam por todo o torneio, como a falta de um meia-armador.

Baseou o sistema de jogo na movimentação dos alas Pikachu e João Lucas, utilizando-se de volantes que funcionavam bem (Recife, Capanema e Jonathan) e um ataque de desempenho acima do razoável, com Leandro Cearense e Aylon.

Metódico e estudioso, dono de discurso moderno e articulado, Dado levou os méritos por ter tirado o máximo de um grupo limitado de jogadores que ele não havia formado. Mesmo com altos e baixos, disputou o acesso até quase a penúltima rodada.

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Desta vez, com jogadores escolhidos e avalizados por ele, o técnico não conseguiu manter o nível de competitividade exigido pela dureza da Série B. Ao cabo de sete rodadas, o Papão amarga as últimas colocações na tabela, com apenas 5 pontos ganhos.

Para um clube que estreou sob o incentivo de um prêmio de R$ 3 milhões pelo acesso, o elenco atual passa longe do mínimo ideal para encarar a batalha para chegar à Primeira Divisão. Mas que ninguém se engane: muito precisa ser feito, além da troca do treinador, para rearrumar a casa. (Fotos: MÁRIO QUADROS)

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Quarta derrota em sete rodadas

O jogo contra o Náutico ontem à noite foi bem exemplar das limitações que o Papão enfrenta. Mesmo abrindo o placar no primeiro minuto, o time cedeu espaços, não conseguiu enfrentar o meio-campo pernambucano e fraquejou terrivelmente na marcação. E ainda desperdiçou as poucas oportunidades que apareciam.

Sem força para reagir à velocidade do visitante, o Papão tentava tocar a bola no meio-de-campo, improdutivamente. Como, aliás, fez ao longo das últimas quatro rodadas, quando sempre terminou as partidas com índice superior de posse de bola.

Apático nas saídas para o ataque, às vezes até displicente, o Papão não foi nem sombra do time aguerrido de outras jornadas. Com a mescla de veteranos com alguns jovens valores, o Náutico não encontrou dificuldades para se impor e virar o placar.

Com um golaço de Jefferson, o Náutico chegou ao placar de 3 a 1 e poderia ter disparado uma goleada se tivesse mais capricho nas finalizações.

Enquanto isso, o Papão amargava sua quarta derrota em sete rodadas e terminava o confronto de novo com um jogador expulso (Capanema), sinal evidente dos descaminhos e inseguranças da equipe.

Algo precisa ser feito e, pelo que se viu até aqui, passa pela substituição de várias peças que eram consideradas titulares no time de Dado.

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Remo busca pacificação interna

André Cavalcante decidiu pacificar as diversas correntes políticas que se digladiam no Remo. Tem motivos concretos para isso, levando em conta principalmente a necessidade premente de combater a crônica estiagem financeira que assola o clube. Só isso explica a reaproximação com o grupo de Zeca Pirão, que volta a trabalhar no departamento de futebol.

Desde que venceu a eleição para o mandato-tampão de complemento à gestão de Pedro Minowa, André sentiu na própria pele os efeitos deletérios de uma oposição mesquinha e raivosa, que faz uso das redes sociais para fustigar toda e qualquer iniciativa administrativa.

Aparentemente, o presidente decidiu deixar as diferenças de lado em nome da boa convivência. Na prática, o armistício só fará sentido se representar um real avanço em termos de mobilização para tirar o clube do atoleiro.

Um dos pontos fundamentais é a reconstrução do estádio Evandro Almeida, que foi parcialmente desmontado para obras que jamais foram concluídas. Em documento registrado em cartório na recente campanha eleitoral, ele se comprometeu a consertar o que havia demolido. O retorno abre a oportunidade para que a promessa finalmente seja cumprida. A conferir.

(Coluna publicada no Bola desta quarta-feira, 08)

18 comentários em “O fim de uma era

  1. Perfeita analise amigo Gerson. Essa foi a tragetória de Dado pelo Papão. Infelizmente acabou.

    Um triste final. Afinal todos nós tinhamos confiança no trabalho do Técnico. Que inesplicavelmente perdeu o dominio do elenco. não soube contornar contusões, indisciplinas e aparentemente dez pessimas indicações para o elenco.

    Que ele tenha Uma excelente carreira adiante.

  2. Novo técnico será o Beto Barbosa, só lambada no restante da série B rsrs

  3. Todo romance é sempre assim, tem um começo, meio e fim…

    Então, como torcedor só tenho a agradecer ao Dado pelo excelente trabalho desenvolvido no PSC ao longo desses quinze meses. Um trabalho que não se restringe as quatro linhas, é bom que se diga. Um trabalho que tornou o PSC melhor. Vida longa a ele e ao PSC. E, quem sabe, este adeus não seja apenas um até breve.

  4. Papão que se cuide. Parece que a tormenta está começando. Cuidado. Do outro lado, nada de novo. Pobre Leão! Quero ficar na série C, Leão…!!!

  5. Bom, agora, talvez o desempenho dos próprios jogadores os escalem, ou os deixem no banco, ou os dispensem.

  6. A derrota não decretou a saída de Dado, mas esta veio como consequência natural daquela. Não se espantem se essa demissão trouxer junto a “cura milagrosa” de todos aqueles que povoam o DM bicolor.
    Como a palavra mais usada é relacionamento, desgastado com o tempo, no caso, logo surgirão as mazelas que concorreram para esse desgaste até o desenlace.
    A indisfarçável pinimba com Jonnathan; a farra(ignorada) do Leandro Cearense, em Castanhal, que acabou em B.O.na delegacia; a insistência com Celsinho, este o típico jogador jambu, que após cinco minutos de fervura murcha totalmente, são algumas dessas mazelas, além de algumas outras escolhas na hora de escalar o time e que causaram essa evidente divisão no grupo.
    Há boas opções no mercado, como Givanildo e Lisca, por exemplo, todavia,penso que a hora é de um treinador que tenha suficiente bagagem para comandar o elenco dentro e fora do campo, daí sonhar com a volta do Gilson Kleina, que não deve ser tão caro, ficando mais viável após a economia com a dispensa de Paulinho, Vanderson e Crystian.

  7. Quanto ao Remo este novo ingresso é uma pena. O risco é a demolição do restante. Aliás, o Escudo do Clube já não se encontra mais lá no alto do prédio da sede, já representaria isso um emblema desta triste notícia.

  8. A Má campanha do Paysandu na série B deste ano era uma tragédia anunciada por todos aqui no blog. Apesar de ganhar o Paraense e Copa Verde, o time não convencia e todos diziam que estas competições de baixo índice técnico, não serviam de parâmetro para o campeonato vindouro. Vida que segue, mas é lamentável ouvir da diretoria (Maia e Roger) que não possuem “Plano B”, pois contavam com o Dado até o fim de contrato……falta de visão da diretoria.

  9. A falta de um plano B pode redundar em uma série C em 2017.
    Se compararmos os quatro últimos colocados destas sete rodadas é de surpreender a presença do Goiás oriundo da série A e de investimentos muito mais significativos.
    Não podemos deixar de parabenizar o Dado pois fez um bom trabalho no Paysandu é deve ter amadurecido bastante.
    Espero que a conta do mau desempenho da equipe não fique só na saída do treinador pois até os mais ingênuos sabem, os cegos obsevam, os surdos ouvem e os mudos falam que de sete a nove jogadores do atual elenco não podem continuar no grupo sob pena de desagregação e dissolução do time.
    Ontem à derrota prevista foi para um Náutico que se preparou única e exclusivamente para este campeonato.
    Restam 31 rodadas para, primeiro, garantir 45 pontos que podem assegurar a presença do time na série B é depois, conforme o desempenho dos demais clubes analisar se pode subir, ou apenas se conformar com a segunda divisão.
    O grupo não é qualificado como insistem em afirmar, este grupo, se muito, pode fazer uma boa participação em uma série D e só na fase regional onde se enfrenta apenas equipes amadoras.
    Alexandro, Ratinho e Rafael Costa e o “Luz” devem encabeçar a lista de dispensas. Se isto não acontecer estará provado que nem Dado ou Guardiola escalaria a equipe, quem manda no Paysandu são os empresários.

  10. A queda do Dado não ameniza os problemas do time para o decorrer da série B, elenco muito mal planejado desde o nosso campeonato rural, pois um time não pode depender do Fabinho(era reserva no ABC rebaixado ano passado) e Lucas reserva no Macaé, fora o Celsinho que nunca inspirou confiança, jogador que passa a maior parte do tempo no Dm, fora que não vejo mais como um jogador moderno dentro de campo, se for para ser o homem da bola parada, que vá para o futebol americano para fazer tiro direto. Termina o regional e trazem para a lateral Ratinho, que nunca inspirou confiança já teve chance em vários times e sempre voltou para a sua origem(Mogi Mirim, o qual foi rebaixado ano passado), sem falar em outras peças como Alexandro, Rafael Costa e Rafael Luz que até hoje nunca se firmou, mais gostaria de falar também no Ruan, Bruno Veiga e João Lucas, já ficou provado que jogadores na segunda passagem em qualquer clube não rendem 50% da primeira passagem. Nesse ponto acho que o Dado tem sua parcela de culpa juntamente com a diretoria em formar um elenco muito fraco tecnicamente para uma série B que na minha opinião é mais fraca que a do ano passado. Vamos sofrer com esse elenco.

  11. Resumindo: estamos futricados, se não mudar JÁ Maia e Aguilera e estes jogadore mais fracos que Caldo de gó, égua meu!!!!!!!!!!

  12. Tem que abrir o cofre. Já que alardearam 3 milhões em prêmios dá pra trazer um técnico de competência reconhecida. Pelo menos um ótimo volante que se apresente pra receber a bola da zaga e saiba passar, que nao seja só pegada e afobação com a bola no pé igual ao Capanema e uns dois meias também de reconhecida capacidade.

  13. Fernando Diniz creio ser uma boa opção e ainda não é um técnico caro. Será que se colocar grana ele não vem?

  14. Comentei várias vezes aqui no boteco virtual, que o Dado etava “cavando sua própria cova” insistindo na escalação de jogadores medíocres. Dado, Maia, Roger e Alex Brasil são os maiores culpados por essa vexatória campanha ba série B. Rafael Costa, era reserva do “fenômeno” Thiago Galhardo no Red Bull, Ratinho não era nem relacionado no Joinville, João Lucas (sonho de consumo do Maia) não entrou em campo pela Chapecoense, Alexandro, treinava em horário “especial” na Ponte Preta. Isso só pra citar alguns desses “reforços” contratados para o Paysandu. Maia e seus diretores cometeram os mesmos erros de sempre: contrataram esse monte de pernas de pau de empresários (ELENKO SPORTS). Infelizmente, vamos lutar para não cair.

  15. A grande questão é como se desfazer de um elenco fraco já montado? Isso gera ônus, vamos ver como a diretoria vai elocubrar essa questão complicada. Acho mais sensato contratar alguns jogadores pontuais, mais que venham para fazer a diferença, pois só técnico capacitado não ganha jogo, ainda mais quando já deve ter várias panelas no elenco. Tarefa árdua para o Maia e diretoria.

  16. A verdade, amigos, é que o Paysandu se parece cada vez mais com o Flamengo atual, guardadas as devidas proporções: diretoria astuta e visionária fora das quatro linhas, porém caolha no que diz respeito aos aspectos “campo e bola”.
    Está mais do que na hora do Paysandu investir também no maior patrimônio do clube: as divisões de base. Nosso melhor jogador (um dos melhores do país na posição, diga-se de passagem) era egresso da base: Yago Pikachú. Grandes clubes mundo afora (sobretudo alemães, espanhóis, holandeses e argentinos) investem pesado na formação de jogadores. Está na hora de revermos conceitos e aplicarmos aquilo que há de mais avançado no que diz respeito a treinamentos táticos, estratégias, preparação física e análise de desempenho. Ano passado tínhamos um time sem sequer um carimbador de bolas na meia cancha, mas inteligentemente Dado apostou num modelo de jogo que fazia essa carência muitas vezes se tornar pouco sentida: marcação alta, meio campo compacto e defesa pouco exposta. Enquanto as contusões e o evidente relaxamento após a conquista dos 45 pontos não assolaram o time, o modelo encaixou e mesmo com duas sequências ruins na competição (uma no primeiro turno e outra no segundo turno), fez com que o acesso fosse aspirado até duas rodadas antes do fim do campeonato. Diga-se de passagem que 9 a cada 10 times de ponta no planeta se valem dessa perspectiva moderna e competitiva de se jogar futebol. Dito isto, pergunta-se: por que não se persistiu com o modelo, comprovadamente eficiente para uma Série B e, em tese, com um meio de campo criativo e que era ausente em 2015? Por que não se insistiu com o empréstimo de jogadores jovens de grandes centros e que se mostrou eficiente, como Aylon e Thiago Martins e como o próprio Ruan em 2014?
    A diretoria contrata jogadores com base em critérios rigorosos tais como a adaptabilidade ao clima da região, o histórico de lesões, a disciplina, a versatilidade técnico-tática e a resistência física (inclusive às longas e desgastantes viagens)? Se ainda não se faz isso e se deixa de fazer o que estava dando certo, falar em Série A é um devaneio. E a Série B já está de muitíssimo bom tamanho.

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