POR ERIKA GIM
Hoje o assunto não é futebol, embora os jornais queiram para sempre saber qual a cor da camisa de major Tom..
Hoje, uma estrela mudou seu domicílio, deixou nossa minúscula realidade, transcendeu para um universo desconhecido para nós, meros mortais
Hoje é dia de descobrir se há vida em Marte.
Hoje é dia da odisseia espacial.
Ele seguirá seu caminho, enquanto lamentamos sua perda, choramos sua partida.
Mas o legado deixado pode suprir a dor.
Foi uma unanimidade rara, quase como a dos Fab Four.
Um gênio que constituiu com Lou Reed e Iggy Pop uma trindade sagrada para o rock, para a arte.
Parece que perdi alguém muito próximo, mais um padrinho, como Lou – “Rebel, rebel” embalou minha adolescência.
Perdi a voz que foi minha companhia em momentos tristes e alegres, alguém que me acompanhou nessa louca jornada chamada vida.
Fosse como Ziggy, Major Tom, White Duke, Alladin Sane ou simplesmente Bowie..
Num Labirinto, como vampiro ao som de Bauhaus, o major de Furyo, o Pilatos de Scorcese, o eterno absolute begginner surpreendia sempre.
Para mim, para muitos, eterno.
Ouvi Blackstar, novo disco, durante o fim de semana, e sábado à noite, com a família com vinho, tivemos os clássicos nos acompanhando durante a conversa em volta da mesa…
Meu despertador é Life on Mars?, mas meu despertar hoje foi triste, como a cidade está, cinzenta e chuvosa, apagada…
Lazarus denunciava, ele sabia, chagava a hora…
Ashes to ashes.
Leve nossa gratidão, sua voz continuará nos fazendo companhia nessa odisseia prosaica que você tornou mais poética…
Obrigada.