Com sorte de campeão

POR GERSON NOGUEIRA

Em noite de pouca inspiração de seu principal jogador (Pikachu), com excesso de passes errados no meio-campo e abertura de espaços que quase permitiram gols do Vitória no final, o Papão renasceu a tempo e achou um gol salvador aos 50 minutos. O resultado é importantíssimo por garantir a vice-liderança do campeonato e por ter acontecido quando o time fez uma de suas piores exibições no torneio.

Quase ninguém acreditava mais. O time estava extenuado, depois de um jogo muito disputado e de forte marcação. A substituição de Leandro Cearense era necessária desde o final do primeiro tempo. O jogador até tentava, mas pouco conseguia fazer diante da sólida zaga baiana.

Curiosamente, Cearense foi substituído por Carlinhos, meia-armador reserva que vem sendo lançado pelo técnico Dado Cavalcante somente nos instantes finais. Hoje, como ocorreu contra o Paraná, Carlinhos foi decisivo.

Depois de três lances agudos do Vitória, perdendo gols com Elton e Escudero, seria justamente Carlinhos o autor do gol do triunfo bicolor. Com oportunismo e técnica, ele se posicionou junto à área e acertou de primeira, sem defesa para o goleiro. Daqueles lances felizes que fazem um time se tornar ainda mais confiante.

Cabe observar que, além da demora em tirar Cearense, o técnico insistiu com Carlos Alberto, que não consegue tornar o time mais rápido na transição. Como organizador, ele passa muito tempo fora de jogo, sem dar o dinamismo que um time precisa ter a partir da meia cancha.

Pois Carlos Alberto ficou em campo até o final e viu Jonathan ser substituído para a entrada de Edinho, cujo papel era justamente o de dar velocidade a um meio-campo travado. O problema é que, sem Jonathan na cobertura, o lado direito ficou ainda mais desprotegido. Nas costas de Pikachu, o Vitória passou a explorar contra-ataques com grande perigo.

Tudo o que não tinha conseguido realizar de produtivo ofensivamente no primeiro tempo, o time baiano resolveu fazer nos 15 minutos finais. E quase chegou ao gol, apesar do esforço de Ricardo Capanema na marcação. Desdobrando-se à frente da linha de zagueiros, o volante foi fundamental para conter o ímpeto do Vitória depois da metade do segundo tempo.

Mas, como o futebol é generoso e dado a surpresas, os deuses da bola permitiram ao Papão obter uma vitória tão importante quanto improvável nas circunstâncias do jogo. Aos 50 minutos de segundo tempo, tudo fazia crer no empate como resultado final, pois o Vitória desperdiçara as chances que teve e o Papão parecia cansado demais para tentar alguma coisa.

Acontece que Carlinhos, que acabara de entrar, teve tranquilidade suficiente para não desperdiçar a única grande chance surgida no segundo tempo. Um gol de oportunismo e sorte. E, como já pregava Nelson Rodrigues, sem sorte não é possível nem atravessar a rua. Grande triunfo.

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A despedida do Violino

O técnico Carlinhos Silva, que morreu na segunda-feira, passou à história como um dos maiores jogadores de meio-campo que o Flamengo já teve. Era tão bom que ganhou o apelido carinhoso de Violino. De fato, segundo relatos daquele tempo, era o responsável por afinar a orquestra rubro-negra em campo.

E não foram períodos muito fáceis. Teve pela frente o fantástico Botafogo de Nilton Santos, Quarentinha, Didi e, principalmente, Mané Garrincha. Encarava também a força de um Vasco respeitável. Ainda assim, brilhou bastante.

Como treinador, obteve destaque ao montar o time do Remo no final dos anos 80, trazido pelo então presidente Raimundo Ribeiro. O clube buscava repetir com Carlinhos o mesmo sucesso da experiência com Joubert Meira anos antes. E deu tudo certo.

Com Carlinhos, o Remo quase chegou à elite nacional. Só não conseguiu porque foi barrado por uma terrível arbitragem de José Roberto Wright no jogo contra o Bragantino, de Vanderlei Luxemburgo.

De toda sorte, Carlinhos deixou o Remo admirado e respeitado por todos. Não só pelos reconhecimentos méritos profissionais, mas acima de tudo pela elegância nos gestos. Falava em tom baixo, jamais levantava a voz, mas se comunicava como poucos.

Deixa saudades.

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As incertezas voltam a rondar o Leão

Poucas vezes se viu tanta escaramuça política na gestão de um clube. O Remo mergulha novamente em período de incertezas, com a decisão do Conselho Deliberativo, tomada anteontem, de punir o presidente Pedro Minowa e absolver o ex-presidente Zeca Pirão com base no relatório das investigações feitas nas contas e atos das duas gestões.

Pirão escapou por não ser mais presidente. Acabou sendo julgado como um simples sócio, daí a absolvição, segundo explicações de conselheiros presentes à reunião de segunda-feira à noite. Contribuiu para o desfecho o forte apoio de que Pirão desfruta entre os conselheiros.

Por mais que o critério seja aceitável, a medida soou como deliberadamente favorável ao ex-gestor, responsável pela destruição parcial do estádio Evandro Almeida e acúmulo de dívidas trabalhistas que tornam o clube quase ingovernável.

Pedro Minowa, ao contrário, recebeu os rigores da lei e poderá ser destituído nas próximas semanas quando a Assembleia Geral se reunir para deliberar sobre a decisão do Condel. Paga o preço de não ter o mesmo peso eleitoral no Conselho e arca com as consequências de uma administração extremamente desastrada até aqui.

Ficou a impressão de que o Condel perdeu excelente chance de se posicionar à altura dos anseios da torcida, afastando os dois gestores e responsabilizando-os pelos desmandos e omissões que ameaçam inviabilizar o clube.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 24)

30 comentários em “Com sorte de campeão

  1. Os deuses do futebol castigaram um time que, as vezes, foi superior, mas abusou da catimba que é uma especialidade do técnico Mancini. O Paysandu corre sério risco de outra perda substancial no elenco, haja vista que o Goiás demitiu Hélio dos Anjos e, segundo fontes, vem atrás de Dado Cavalcante.

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  2. Bem q o Nicácio falou: é um time cagado! Kkkkkkkkkkkkkkkk e é mesmo kkkkkkkkk só q contra o Remo se lasca kkkkkkk

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  3. Seria um risco pró Dado, porque trocar o certo pelo duvidoso? Nos últimos três times, incluso o Paysandu, dado teve um péssimo começo, o maia tem todos os méritos de ter sido paciente, será que o Goiás terá essa paciência? A menos é claro que o valor seja muito alto, o que eu duvido muito. Me preocupa é o pikachu, acredito que a própria diretoria pode ter interesse em vende lo imediatamente para ganhar alguma coisa na venda, porque senão ele sairá de graça do papão

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    1. Pikachu sairá de graça, amigo João. Não há jeito de evitar isso, pois o clube perdeu a chance de vendê-lo até o final do ano passado, quando podia negociar algum valor com outros clubes. Agora todos sabem que em seis meses ele estará livre para escolher, sem interferência do Papão.

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  4. Parece que o Paysandu não está mais lerdo para contratar, perdeu o Bruno Veiga e já repôs a altura. Acredito até que o Ruan seja um atacante mais complego que o B. Veiga.

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  5. Como o Gerson disse, “sorte de Campeão”, realmente o final da partida de ontem a sorte sorriu para o time bicolor, pois o arremate do Carlinhos foi desviado no meio do caminha pelo defensor do Vitória tirando qualquer possibilidade de reação do goleiro do Leão Baiano.

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  6. Acho que Dado está apostando demais na permanência do Carlos Alberto neste meio de campo do Papão. Ontem chegou a ser irritante a forma burocrática como o atleta conduzia a bola.
    Pikachú foi facilmente anulado pelo lateral baiano e o Leandro Cearense, apesar de todo o esforço, não conseguiu nada de produtivo no ataque alvi-celeste. Acho que com a vinda do Ruan o Paysandú terá um ataque mais dinâmico pois o Ruan se mexe bastante e é também tão forte quanto o Cearense.
    A vitória sobre o Vitória nos minuto final foi teste pra cardíaco.
    Apesar da péssima apresentação, uma após a outra, é bom lembrar!, o resultado foi demais importante para se manter entre os quatro primeiros colocados.
    Outra coisa, o excesso de passes errados no jogo de ontem dava a impressão de que o Paysandú nunca havia jogado com aquela formação.

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  7. A contratação de Ruan – praticamente dada como certa no mundo alviceleste desde ontem, já que Alberto Maia falou em muitas rádios que a proposta para o jogador era boa e que topou pagar a contra proposta do jogador – qualifica ainda mais o ataque, pois Ruan, se jogar o que conhecemos, é melhor jogador que Aylon, Cearense e Misael.

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  8. Essa vitória foi importantíssima, pois como disse o amigo Gerson o Paysandu não fez uma boa partida e vencer quando joga mal em um campeonato disputado como a série B é excelente.

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  9. Esse papo de que o Pirão foi julgado como sócio é uma das desculpas mais esfarrapadas que eu já ouvi na minha vida. Não há qualquer base legal na responsabilização civil que sustente essa alegação.
    Ora, se estavam sendo julgadas as ações do Pirão como gestor do Remo como pode o mesmo ser julgado como simples sócio?

    Perseguição ao minowa me parece clara.
    Pelo que li, até a divisão de renda do RExPA, coisa que acontece há mais de 20 anos, foi apontada como ato de gestão temerária da gestão Minowa.

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  10. Bom dia, amigos. Saudações Alvi-Celestes.

    Caro Gerson, seria bacana tu postares a tabela de classificação da Série-B. É verdade, Gerson, se o Vitória estivesse com a sua equipe completa, seria MUITO mais complicado ao PAPÃO.

    E aí, amigo Cláudio, será o PAPÃO irá conseguir manter esse ”fôlego” ao longo de todo esse longo campeonato ?! É preciso reforços, no ataque e meio.

    Por quê o B. Veiga saiu, realmente ?! Foi contusão ?! Não entendi bem, até agora…

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  11. Exato, Nação bicolor!

    Vejo, no caso do Pedro Minowa, pura perseguição dos antigos “donos do clube” que, vendo a mudança do estatuto, não souberam aceitar a derrota.

    A reclamação da divisão de renda é prova cabal da perseguição.

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  12. Exato, Nação bicolor!

    Vejo, no caso do Pedro Minowa, os antigos “donos do clube” querendo continuar a mandar no clube de qualquer modo. Fazem isso pois não souberam aceitar a derrota. A reclamação da divisão de renda é prova cabal desta situação. Esquecem que no ano seguinte teriam que dar toda a renda para o PSC.

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    1. Discordo conceitualmente disso, amigo Carlos. Se fosse do lado alviceleste e Alberto Maia aceitasse a partilha de renda, seria bombardeado do mesmíssimo jeito. Clubes rivais se comportam assim, sempre, seja aqui ou no Rio Grande do Sul.

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  13. Paysandu bem ajustado não é a toa que já é o 2º colocado, e ainda tem torcedor que não está satisfeito com o técnico e com a campanha do time.

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  14. Aos fatos: Edinho entrou no lugar do C. Alberto; Misael, do Jonnathan e, finalmente, Carlinhos no lugar de Leandro Cearense. Nem sei o nome do lateral-esquerdo que entrou no time do Vitória, só sei que dessarrumou pelo lado direito bicolor e deu uma canseira dos diabos no Pikachu, este, heroicamente, ainda encontrou forças para receber a bola atravessada pelo Fahel e livrar-se do assédio do volante do time baiano, tocando pro Carlinhos fazer o gol. Eram, no relógio da tevê, 50′ e uns 50 segundos, graças a cera do número três, que saiu de maca e obrigou o juiz a dar mais um minuto de desconto.
    A propósito, meu caro Carlos Lira, pelo que o Aylon vem jogando a briga entre os demais é pra ver quem faz companhia a ele no ataque do Bicola.

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  15. O Carlos Alberto é habilidoso, porém em certos momentos some do jogo, falta dinamismo, talvez o Carlinhos pudesse entrar jogando. Com a vinda do Ruan, ele podera fazer dupla com o Aylon, haja visto que o Cearense é esforçado, mad nao está rendendo o esperado. Abraços,.

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  16. Pelo que eu já soube, amigo Lira, pasmem, pelos mesmos moldes do parazão, o remo por ter sido campeão, vai ter direito a ficar toda renda do re-pa do próximo parazão, estaria no regulamento.

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  17. E Pra ratificar que o MAZOLA MITO tinha razão, que diabo de critério é esse que justamente contra o Paysandu o remorto tem direito a mando de campo.

    Se se confirmar isso, que o Paysandu não aceite até que façam um regulamento decente.

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