Por João Lopes Jr. (englopesjr@gmail.com)
Sim, é verdade, em tempos de crise é legal ver que o trabalho em equipe e o esforço individual são valorizados e que nem tudo é a admiração ao fora-de-série. Vale lembrar que o futebol ainda é coletivo e que qualquer um dos 11, quando é expulso, faz uma falta danada pra qualquer time. Raramente nasce um Pelé, um Garrincha, um Nilton Santos… e mais raramente ainda, todos na mesma época e atuando no mesmo time! O certeiro comentário quanto ao desentrosamento da dupla de zaga da seleção brasileira no último jogo contra a Argentina não desmerecem as jogadas de Messi, pois se ele não houvesse feito os gols que fez, seria criticado, mas dificilmente deixaria de ser um fora-de-série. Neymar deveria ir para a Europa, talvez, mas isso é somente porque os brasileiros ainda não perceberam que os foras-de-série individuais reunidos em times fora-de-série é algo cada vez mais improvável. Mesmo porque, foras-de-série são logo captados por espertos e ricos empresários e clubes multimilionários. Já deveríamos ter aprendido a lição, time bom é time que é time, e fora-de-série, no Brasil, é o time que é um time. O Neymar pode jogar em qualquer time, se ele entender que para ser um fora-de-série, deve permanecer de pé e atuando, se desmarcando e atacando, enfim, fazendo a diferença, além da graça e da beleza de jogar bonito. Falta ao Neymar um time, ou ao time, um Neymar, e o Santos não é mais aquele, nem PH Ganso, mas isso é questão de tempo e ritmo de jogo. Não deu para ontem, não vai dá para hoje, é necessário fazer mudanças. Não vejo tantas perdas estéticas no estilo de jogo corintiano, também é legal o jogo coletivo, e se o Santos aprendeu com o Barcelona ano passado, a lição corintiana foi: vale investir na equipe. Vejo prejuízo a longo prazo se continuarmos a incentivar foras-de-série que não se esmeram para melhorar nos fundamentos, como o posicionamento, porque isso não é individual, é coletivo… Melhorar nesses aspectos fundamentais é um tipo de profissionalismo e de compromisso com o esporte que tem uma proposta básica: trabalhar em equipe. Já criticamos jogadores que não estão nem aí para o clube ou elenco e nem sempre a falta profissional é uma balada ou uma cervejinha, mas desistir do coletivo é grave… Apesar de elogiar o espírito de equipe corintiano, é preocupante a curiosa falta de eficiência do ataque,
também faz falta um fora-de-série. Pensei numa provável final interclubes entre Chelsea e Corinthians e a primeira pergunta que veio a minha cabeça foi: quem vai atacar? Foras-de-série fazem falta! Mas mais falta faz um time.
Eu até concordo que um time faz falta. Só que craque se destaca até sem time. Vejamos o exemplo do Messi. Ele é o melhor do mundo há alguns anos e nunca jogava bem na seleção. Desde o ano passado, passou a jogar melhor na seleção. Quem mudou o Messi ou a seleção? Convenhamos, o time argentino é bem fraquinho (começando pelo arqueiro), quem mudou foi o Messi, que já está merecendo a ser comparado ao Maradona. Para chegar no nível do Diego, é só ganhar uma Copa. O neymar só vai evoluir se for para o exterior, porque é lá que se pratica o melhor futebolda atualidade; aqui não precisa provar nada. Porém se continuar na balada e eventos, será no máximo um Robinho, o corpo não aguenta.