A responsabilidade da FPF

Por Gerson Nogueira

Os fatos não podem ser atropelados. Vamos a eles. O estádio Zinho Oliveira não apresenta insegurança estrutural. Os torcedores do Águia não participaram dos tumultos registrados no domingo. Todos os envolvidos (atletas e representantes das comissões técnicas) na briga tinham permissão para estar na área de jogo. Por conta disso, não haverá a interdição, que muitos chegaram a anunciar afoitamente depois do conturbado jogo.
A revolta dos azulinos é compreensível, mas não pode pautar a discussão, até porque jogadores do clube participaram ativamente da confusão, com destaque para o meia Magnum, que agrediu o atacante Branco e foi protagonista da confusão em torno do meia Betinho junto à bandeira de escanteio.
Não é justo demonizar o Águia pelo episódio, apesar da truculência desmedida do volante Alexandre Carioca e das reiteradas ocorrências envolvendo o técnico João Galvão, o preparador Roberto Ramalho e o presidente do clube, Ferreirinha. A torcida de Marabá, normalmente pacífica, não merece ser prejudicada, ficando sem ver jogos do campeonato.
Problemas envolvendo comissão técnica e dirigentes do Águia independem de estádio ou cidade. No Baenão, há dois anos, houve invasão de campo e agressão ao trio de arbitragem. Tudo nas barbas do policiamento e sob as vistas grossas das autoridades da Federação Paraense de Futebol.
O episódio de domingo põe em xeque o papel da entidade que controla o futebol no Estado. Os visíveis esforços para disciplinar e organizar as competições são duramente golpeados pela impunidade que insiste em prevalecer quando a situação envolve forças políticas influentes – e com poder de voto na FPF.
Ora, é de conhecimento até do reino mineral que o Campeonato Paraense deste ano constitui importante campo de proselitismo político. Pré-candidatos a prefeituras municipais associam seus projetos eleitorais ao sucesso dos clubes na competição. Quando se sentem prejudicados, esperneiam e insuflam jogadores e torcedores. Por isso, o certame corre o risco de patrocinar novas batalhas encarniçadas e sangrentas, como a do Zinho Oliveira.
Caso providências preventivas não sejam adotadas pela FPF e seu enfraquecido Tribunal de Justiça Desportiva, a tendência é que o clima de agressividade prospere, não só em Marabá, mas nas demais praças, pois os maus exemplos costumam se alastrar.
Não se pode imaginar que a agressão covarde a um atleta dentro de campo, em semifinal de turno, fique por isso mesmo. Não se concebe que a FPF considere que o incidente é isolado e que não cabe um julgamento paraenquadrar os envolvidos. O atleta que lançou mão de instrumento metálico para golpear o companheiro de profissão deve ser punido exemplarmente. E não é preciso que Ministério Público ou algum clube exija isso. A iniciativa cabe à entidade, guardiã da lei e da ordem nos estádios. Mais do que qualquer outra instituição envolvida, a FPF é responsável pela paz nos estádios e não pode se omitir diante de fato tão grave.
Isso começa pelo controle das declarações de técnicos, dirigentes e atletas. Ao final das partidas, assiste-se a um verdadeiro festival de reclamações, críticas e até xingamentos aos árbitros. Virou hábito de perdedor justificar derrota esculachando com a arbitragem.
Não há mistério. Basta aplicar a lei, como fazem os europeus, que são implacáveis com abusos verbais e atitudes anti-desportivas. Seguramente, episódios como o de Marabá teriam sido evitados se as declarações explosivas de treinadores e cartolas fossem rigorosamente coibidas.     
 
 
Aldivan não registrou queixa por se preocupar com o futuro profissional de seu agressor, Alexandre Carioca. Um gesto generoso, mas uma atitude que pode estimular reincidências. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola)
 
 
O Remo continua pecando pela lentidão nas decisões. Todos sabem que Sinomar Naves não fica para o segundo turno, mas os dirigentes insistem em desconversar. A essa altura, diante das negativas de Roberval Davino e Edson Gaúcho, uma solução caseira (Charles, Cacaio, Artur Oliveira?) já devia estar engatilhada. Cada dia de hesitação significa tempo perdido de preparação para a última etapa do campeonato. 
 
 
Será hoje, às 18h, no auditório do DIÁRIO, o primeiro Bate-Papo do Troféu Camisa 13. Em discussão, sob mediação de Zaire Filho, o tema “Jornalismo Esportivo”, com a participação de Guilherme Guerrero (TV), Carlos Castilho (rádio) e este escriba baionense falando sobre mídia impressa.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 14)

24 comentários em “A responsabilidade da FPF

  1. Caro Gerson, direto, consciente, verdadeiro e simples, seu comentario. Na verdade, o Vice-Presidente remista, Adv. Hamílton Gualberto, quiz e quer, criar um cortina de fumaça, para tentar enganar mais uma vez a massa azulina, desfocando a crise remista, há muito instalada no Baenão. Porém, esquece ele, que os torcedores remistas que vieram a Marabá – e foram muitos – presenciaram, o Águia imprensando o Remo em seu campo, durante todo o jogo, com alguns raros lances de perigo ao gol aguiano. O Remo foi excessivamente defensivo e pagou caro por isso. Além do quê, seria grande injustiça, como bem o dissestes, caso o Águia não conseguisse a classificação, tendo em vista a bela campanha até o momento. Acho eu, embora leigo, e considerando a sua abalizada opinião, que a liminar de interdição do Zinho Oliveira, não se sustenta. Abs. Em 14.02.12, Marabá-PA.

  2. Bom dia Sr.Gerson,

    Baseado em suas informações e comentários acima. percebe-se que o Dr. Guallberto,clube do Remo,não é esse causídico excelente que todos propalam.Se você e eu que não militamos na justiça,entendemos do assunto,sobre o que aconteceu,por que ele vê diferente. Está certo que queira puxar a sardinha para seu lado,isso até se entende,mas querer tapar o sol com peneira,isso não dá. O negócio chama-se desespero de causa. Estão vendo a cada dia, a vaca mais próximo do brejo,aí ficam doidos. Vocês têm é que trabalhar honestamente,pois o resultado aparece.

  3. Já havia cantado a bola no dia do jogo. A FPF não vai tomar nenhuma providência. O João Bocão vai continuar tumultuando o campeonato, o Águia vai continuar jogando naquele campo (não chamo de estádio!) o Preparador Físico vai continuar criando confusão, e como sempre, só o REMO se lasca. Antes só no futebol, agora também no MMA.

    O Alexandre não vai ser punido, o Águia antes que uma contrapartida do REMO punindo o Magno, como se o Magno também tivesse dado uma cacetada em alguém.

    O magno deve ser punido sim, mas não na mesma medida que esse anti-jogador e nem deve ter sua punição atrelada à do violento jogador do time aguiano.

  4. Não sei as soluções, mais a contratação de um treinador experiente e 02 meias bons é a saída a curto prazo para a salvação do Remo na temporada de 2012.
    O Remo tem o pior meio de campo dos últimos 20 anos.

  5. O REMO tem todo o direito de reclamar do tumulto de Marabá. Não se pode é ficar calado e apanhando.

    Se o problema fosse no Baenão, tenha certeza, o João Bocão iria passar o tempo todo reclamando do mal tratamento a que fora submetido.

    No Baenão a guerra sadia foi somente no futebol, em Marabá a guerra começara minutos depois da peia sofrida em Belém. Com incentivo à Barbárie, provocaram os ânimos dos jogadores do águia, declarações desmedidas na TV/Rádio.

    O resultado foi o que se viu. E vai acontecer de novo, pois todos os responsáveis estão serelepes, rindo da cara dos bobos.

  6. Volto a afirmar o principal incentivador da violência nesse estádio é esse preparador físico que nem o físico dele consegue preparar, foi pra cima de um garoto que tem idade de ser seu filho, e que em momento algum fez gesto que possa gerar a violencia, muito pelo contrario, o mesmo foi agredido pelo goleiro do águia e nem revidou só fez pegar a bola e recomeçar o jogo ESSE CARA É UM VERDADEIRO MAL CARATER, Belém te aguarda Roberto ramalho violência gera violência vamos ver quando vc enfrentar alguém do seu tamanho se vai existir toda essa valentia

    1. Camarada Edmundo, sou por natureza um otimista. Creio que estamos bem, principalmente pelo reforço de jovens valores, egressos dos bancos acadêmicos. No DIÁRIO, em particular, posso dizer que a renovação tem sido extremamente satisfatória. Há sinais evidentes de qualificação na TV e na mídia digital e até o rádio, veículo mais tradicional, começa a buscar uma saudável atualização sem perder seus antigos pilares.

  7. Na minha opinião,o único que tem o direito de reclamar e buscar seus direitos,é o jogador Aldivan,que foi apunhalado pelas costas,sem trocadilhos,pois não fazia parte da confusão. O Restante ,é tentar desviar o foco da derrota e ruindade do time do Remo…

  8. O certo, meu caro Gerson e amigos, é que o mais querido precisa de um novo treinador o maqis rápido possível. De preferencia um cara de fora.

  9. Olá amigos comentaristas , boa tarde.
    Amigo baionense ilustre que coluna fantástica.
    Doa a quem doer a verdade deve prevalecer.
    E doa a quem doer elogio suas palavras certeiras como flexas que acertam o alvo.Parabéns.
    É disso que o nosso futebol precisa, de pessoas abalizadas, com embasamento intelectual e preparo técnico para atuar de forma qualfiifcada.Como voce atua jornalisticamente, negar isso é apenas denotação de inveja vil e pequena.
    O nosso futebol paraense não decola por vários fatores ,mas um fortíssimo é esse, pensamento pequeno de inveja e querer nivelar tudo por baixo.
    Se um dos grandes está bem , faz-se tudo para o outroi cair.Se ambos estão ruins , ilude-se o torcedor.
    Entendo que o estádio não tem culpa nem a torcida marabaense.
    Interditar o estádio por conta de brigas entre os jogadores apenas e respectivas C.Técnicas vai criar uma jurisprudência para os outros estádios.
    Nenhum torcedor invadiu o gramado, a polícia atuou não confrontando e sim MEDIANDO, contornando.Enfim sua coluna e suas idéias são e estão à frente de muitos.Pena que os dirigentes dos nosso clubes não tenham ninguém por lá assim.

  10. Vamos separar as coisas para que elas fiquem nos seus devidos lugares.
    Que o Zinho de Oliveira é um estádio acanhado e sem muita segu-
    rança isso todos sabemos, mas sempre aceitamos sua ultilização.
    Pretender interdita-lo não será fácil, principalmente porque a FPF através do Sr. Romano já se manifestou contrária.
    Com relação ao jogo do Aguia contra o Cametá, tudo vai depender
    do que ocorrer no jogo do Parque do Bacurau.
    Temeroso é manter o Zinho Oliveira como local do jogo de abertura
    do segundo turno entre Aguia e Remo.
    Quanto ao esperneio do diretor remista Hamilton Gualberto, há que se lhe reconhecer esse direito, numa situação onde se fazia neces-
    sária ujma presença mais representativa.
    O Cametá, longe dos acontecimentos, torce para que o circo pegue mais força eo jogo contra o Aguia seja transferido para outro
    local.
    A PM pode dar seu aval de segurança assim como fez o Cel. Nunes
    quando Comte. do Policiamente, deu garantias ao arbitro
    para prosseguimento na Curuzú , do jogo Paysandu x ABC (salvo engano).
    Esse clima marabaense foi criado faz anos, pelo treinador João Galvão através de intempestivas e as vezes insolitas declarações
    por ocasião de jogos do Aguia aqui em Belém o que lhe rendeu por parte da imprensa o apelido de João Bocudo.

  11. Gerson e amigos,
    Não entendo o por que que esse senhor chamado de Paulo Romano,tem tanto poder em nosso futebol.Vocês já pararam pra pensar o quanto ele haje contra os interesses dos grandes clubes da capital?Uma coisa posso afirmar:Desde que esse senhor apareceu na FPF e no futebol paraense,nossos clubes grandes nunca mais levantaram a cabeça,ele esquece que quem paga os seus salários,são as torcidas da capital.O Remo nesses ultimos anos tem sido muito prejudicado com algumas declaraçôes desse senhor.Gostaria de ver um dia, esse cidadão fora da organização do campeonato paraense,antes que seja tarde demais.

    Quanto aos dois finalistas do turno,acho justíssimo pelo que Aguia e Cametá fizeram dentro das quatro linhas,mas gostaria que as autoridades tomassem as providencias necessárias contra o Alexandre Carioca e dessem um pare nas declarações sempre mal intencionadas do João Galvão.

  12. Senhores não deveria mais vou me manifestar, pois bem, quando disse que o estádio Zinho Oliveira não deveria ser interditado é porque todo o tumulto ocorrido foi protagonizado pelas pessoas que estavam credenciadas na partida, ou seja, faziam parte da súmula do jogo, e no meu relatório que foi encaminhado junto com a súmula do jogo ao TJD-PA citei os responsáveis pelo início, meio e fim do tumulto, e ainda o arremesso de garra de água vazia ara dentro do campo de jogo, portanto cabe ao TJD julgar se cabe ou não perda de mando de campo ao Águia e não interdição do estádio, para finalizar comunico a todos que a torcida não paga o meu salário até por que não sou remunerado para exercer minha função de Diretor na Federação.

  13. Não tenho salário na Federação, portanto não se preocupe em ir ao estádio, em relação a interdição não cabe, o que cabe é perda de mando de campo, que depende de julgamento do TJD depois de apreciar a súmula e meu relatório da partida, o qual cito os responsáveis pelo tumulto e arremesso de garrafa para dentro do campo de jogo, nunca deixei me levar pela emoção em minhas declarações e decisões, sei que para um torcedor comum é impossível, mais quem lida com emoção tem que saber assimilar criticas. Um abraço a todos.

    1. Meu caro Paulo, agradeço sua participação aqui no blog, esclarecendo aspectos de seu posicionamento como delegado oficial da FPF no jogo de domingo.

  14. É o blog indo mais longe do que pensamos..rsrs…enquanto no twiter as discussoes ultrapassam os limites, o Paulo Romano vir aqui e emitir sua opiniao sobre o acontecido é de salutar importancia as comentaristas que escrevem sob forte emoção…

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