Por Luis Nassif
Matéria surpreendente: Veja quase conseguiu fazer jornalismo. A matéria mostra diferenças metodológicas entre os institutos, é quase isenta na comparação entre a metodologia do Datafolha e do Sensus. Tenta salvar a cara do Datafolha – ao colocar os dez pontos de diferença como questão metodológica -, mas sem praticar assassinato de reputação dos concorrentes.
A matéria é incompleta ao dar espaço às críticas do Datafolha aos questionários do Vox e da Sensus e não explanar os argumentos de ambos em defesa de seu questionário e contra os do Datafolha e IBOPE. No caso dos mineiros, antes de perguntar sobre o voto, menciona-se o governo Lula e, na ficha, aparece claramente o partido de Dilma. No do IBOPE e Datafolha, o nome de Dilma é colocado solto, sem sequer mencionar o partido.
A justificativa dos mineiros é que, se a indicação de Lula pesa, deixar claro essa ligação de Dilma com Lula é fundamental para dar mais objetividade à pesquisa.
A razão é objetiva. Há um bom contingente de eleitores que votarão na candidata de Lula. Hoje em dia, ainda há muito desconhecimento sobre quem seja essa candidata. No dia das eleições, haverá muito maior conhecimento – depois de meses de propaganda gratuita. Então, informar o leitor sobre quem é a candidata de Lula, ajuda a captar com muito mais objetividade quem votará em Dilma pelo fato de ser indicada por Lula. O Datafolha e o IBOPE, pelo contrário, nas planilhas sequer informam o partido de Dilma. Ou seja, extrapolam para as eleições (já que toda pesquisa visa prever qual será o resultado final) o desconhecimento atual dos eleitores.