Coluna: A rebordosa do pagode

No tradicional espaço concedido ao competente leitorado da coluna, o tema em análise ainda é a ausência de alguns jogadores do Santos da visita a uma instituição de crianças portadoras de deficiência. Octávio Moreira escreve para registrar sua insatisfação com “o mau exemplo proporcionado pelo nosso conterrâneo Paulo Henrique Ganso, ao se recusar descer do ônibus para fazer a alegria de pessoas que só o conhecem pela televisão”.
Moreira diz esperar que se faça uma crítica construtiva do comportamento do jovem atleta, “pois jogadores mais importantes que ele fizeram ações benéficas e não se omitiram em momentos iguais a este, independentemente de credo, cor etc. Espero que não se torne uma pessoa arrogante e discriminador de nortistas, como os paulistas, que já trazem essa soberba de berço. É bom não esquecer que ele é um legítimo papachibé”.
Antonio Barros lamenta que “pessoas que têm tanta fama e prestígio dêem tão pouca importância às pessoas que tanto precisam. Mal eles sabem as oportunidades que perderam para agradecer a Deus o que lhes foi dado, através do seu talento”. Atribui a atitude dos jogadores à falta de amor ao próximo: “Apesar de serem jovens, já deveriam estar exercendo a cidadania ao invés de ficarem perdendo tempo com pagode fora de hora”.
Além de deplorar o incidente, Júlio Cezar Menezes critica o que considera atos de dissimulação por parte dos chamados “atletas de Cristo”. Segundo ele, “para a grande imprensa se mostram os donos da verdade, onde podem julgar tudo e a todos, mas que de certa forma são piores do que aqueles que cometem insanidades e têm vida desregrada”.
Menezes avalia que alguns “desses mocinhos” são tão ou mais errados do que os “bad boys” do nosso futebol. “Carrões, louras, mansões, bebida, pagode e esbanjamento são a marca registrada desses deslumbrados da bola. Crianças pobres que ficaram ricas de repente e que não sabem administrar tudo isso. É pena ver que o Paulo Henrique está se deixando influenciar por esses falsos profetas”, observa.
Pondera que, por trás do episódio de quinta-feira, existem problemas mais profundos, como a ausência de estrutura familiar, psicológica e emocional para enfrentar o turbilhão de acontecimentos e novidades que aparecem na vida dos ídolos dos gramados: “Isso faz com que eles se tornem pessoas preocupadas apenas consigo mesmas, com seu mundo de riqueza e ostentação. Não há noção do que é solidariedade, compaixão, bondade, assim como se esquecem do lugar de onde vieram”.
É bom dizer que, mesmo às pressas e sem maiores explicações, Neymar e Ganso se desculparam pelo ocorrido. Apesar de tudo, já é um começo.
 
 
O Paissandu, desfalcado de dois importantes jogadores (Sandro e Moisés), enfrenta o Ananindeua hoje à noite, na Curuzu. Mais que a busca pelos três pontos, Charles vai aproveitar para entrosar Tiago e Marquinhos: como Fabrício foi barrado, a dupla deve se encarregar da criação no Re-Pa. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 6)

6 comentários em “Coluna: A rebordosa do pagode

  1. Oi Carlos Berlli; A causa não é tão alheia assim, como você fala. Afinal, a solidariedade não é um objeto descartável e sim ,demonstração de pelo menos, um pouco de amor pelo nosso próximo,mesmo que esteja distante

    Curtir

  2. “Espero que não se torne uma pessoa arrogante e discriminador de nortistas, como os paulistas, que já trazem essa soberba de berço.”

    Acusar “os paulistas” dessa forma não é, também, discriminação?

    Aliás, ô coisa chata esse complexo de vira-lata. O assunto é o grupo de jogadores que não entrou num lugar por causa de religião e mesmo assim o povo consegue incluir o “preconceito contra o Norte” no meio.

    Curtir

  3. Não fui claro ou fui mal interpretado. Quis dizer que este assunto já passou do ponto. Já houve pedido de desculpas por parte de Ganso e Neymar. Agora assemelhar a preconceito foi D+.

    Curtir

    1. Carlos, só pra esclarecer que eu concordo contigo. O meu comentário foi em cima de um trecho do texto, dá uma olhada lá que tá entre aspas:

      “Espero que não se torne uma pessoa arrogante e discriminador de nortistas, como os paulistas, que já trazem essa soberba de berço.”

      Curtir

Deixar mensagem para Carlos Berlli Cancelar resposta