Ronaldo Fenômeno destacou o dedo médio – o cotôco velho de guerra – como resposta a supostas ofensas de torcedores, logo depois da derrota corintiana para o Paulista de Jundiaí. O gesto foi registrado pelas câmeras e, a partir daí, ganhou o mundo. Existem ídolos e ídolos, já diria o outro. Ronaldo, que ainda é muito admirado, mas há muito deixou de ser atleta profissional, começa a travar contato com o lado negro da força, colhendo os previsíveis infortúnios da decadência técnica.
Nos esportes em geral e no futebol em particular, a decrepitude de um atleta vem sempre acompanhada da incompreensão dos antigos fãs. Quanto maior a fama mais tortuosa torna-se a caminhada rumo à aposentadoria, o que traz sempre embutida uma boa dose de justiça.
Astros que enriqueceram, foram aclamados e tiveram o mundo correm o risco de pagar, no fim da carreira, o alto preço das expectativas não preenchidas. O torcedor, qualquer um, de qualquer país, sempre espera mais de seus ídolos, mesmo quando eles visivelmente já brigam com a balança e perderam o brilho da velha chama. Os corintianos, que acreditaram no “projeto Ronaldo”, começam a descobrir – com irritação – que marketing não ganha jogo. O segredo é parar na hora certa, embora seja naturalmente difícil definir esse momento.
O gesto, humano e compreensível, de reação irritada a um insulto passaria em brancas nuvens em outros tempos, quando não havia telefone celular (com câmera fotográfica), internet ou patrulhas politicamente corretas. A repercussão mundial do episódio atesta que Ronaldo continua a gerar notícia, porém acentua a necessidade de preservação da imagem.
Na condição de celebridade do futebol, quase um ex-jogador em atividade, o fenomenal recordista de gols em Copas do Mundo deve saber que o que lhe resta de sobrevida nos gramados virá naturalmente junto com cobranças implacáveis. O prazo de validade já está por vencer e o pecado da insistência costuma cobrar um alto preço.
Romário é um triste exemplo dessa longevidade forçada, que pode até gerar algum dinheiro, mas quase sempre arranha a biografia. Na ânsia de contabilizar 1.000 gols, o Baixinho submeteu-se a uma desatinada cruzada pelos campos, prorrogando uma carreira que havia acabado pelo menos quatro anos antes. Só o tempo vai dizer o quanto custou essa imprudência. Ronaldo vai seguindo um script parecido, infelizmente.
O Remo, com escalação alterada e de crista baixa pelos últimos insucessos, roeu uma pupunha para derrotar o Ananindeua, ontem, no Baenão. Chegou a fazer 2 a 0, mas cedeu o empate em cochilos da zaga. Joãozinho, que sabe das coisas, fez um gol de pura habilidade. Vélber, aos 45 minutos, garantiu a vitória remista. Registre-se que o Ananindeua ficou com 10 homens desde os 15 minutos do 2º tempo. Marlon jogou na lateral-esquerda, substituindo o execrado Paulinho, e foi o melhor do Remo. Muito pouco para um jogo considerado fácil. Giba, que viu tudo, deve estar cabreiro.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO) desta sexta-feira, 26)
Seria muita petulância de Ronaldo ainda ensejar uma convocação para seleção, embora todos nós saibamos que isso não acontecerá. Adriano é outro com dias contados. A frente das câmaras chora jurando inocencia nos episódios vergonosos em que se envolve, sorte dele que tem feitos gols que amenizam sua barra.
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É caro Gerson, Romário foi teimoso ao continuar, mas jogou um futebol acima da média dos atacantes do Brasil até os 36, quando foi artilheiro (mesmo que forçado) do brasileiro A. Ronaldo terminou em 2002, quando acima do peso disputou uma copa do mundo para alcançar uma marcar (maior artilheiro das copas). Com certeza, Romário, se tivesse disputado três copas seguidas como titular poderia ter feito o mesmo ou mais, pois atacante por atacante Romário era de longe mais técnico e inteligente, não por acaso seu jogo se adaptou conforme a idade, primeiro a explosão, depois pequenas explosões dentro da área, depois boa colocação dentro da área e por fim o oportunismo (ou banheira mesmo). Não sei por que (você não falou disso) insiste em colocar Ronaldo a frente de Romário.
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Por essas e outras é que guardo no coração ídolos que souberam, oportunamente, a hora certa de parar.
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