A tarde de quarta-feira foi especial para um brasileiro. Kaká finalmente quebrou o jejum e assinalou o primeiro gol (de pênalti) com a camisa do Real Madrid logo na quarta partida disputada. Além de estufar as redes do Borussia Dortmund, o meia-atacante novamente esbanjou categoria e intimidade com a redonda. Fez lançamentos inspirados, aplicou dribles verticais como gosta e deu um passe de letra para o atacante Granero marcar um dos gols da vitória de 5 a 0. Em suma, arrebentou.
Tudo o que podia ser dito sobre Kaká, em termos superlativos, já foi expressado pela apaixonada imprensa de Madri, que devota ao craque paulistano atenção maior do que à super estrela Cristiano Ronaldo. Os jornais Ás e Marca estampam todos os dias matérias de capa com o brasileiro, privilégio que não é dado ao atacante lusitano.
Fiquei de olho nas imagens do jogo, esperando para ver o instante da comemoração de Kaká. Estava curioso para conferir informações de colunistas espanhóis, além da posição oficial de Jorge Valdano, dirigente do Real, sobre a sempre delicada relação do craque com a religião.
Prevaleceu a determinação do tradicional clube de Madri. Em recente passagem pelo Brasil, acerca das especulações sobre a contratação de Kaká, o ex-goleador argentino foi sucinto e claro: o Real não negocia, nem aceita qualquer burla ao sagrado direito de imagem. Entenda-se, nesse caso, a imagem do clube.
Segundo ele, ninguém quer saber o que os jogadores fazem para ocupar seu tempo quando não estão em atividades do clube. Apesar disso, os dirigentes estão sempre atentos a qualquer deslize e recomendam que seus contratados se preservem ao máximo. Isso significa, por exemplo, que bandeiras religiosas sejam cuidadosamente limadas da relação com o futebol. O sujeito pode ir aos cultos, pagar o dízimo e exibir seus troféus no púlpito da igreja, mas jamais pode envolver nisso a imagem do Real.
Da mesma forma, mantém rigorosa vigilância sobre as categorias amadoras, onde tudo começa. Os jovens não podem se tatuar, nem usar brincos ou outros adereços espalhafatosos. Ao Real interessa que seus atletas dignifiquem a alvura imaculada de sua camisa. E nada de pitacos políticos ou declarações sobre temas controversos de qualquer gênero. Tudo está previsto em contrato, minuciosamente, para evitar surpresas.
No jogo de ontem, ficou provado que a coisa é séria – e funciona. Nem sinal da já famosa camiseta com a inscrição “I Belong to Jesus”, que Kaká tanto gosta de exibir pelos gramados (fazia isso no Milan e ainda faz na Seleção). Proselitismo evangélico somente será permitido quando o astro estiver bem longe do Santiago Bernabeu. Manda quem pode, obedece quem sabe das coisas – assim é a vida no Real.
Em alta no clube, Valter Lima reassume o S. Raimundo como quem volta para Pasárgada. Na manhã de hoje, em Santarém, comanda os últimos treinos para o jogo decisivo de domingo contra o Gênus, pela Série D. Leva junto o meia Michel, que foi a principal arma do Pantera no campeonato estadual, mas de passagem tímida pelo Paissandu na Série C.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 20)
Meu caro Gerson Nogueira,
boa tarde!
após os fracassos retumbantes de Remo e Paissandu, não está na hora da imprensa da capital valorizar um pouco mais o único time paraense que participa de uma competição nacional, no caso o São raimundo, com reais chances de conquista, e que pode estar junto com Águia e Papão na série “C” do próximo ano.
sds
Amarildo José
Santarém-Pará
Estamos fazendo exatamente isto nos veículos do grupo RBA, Amarildo. Aliás, essa cobertura vem desde o começo da competição e não apenas pelo fato de o S. Raimundo ter ficado como representante solitário do Pará.