Seria apenas engraçado se não fosse preocupante. Refiro-me ao depoimento do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, sobre vários temas relacionados com o futebol brasileiro. Surpreendente, pela fluência (e os sorrisos), a fala do chefão tem o defeito de deixar em aberto questões espinhosas, de difícil explicação pública.
Mais que isso: soa estranhamente irônica pelo distanciamento assumido por Teixeira em relação às mazelas do negócio futebol no Brasil. Investido do papel de presidente do Comitê Organizador da Copa de 2014, preferiu assumir a cômoda condição de observador da cena nacional, fazendo críticas pontuais à gestão dos clubes e apontando especificamente falhas na política de contratações.
Ora, não é possível dissociar a CBF (e Teixeira) dos destinos do futebol no Brasil. Estão unidos umbilicalmente, até porque o poder da entidade deriva justamente do prestígio e do trabalho desenvolvido nos clubes, que estão na base da pirâmide e são responsáveis pelo sucesso que o esporte alcançou no país desde o começo do século passado.
Ignorar esse fato histórico é atentar contra a realidade e o bom-senso. Teixeira, por exemplo, disparou contra a desordem administrativa dos grandes clubes do Rio. Acertou no alvo, embora não seja propriamente uma novidade.
O problema é que Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco são exemplos perfeitos do modelo adotado no país para lidar com o futebol – e isso tem o beneplácito e a aceitação da CBF e das federações estaduais, que jamais moveram uma palha para fiscalizar ou pelo menos alertar dirigentes. Posar de engenheiro de obra pronta é sempre mais conveniente.
Teixeira ainda precisa falar, fazendo um necessário mea-culpa, sobre o papel e a omissão da confederação nos desmandos que marcam a condução do futebol no Brasil. Algumas perguntas óbvias. Por que a CBF enriquece na mesma proporção em que seus representados empobrecem? Por que a entidade jamais se interessou em criar mecanismos que reduzam a exportação abusiva de jovens talentos? O que levou à criação de duas novas divisões no futebol nacional sem o devido suporte aos clubes participantes?
Caso se disponha a tratar desses e outros temas talvez nem precise ficar justificando o injustificável: o pedido de socorro ao governo federal para patrocinar a farra de gastos que será a construção de estádios faustosos (futuros elefantes brancos) para a Copa de 2014.
Cálculos preliminares, feitos por um diretor do clube, indicam que o Paissandu acumulou prejuízo em torno de R$ 580 mil durante a campanha da Série C. Estão inclusos na conta os custos da folha salarial, despesas de viagem e hospedagem e a gratificação de R$ 50 mil pelo empate sem gols com o Sampaio, em Codó, que classificou o time à segunda fase. Esses números, se realmente confirmados, avalizam a decisão de suspender as atividades até dezembro.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 19)
Gérson,
O saqueador-mor do futebol brasileiro, Ricardo Teixeira, até que disse umas verdades cruéis, só esqueceu – ou melhor, se omitiu – de dizer que é um dos que ajudam a manter o atual estado de coisas – nem tão atual assim – do futebol pentacampeão do mundo.
Lembro quando as chamadas Copas Regionais começaram a encorpar e cairem no gosto do torcedor, como a nossa Copa Norte, a Copa Sul-Minas, a Copa do Nordeste, a Copa Centro-Oeste e o Torneio Rio-São Paulo. Quando a CBF e as Federações Estaduais começaram a perceber que estavam minando as estruturas de sustentação de seus poderes e prestígios, dando um tiro em seus próprios pés, uma vez que tais competições começaram a serem organizadas em Ligas – e a pioneira foi a Copa Sul-Minas, se não me engano – e os Estaduais começaram a esvaziar, o que os dirigentes fizeram? Decretaram o fim das Copas Regionais e devolvem aos Estaduais a “importância” que sempre tiveram.
Nosso futebol só vai mudar se os clubes se profissionalizarem ao extremo e declararem independência do binômio Federações/CBF, uma vez que esta é a principal combinação que sustenta as mazelas dos clubes, e por conseguinte, do futebol nacional.
Abraços!
Está ai o que esses jogadores deixaram para o clube “prejuízo”, e depois tem o presidente querendo doação através da conta de energia, cobrando ingresso a R$20,00 para assistir esses jogadores se arrastarem no campo, no confortável e moderno estadio que é a curuzu. A paciência já acabou. E pelo amor de Deus vamos contratar desde já um preparador fisico para que no proximo ano, os “craques” que pintarem na curuzu possam pelo menos correr dentro de campo, pois esperar um bom nivel tecnico e ser muito otimista, afinal enquanto for pra jogar na serie C e levando em consideração a competencia e o critério que essa diretoria contrata os jogadores, com muita sorte teremos um time no maximo 15% melhor que esse.
Desta vez concordo com o LOP
LOP parece que sofre de transtorno bipolar. Hoje ele apareceu todo risonho no programa do Matoso dizendo que vai “passar o cadeado” no clube e só voltar ano que vem. Mandou muitos recados e soltou diversas indiretas. “Não vou fazer amistosos ridículos como o Remo”, disse. Está certíssimo!
O Remo está pagando para jogar nestes amistosos patéticos no interior. Realizando um amistoso por semana pela vultosa cota de dez mil reais, o time arrecada pífios quarenta mil por mês. Porém gasta cento e setenta entre salários e encargos. Que belo investimento! E agora querem que o Paysandu embarque na mesma canoa furada!
“Ah, mas os patrocinadores não vão gostar”, lembrarão alguns. E o time deve arcar com os prejuízos? O calendário é mal feito. Um campeonato que acaba em setembro foi feito com a nítida intenção de desestimular os clubes, pois a CBF deseja cuidar apenas das séries A e B. É justo um clube pagar para jogar?
Ninguém é ingênuo. O discurso feito por alguns não é em defesa “dos patrocinadores”, mas das rádios, que só faturam se transmitirem jogos. Por isso o sacrifício absurdo imposto ao Remo de virar um time mambembe e saltimbanco e LOP sabe disso e deixou bem claro com ironias no SBT. Os clubes estão falidos e não podem arcar com os prejuízos dos patrocinadores e muito menos das rádios, estas em situação financeira igualmente precária agora que a Cultura transmite os jogos para a capital e Remo e Paysandu a cada ano entram de férias mais cedo… Vejo que, em Belém, as rádios não se contentam em apenas opinar. Querem mandar nos clubes e por vezes conseguem interferir na vida dos mesmos. Dão pitaco até nas viagens dos times nos jogos fora de casa. Dizem onde devem se hospedar, que companhia aérea devem usar, que horas devem sair etc. Pra não falar de outras interferências desastrosas envolvendo mudança de treinador.
Notaram que não existe mais nenhum fã do Valtinho?
Felizmente o Bicolor desta vez não será subserviente. Isso por enquanto, pois sabemos que LOP muda de idéia a cada segundo.
Também concordo que o Paysandu feche pra balanço e só volte em novembro. Não existe mais fãs do Valter, mas os adoradores do Givanildo voltaram depois que ele subiu o América Mineiro. E pensar que há pouco tempo atrás, quando estava no Papão, o cara foi defenestrado por esses mesmos que hoje estão reconhecendo seu valor. Lembro que, na época, quando Giva perdeu aquele jogo para o Águia no Paraense do ano passado, disseram que o técnico estava ultrapassado. Cambadas!