A milhas de distância de sua torcida, o Paissandu tenta hoje o milagre da auto-superação. Sim, porque o desafio não é apenas passar pelo Icasa, conquistando o acesso à Série B, mas enfrentar (e vencer) os próprios limites técnicos de um time que não se renova desde o campeonato estadual.
A estratégia, até ontem, estava mais ou menos montada num 4-4-2 flexível o bastante para se transformar em 4-3-3, se houver necessidade – e é quase certo que haverá. Na defesa, caso Rogério seja confirmado, praticamente não há mudança, mas do meio em diante as coisas se alteram por completo em relação ao último jogo.
Valter Lima esboça a escalação de uma forte linha de marcação (Mael, Paulo de Tárcio e Lê) para dar sustentação a Zeziel e Vélber, que terão funções mais ofensivas, juntando-se a Torrô na batalha contra a defesa do Icasa, que joga com três zagueiros.
No primeiro jogo em Belém, os ataques à moda antiga, com cruzamentos da linha de fundo e tentativas pelo centro da área, não deram o resultado esperado. Por isso, Zé Carlos deve ficar como alternativa para o segundo tempo. Torrô, pela mobilidade, ganhou a condição de titular. Balão é outro trunfo para reforçar as ações no meio, caso Zeziel e Vélber não sejam suficientes para tornar o Paissandu realmente agressivo.
Pelo que se viu ao longo do campeonato, o sucesso da missão Juazeiro dependerá em grande parte do comportamento do trio de marcação. Caso essa aposta funcione efetivamente, boa parte da força do Icasa será anulada e o Paissandu terá mais espaço e tranqüilidade para procurar o caminho da vitória – que é difícil, mas não improvável.
O Flamengo compra espinhosa briga com a CBF ao exigir justa reparação pela perda do volante Kléberson quando a serviço da Seleção Brasileira, no caça-níquel do meio da semana, contra a truculenta seleção da Estônia. Na Europa, a compensação aos clubes é aceita com normalidade pelas federações nacionais.
Há, inclusive, o exemplo de Michael Owen, que se contundiu gravemente defendendo a seleção inglesa e teve seu período de ausência dos gramados indenizado regiamente – defendia o Chelsea. No basquete americano, sempre avançado em termos de relação profissional, os clubes dificultam a cessão de seus craques às seleções, impondo pesadas multas contratuais para contusões graves.
Por aqui, a relação de eterna dependência entre os clubes e a CBF sempre inviabilizou qualquer cobrança. Não faltam casos de jogadores lesionados na Seleção cujos clubes arcaram com todos os prejuízos – inclusive quanto a despesas de tratamento – sem dar um pio.
O esperneio do Flamengo, se levado a cabo, inaugura um novo modelo de relação com a intocável CBF, que costuma reagir com rispidez (e represálias) a qualquer projeto de rebeldia dos clubes a ela subordinados. Há na entidade a crença de que, ao convocar jogadores em atividade no Brasil, presta-se imenso favor aos clubes, visto que o escrete sempre valoriza a mercadoria, o que é uma triste verdade.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 16)
Gerson, vc tem certeza que os técnicos caseiros que vc citou numa resposta a um dos leitores teriam sido mesmo campeões paraenses com o Paysandu? Mas que time esses técnicos formariam para esse intento?
Outra coisa que não entendi: vc disse que o Gaúcho (mesmo com a tarimba que tem nas costas) se iludiu com o campeonato paraense e achou que o mesmo elenco dava para o brasileiro, e que por isso não quis contratações e se deu mal. Aí depois você disse que o presidente bicolor fez o certo em contratar o Valter porque ele foi o melhor treinador do paraense, mesmo campeontao que vc disse não ser parâmetro para brasileiro.
Aí não entendi mais nada. O paraense é ou não é parâmetro?
Jurei que não tocaria mais nessas histórias, Diogo. Mas, enfim, vamos lá. O time que o Paissandu usou no campeonato seria campeão com qualquer um no comando. Os “reforços” que EG trouxe foram Córdova, Roni & Luciano, Alexsandro e Zé Carlos. O Rossini foi a diretoria que trouxe e ele aceitou. O Reinaldo, idem. Convenhamos, dos importados por ele nenhum faz a menor diferença e você sabe disso. Segundo ponto: não vejo toda essa tarimba no EG (cadê os títulos nacionais?) e a opção por não trazer nenhum reforço foi dele mesmo. Nao disse que o Parazão é parâmetro para coisa alguma, apenas compreendo que, nas circunstâncias, o Luiz Omar não tinha para onde correr – e, por uma questão natural, tinha que voltar suas vistas para o mercado local. E aqui, sem dúvida, o Valtinho era o nome mais destacado. Não falei de parâmetros, fiz referência à conveniência. É bem diferente.
Diogo, esqueça isso amigo, quando vc disser sim o Gerson vai dizer não e quando vc disser não o Gerson vai dizer sim. O mais importante é o que a maioria pensa, só isso. Aliás, Reinaldo foi contratação sim do Edson Gaucho, assim como Zeziel, Torrô. Mael e dadá, ele aprovou, se não teria mandado embora. O grande problema é que esses técnicos seriam campeões sim, mas depois que o Edson Gaucho deu conjunto a esse time, ou vc pensa que um desses técnicos teriam competência para trazer Zeziel, Zé Carlos, Luciano, Torrô, Reinaldo, Alexandro, Roni, Dadá…. e, alem disso dar o conjunto que essa equipe tinha?
Cláudio,
A graça da vida é que nem todos concordam com o que pensamos. Seria chato demais se houvesse concordância em tudo.
Éguaaa, Cláudio. Você acha que Luciano, Roni, ZéCarlos, Alexsandro & cia. significam competência na escolha? Francamente, realmente temos outra visão do que seja bom futebol. Por isso, lamento, mas fica difícil concordar com você.
Mas vc Gerson, foi a pessoa que mais elogiou o Zé Carlos aqui, inclusive criticou o técnico quando ele o tirou nas finais do Parazão. De repente, o Gaúcho foi embora e o Zé Carlos parou de fazer gol, mesmo assim continuou titular. Ou seja: o cara se sentiu soberano e insubstituível.
Maciel,
Elogiei o Zé Carlos no campeonato, pois era a única opção de área que havia naquele time (o Reinaldo entrou, mas não me convenceu). Fazia gols sempre aproveitando cruzamentos para a área. É, obviamente, um jogador limitado, que funcionou no Parazão. Mas, para a Série C, o Paissandu não podia depender dele e de Torrô, apenas. Isso é mais do que óbvio.
Mas quando o Zé Carlos fez gol no Sampaio, no Rio Branco e Luverdense, vc sempre lembrava de que ele era o cara para ficar ali na frente. Isso foi no Brasileiro!
Sem dúvida, Diogo. O Zé Carlos era o único atacante disponível, o único cabeceador de fato de todo o time. E uma das táticas mais primárias no futebol é mandar bola pra área para o cabeceio. No sufoco em que o Paissandu vivia, ele era a melhor opção para esse time de jogada. Quando ressaltava isso estava avaliando o contexto, mas jamais o destaquei como um superatacante, um craque indispensável. Nas circunstâncias, era o melhor possível. Apenas isso.