Coluna: Saudosismo e equívoco

Um fenômeno interessante ocorre com o Paissandu. Metade da torcida comemora efusivamente o feito da equipe, que conseguiu se classificar empatando com o Sampaio Corrêa, em Codó, em circunstâncias adversas. A outra metade, saudosa do ex-técnico Edson Gaúcho, prefere atirar pedras no técnico Valter Lima e resmungar contra o jeito de atuar do time – como se antes, na própria Série C, o desempenho do Paissandu tivesse sido assim tão esplendoroso.  
Torcedor, como se sabe, é capaz das reações mais estapafúrdias. Ao mesmo tempo em que atinge o nirvana com pequenas vitórias, pode também menosprezar grandes momentos, e uma semana depois (às vezes, antes) já mudou de ideia. O problema é que a “gripe gaúcha” insiste em virar epidemia, afetando e tumultuando o presente do clube.
Nessa espécie de banzo pelo antigo treinador há um viés contraditório: o bom resultado obtido pelo time de Valtinho foi recebido pelos saudosistas com reservas, desdém e críticas ásperas, como se Gaúcho fosse mais importante que o próprio clube.
O fato é que o Paissandu, mesmo aos trancos e barrancos, passou à segunda etapa da Série C. Tem chances concretas de passar pelo Icasa, adversário do primeiro mata-mata. Se isso ocorrer, sobe automaticamente para a Segunda Divisão em 2010.
Não poderia haver cenário mais positivo, levando em conta toda a problemática que ronda o falido futebol profissional. Chegar à Série B é o primeiro passo para soerguer o Paissandu e, por tabela, o próprio futebol paraense, que viveu dias de Primeira Divisão.
Tudo bem que o time não é de encher os olhos e está muitos furos abaixo de outros esquadrões já formados pelo Paissandu. Contra o modesto Sampaio essas limitações vieram à tona, forçando postura cautelosa em campo. Aliás, em outros tempos, quando a dupla Re-Pa reinava na região, a “batalha de Codó” não seria cercada de tantos receios e fantasmas.
Acontece que as coisas mudaram e a realidade financeira do clube só permite reunir elenco desse nível, com jogadores rejeitados em outras divisões e alguns valores regionais. Administrar futebol exige competência e responsabilidade. E o Pará já pagou um alto preço pelas mãos de dirigentes afoitos e perdulários.    
 
 
Léo Moura fez o gol de empate e saiu xingando, distribuindo palavrões de todo tipo, como resposta às vaias que recebeu da torcida do Flamengo ao longo do jogo contra o Náutico. O protesto é compreensível, mas comprar briga com a maior galera do país é insano. Nem Zico, do alto de toda a glória de semideus da Gávea, teria o topete de agir assim. Aliás, pela sólida formação que sempre demonstrou ter, o Galinho jamais cruzaria a fronteira entre o desabafo legítimo e o insulto gratuito.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 04)

24 comentários em “Coluna: Saudosismo e equívoco

  1. Olha só o que o Presidente do Icasa fala sobre o Paysandú:

    “Vamos encarar com a mesma responsabilidade que encaramos os outros adversários. Acho até que o Salgueiro (que fez parte do grupo do Verdão do Cariri na primeira fase da competição) é mais difícil que o Paysandu. O Salgueiro era quase imbatível em casa e nós nos saímos bem. Estou usando o Salgueiro como exemplo, mas poderia ser qualquer outro time, pois nós perdemos apenas uma partida nessa competição. Todo e qualquer time nessa Série C é difícil. A única diferença que existe entre o Paysandu e os outros clubes é a questão da tradição, só isso. O futebol do Icasa, hoje, é o melhor do Brasil, os números comprovam”.

    http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=659459

    O cara tá se achando com esse time dele. “Melhor time do Brasil”? No domingo na Curuzú vamos calar a boca desse fanfarrão.

    1. A soberba é a ante-sala da derrota, já dizia Mestre Oswaldo da Paixão, eterno técnico-filósofo do altaneiro Baião Atlético Clube (BAC).

  2. Realmente, Gerson, as viúvas do Gaúcho não esquecem o cara. Qual o grande jogo do Paysandú sobre o comando dele nesse brasileiro? Diria que apenas o primeiro tempo contra o Águia em Marabá. De resto, time se arrastando em campo, e só vitória sem convencer. Acredito plenamente no acesso.

    1. Sylvio,
      O pior é que nos obrigamos a ter que ficar voltando ao tema, dando importância a um personagem menor, por extrema necessidade de abrir os olhos de quem insiste em ser apenas turrão. A hora é de unir forças, jamais dividir.

  3. A torcida, o Valter e o plantel tem que encarar estes dois jogos como um outro campeonato, por isso, deve-se apoiar totalmente e incondicionalmente o PSC para estes dois jogos. Quanto a soberba do presidente do Icasa, precisamos ressaltar que tradição ganha jogo e campeonatos, se não fosse assim a Itália não seria tetracampeã do mundo. Por isso, acredito que bem preparado taticamente para enfrentar o adversário o PSC tem tantas chances quanto eles. Os números do Icasa agora pouco dizem se dissesem eles ja estariam na B. O PSC, que fazia uma fantástica campanha na libertadores, perdeu para o Boca, que se classificou aos trancos e barrancos, em Belém pela tradição e determinação tática.´Vamos subir Papão!

  4. A torcida, o Valter e o plantel tem que encarar estes dois jogos como um outro campeonato, por isso, deve-se apoiar totalmente e incondicionalmente o PSC para estes dois jogos. Quanto a soberba do presidente do Icasa, precisamos ressaltar que tradição ganha jogo e campeonatos, se não fosse assim a Itália não seria tetracampeã do mundo. Por isso, acredito que bem preparado taticamente para enfrentar o adversário o PSC tem tantas chances quanto eles. Os números do Icasa agora pouco dizem se dissesem eles ja estariam na B. O PSC, que fazia uma fantástica campanha na libertadores, perdeu para o Boca, que se classificou aos trancos e barrancos na primeira fase, em Belém pela tradição e determinação tática.´Vamos subir Papão!

  5. Tá bom Gerson, então no tempo do Gaucho tinha dinheiro para contratar e ele não queria e, agora, na era Valtinho, não tem. Penso que a Imprensa que fez toda essa besteira com a saída do Edson, a única coisa que resta é apoiar quem ela colocou lá, sob pena de continuar a ser duramente criticada por nós, maioria dos torcedores, nem que pra isso tenha que inventar qualidades para o Técnico. Tá ficando esquisito inventar tantas coisas sobre o Valtinho, pois com esse apoio exagerado e, sem merecimento, qualquer treinador vai pra frente. O Torcedor bobo, diminuiu e muito.

    1. Bem, Claudio, a “imprensa” não botou ninguém lá, demitindo um ou contratando outro. Aliás, essa história não tem sustentação na lógica, é ingênua por completo, pois significa subestimar (de verdade) como funciona a engrenagem do futebol profissional entre nós. E não me refiro ao Valtinho para encher bola ou exagerar nas tintas, só não concordo que o ex-técnico estivesse fazendo um trabalho tão maravilhoso. Se o Valtinho vacilar, não tenha dúvida de que irei criticar com a mesma presteza com que critico qualquer um.
      Quanto ao detalhe das contratações, vamos ser fiéis aos fatos, meu caro: Edson Gaúcho declarou várias vezes, publicamente, com aquela empáfia que lhe é peculiar, que o grupo estava “fechado” e era suficiente para a Série C. Pura potoca, para ganhar simpatia de jogador, como o tempo mostrou. Se havia grana pra contratar ou não, eu não sei. Mas EG foi o advogado da causa. E o Valtinho pegou o bonde andando, não esqueça disso. O que não dá pra entender é o torcedor malhando o novo técnico só porque ficou descontente com a saída do outro. Maçaranduba é mais importante que o Paissandu???

  6. GERSON, você diz: “TORCEDOR, COMO SE SABE, É CAPAZ DAS REAÇÕES MAIS ESTAPAFÚRDIAS”.

    Aí lhe faço um uma constatação que já é PÚBLICA e NOTÓRIA: “FOI-SE O TEMPO EM QUE O CRONISTA ESPORTIVO ERA DISCIPLINADAMENTE IMPARCIAL. NOS DIAS DE HOJE ELE TAMBÉM É UM TORCEDOR”.

    CONCLUSÃO: “TODOS ESTÃO SUJEITOS Á REAÇÕES MAIS ESTAPAFÚRDIAS, ENTRE O DESPREZO E O NIRVANA”.

    CERTO BOTAFOGUENSE ???

    …rsrsrs…

  7. Gerson, se o Paysandu tivesse trazido um treinador com melhor desempenho e currículo do que o Gaúcho, ninguém estaria aqui chorando a saída do ex-técnico. O fato é que se estava tão ruim assim com o Gaúcho, vcs têm que admitir que o desempenho do time ficou pior sem ele. A impressão que dá é que toda essa defesa que vcs da imprensa fazem do Valter Lima é para não querer admitir o obvio. Até vc Gerson. Lembro que vc fazia suas críticas à atuação do time, mas reconhecia a importância dos resultados. Mas agora, parece que o Gaúcho fazia tudo errado. Tenho certeza que se fosse o Gaúcho que tivesse classificado o time do jeito como foi, todo muito tava baixando o sarrafo no cara. Mas como foi o gentil, boa praça e “estudioso”…

    1. Sandra,
      A memória do torcedor é débil e enganosa. Não sei se você recorda, mas Givanildo Oliveira foi demitido às vésperas da campanha na Libertadores. O Tourinho trouxe o Dario Pereyra. Olha que o velho Giva tinha conquistado, pela ordem, o Brasileiro da Segunda Divisão/2001, a Copa Norte e a Copa dos Campeões (em decisão fora de casa, é bom não esquecer!!!). Pois não lembro de nenhum chororô da torcida por Givanildo na hora em que foi afastado. Foi como se estivesse saindo um técnico qualquer, um Gaúcho desses aí… Não, estava saindo de cena o maior treinador da história do Paissandu e, quiçá (gosto deste termo), do futebol paraense. O mais vitorioso de todos. E ninguém chorou uma lágrima. Vem daí o meu espanto por essa verdadeira comoção pela partida do EG, que ganhou um Estadual rebe-rebe e foi mal das pernas na Série C, sem uma atuação convincente sequer, insistindo com uma defesa que parecia tábua de pirulito. Será que o torcedor foi injusto com Givanildo, não o pranteando como merecia, ou simplesmente está perdendo as referências? É um caso para reflexão.

  8. Eu chorei, Gerson. Já lhe falei. Se houvesse um espaço democrático como esse naquela época vc saberia. Mas é bom lembrar que o Dario fez uma ótima campanha na Libertadores, ou seja, não houve queda de produção.

    1. Houve queda, sim. E olha que o time foi bastante reforçado, principalmente com a chegada de Robgol e Iarley. A análise é do próprio Tourinho, que várias vezes comentou isso comigo e até publicamente.

      1. Confere, Sylvio. Entre Givanildo e Dario, veio Hélio dos Anjos. Obrigado pela correção.

  9. Quem assumiu pós Givanildo em 2002 foi Hélio dos Anjos, e livrou o Paysandú da queda. Dario Pereyra veio só em 2003, pra montar o time da Libertadora.

  10. Todo técnico gostaria de trabalhar assim…

    Quando Valtinho acerta, é mérito dele. Quando erra, a culpa é do Gaucho, que deixou um time ruim. Assim!… De repente Valtinho agora virou um “estrategista”, depois do “nó tático” que aplicou na brilhante equipe do Sampaio Corrêa. A idéia dos cones que colocou no gramado de Codó, saudada como brilhante, é ridícula e amadora. Torcedor que critica o time vira logo “secador enrustido”, mas aqui vai um dado sobre o Sampaio (e que por conveniência acabou omitido): foi o único time a não marcar gols na frágil defesa do Paysandu, que sofreu tentos em TODOS os demais jogos.

    Todo treinador gostaria de trabalhar com essa proteção. É claro que a imprensa está blindando o Válter Lima, pois não pode admitir que foi um erro a sua vinda para o Paysandu. Não se vê melhora alguma na equipe.

    Vou citar um caso parecido. Alguém ainda lembra do “conceituado” Bagé? Foi rebaixado com o Remo e, apesar disso, inventou-se que era o melhor do mundo, “talhado para o Remo”. Agora ninguém assume a criança, mas na época, Bagé era amado, idolatrado, os elogios tecidos a ele eram intermináveis. A medida que o time ia mal no parazão, a mentira se desfazia. Seus adeptos foram minguando até que desapareceram inteiramente. Hoje, o que se diz do Bagé? “Um dos piores que já passaram por aqui, um engodo” etc, isso dito pelos que à época o apoiaram…

    Com o Valtinho ocorre o mesmo. Um falso apoio, por força das circunstâncias e interesses. A história se repete.

    1. Mauro,
      De minha parte, não apoio nem combato o Valter Lima, da mesma forma como procedi quando Gaúcho era técnico. E quem acompanha a coluna, o Bola na Torre e o blog sabe da minha postura enquanto ele foi o comandante do time. Sobre a situação atual, reafirmo: o Valtinho não é gênio, não é o Rinus Michels reencarnado, mas o cultuado e lamuriado EG não é nenhum Mourinho. Então, diante do nivelamento óbvio das coisas, prefiro o Valtinho, que é conterrâneo e pelo menos trata a todos com civilidade – desculpe, mas fui educado assim, aprendendo a valorizar o respeito pelas pessoas. Em caso de falhas por parte do novo técnico, não hesitarei em apontá-las. Sobre o tal nó tático (palavras suas), em Codó, acho que o Paissandu jogou conforme as circunstâncias, com as armas de que dispõe. E, nesse sentido, foi bem sucedido. Aliás, esse mesmo Sampaio, ainda mais baleado, deu um sufoco no EG aqui em Belém, lembra? O Paissandu ganhou por 1 a 0 num lance fortuito, de escanteio, logo no começo. Depois, foi envolvido, levou bola na trave e quase entrega o ouro. Eu estava no estádio, vi tudo de perto.

  11. Lembremos que o técnico campeão pelo Paysandu em 91 não era lá essas coisas e o time tambem, outra coisa, estamos disputando a série C, então não devemos esperar nenhuma maravilha, os times se nivelam sim, o que deve prevalecer é a torcida e a tradição

  12. É de emputecer ver uma parte e não a maioria como já escreveram acima, ainda remoer (credo) saudades do treinador passado.
    O momento é de união.
    O que temos é o Valtinho e será com ele que passaremos ou não.
    Peço aos verdadeiros torcedores do Paysandu, o Eterno Campeão dos Campeões (hoje tem bolo), que apoiem os que estão à frente dessa empreitada e deixem seus lamentos para depois desse mata-mata.
    Se o valtinho não conseguir o objetivo, caiam de pau em cima dele.
    Se conseguir e mesmo assim acharem conveniente, descarreguem em cima do mocorongo, mas PELO AMOR DE DEUS, deixem o homem trabalhar.

  13. Nivelamento entre Valtinho e Edson Gaucho, tá bom Gerson. A maior alegria que tenho é de ver que o torcedor não acredita mais na Imprensa Paraense e sabe perceber, hoje, quem é um bom profissional realmente. Se fizermos uma análise desde que o

  14. Nivelamento entre Valtinho e Edson Gaucho, tá bom Gerson. A maior alegria que tenho é de ver que o torcedor não acredita mais na Imprensa Paraense e sabe perceber, hoje, quem é um bom profissional realmente. Se fizermos uma análise desde que o Edson Gaucho saiu, aqui neste blog os torcedores que foram contra a sua saída e a contratação do Valtinho, foi de quase 90%. É só conferir. O Torcedor não é mais bobo.

  15. Galera, minha humilde opinião: acho o Gaucho, sim, melhor que o Valtinho. Acho melhor na competencia e na disposição para dar garra ao time. Principalmente num time que “se acha” mas falta técnica. Enfim, mas também acho que agora temos que valorizar o novo técnico, dar moral, levantar sua alto estima. Isso para que o Papão também cresça. Não temos outra opção. Tenho a seguinte filosofia para acreditar na classificação a série B. QUEM TEM FOME, BRIGA POR UM PRATO DE COMIDA. ATÉ MATA. Por isso, pra mim, o time bicolor tem que tudo pra conquistar as vitórias contra o ICASA. Temos que torcer pela volta do futebol do Velber, torcer pelo Michel deixar a timidez de lado e vestir de vez a camisa do Papão, a zaga jogar séria e ter sorte. Força Valtinho, força Papão!

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