Renan ou mídia: um certo estilo

Por Luís Nassif

Vamos entender melhor esse jogo de hipocrisias na campanha contra José Sarney.

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1. A Folha traz uma denúncia de empréstimos do BNB (Banco do Nordeste do Brasil) à TV Mirante, dos Sarney. A dívida está sendo questionada na Justiça, devido às cláusulas de correção cambial. O empréstimo foi concedido pelo BNB na gestão Byron, indicado pelo senador Tasso Jereissatti e homem de confiança do Ministro da Fazenda Pedro Malan. Questionamento na Justiça significa o banco contra Sarney, não necessariamente irregularidades cometidas na concessão do empréstimo.

2. Todos esses vícios de Sarney fazem parte de usos e costumes do Legislativo. Praticamente todos os senadores foram beneficiados por nomeações de parentes e outras benesses do poder. Mas a campanha é focada nele, não nas saídas para reduzir esse tipo de vício das práticas políticas brasileiras.

3. O governo Sarney marcou o auge do poder de Roberto Marinho. Não havia uma indicação de Ministro que não passasse por Marinho, conforme amplamente conhecido. Foi nesse período que a TV Mirante, de Sarney, conseguiu a concessão da Globo (assim como a TV de ACM). E a Globo conseguiu apoio irrestrito da Telebras.

4. No governo Sarney, a Folha se aproximou dele de tal maneira que lhe concedeu vinte anos de coluna no espaço nobre da página 2.

5. Agora que José Sarney ameaça renunciar, matéria da Folha mostrando a cúpula tucana (FHC, Serra e Aécio) tentando se aproximar dele. Renunciando, os ataques contra ele cessarão na hora, como cessaram contra Renan.

6. Em sua coluna de hoje, Clóvis Rossi fala em “um certo estilo de Máfia”. Coloco o raciocínio do Rossi, deixando entre parêntesis opções de personagens que se adequam ao raciocínio.

“O problema é que Renan (a mídia) não ameaça Virgílio (Sarney) porque este violou a ética, mas porque o PSDB (PMDB) está entrando com a sua própria representação (aliança) contra José Sarney (José Serra), de quem Renan (a mídia) é cão de guarda. Em outras palavras, é o típico aviso mafioso: você não entra no meu território que eu deixo seus trambiques em paz”.

8 comentários em “Renan ou mídia: um certo estilo

  1. A única verdadeira revolução de classes foi a Cabanagem que, apoiada por um clérigo intelectual, manifestava a revolta dos oprimidos, o que culminaria numa inevitável independencia, mesmo que houvesse grandes possibilidades de forças anti lusitanas, como a França, se apresentarem para um apoio do tipo “troca de patrão”.
    As demais manifestações de contrariedade são apenas em torno de qual facção do poder economico vai dizer onde deve ser gasto o arrecadado pela viúva. Os grupos que se degladiam visam muito bem esse alvo.

    1. Em resumo, grande Dorivaldo: estamos diante do velho e manjado convescote das elites brasileiras, que não largam o osso jamais. Brigam e se esfaqueiam, conforme interesses circunstanciais, mas voltam sempre às boas quando uma ameaça externa se apresenta no horizonte. Lula, apesar das concessões, é um estranho nesse ninho e desagrada os barões da nossa política mais rasteira. Que ninguém se engane: a maior aposta dessa trupe de ladinos nem é mais o pleito de 2010, mas inviabilizar o retorno do metalúrgico em 2014.

  2. Meu caro Gerson, você demonstra ter uma visão apurada, parabens. Realmente, de maneira disfarçada estão tentando obscurecer o caminho de retorno do operário à Brasília. E esse processo passa pela eleição de 2010, e farão de tudo, mais tudo mesmo, para que o indicado(a) do Presidente não ocupe a cadeira de Presidente no próximo pleito.

    1. Sem dúvida, Cezar. Fico acompanhando esse massacre da grande mídia sobre o Sarney e lembro dos ataques diários a Renan Calheiros. Foi o Renan renunciar e tudo parou, ninguém falou mais nada. Mas ué? O cara não era a própria encarnação do demo? E o Sarney, que sempre foi parceirão da Globo e dos grandes jornais, por que está levando tanto cacete. Basta raciocinar um pouquinho: o alvo não é o maranhense, mas o metalúrgico. E estão em jogo as duas eleições, 2010 e 2014. Realmente vão fazer tudo para impedir que Lula eleja o sucessor e volte em 2014.

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