Coluna: Mais do mesmo na Seleção

Nova convocação para a Seleção Brasileira e lá estão as figurinhas carimbadas de sempre. Desconfio, às vezes, que Dunga adoraria ter no seu time 11 Elanos. O médio do Manchester City personifica bem o ideal de atleta que o capitão-do-mato tanto valoriza: mediano, contido, obediente e que jamais arrisca um drible.
Dunga, que foi um volante-volante por excelência, gosta de jogadores com esse perfil. Seu auxiliar Jorginho tem as mesmas preferências. Não precisa fazer grandes ginásticas mentais para intuir que a meia cancha da Seleção é estruturada a partir do modelito de Elano. Por isso, Josué, Gilberto Silva, Kléberson, Felipe Melo e Júlio Batista sempre terão lugar cativo.
Ouso dizer que esse pessoal está mais garantido na Copa da África do Sul do que Robinho, Daniel Alves e Luís Fabiano – estes, sim, tecnicamente importantes e acima da média. Os eleitos de Dunga são regulares, jamais ultrapassam determinados limites, não abrem a boca para exprimir críticas – quando muito, expressam opiniões banais. Enfim, tudo nos moldes do que prega o comandante.  
E quando decide ousar um pouco, saindo das convocações óbvias, Dunga derrapa. Convocar Diego Tardelli, atacante limitado e que nunca mostrou estofo suficiente para a Seleção, soa como medida extemporânea, para vender a falsa impressão de que o Campeonato Brasileiro está sendo prestigiado pela comissão técnica – se isso fosse verdade, por que então não chamar Val Baiano, do Barueri?
Mais coerente seria dar uma chance a Kleber, o Gladiador, de bela passagem na recente Taça Libertadores. O problema talvez seja de outro calibre. Tardelli é claramente uma convocação fortuita, que logo será abandonada. Kleber, pelo futebol que tem, poderia fazer boa figura no selecionado, criando problemas com o grupo que está quase fechado para 2010.
 
 
Soa esquisita a grita do S. Raimundo de Santarém em meio às agruras da campanha na Série D. Dirigentes do clube estão em rota de colisão, o técnico Artur está por um fio e todos brigam pelo motivo mais comum para crises em família: falta de dinheiro.
A impressão é de que o clube não se preparou para a cobertura de despesas, apostando apenas no apoio do empresariado da região e em recursos que teriam sido prometidos pelo governo do Estado. Quem acompanha bem de perto o futebol paraense sabe que promessas desse tipo costumam ser vãs, não valem um tostão furado.
Mais que isso: houve certa ingenuidade da diretoria do Pantera em acreditar que a torcida prestigiaria os jogos do time no estádio Barbalhão, garantindo assim a receita necessária para a caminhada na Quarta Divisão. Pelo pior caminho, o clube está descobrindo o quanto é caro alimentar sonhos no futebol brasileiro.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 29)

Um comentário em “Coluna: Mais do mesmo na Seleção

  1. Ouvi dizer que o DUNGA vai mandar buscar o FAHEL e o LÚCIO FLÁVIO durante 3 (três) RODADAS desse BRASILEIRÃO.

    Eles bem que merecem NÉ NÃO ???

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