Coluna: Formar craques é a saída

O assunto é mais ou menos recorrente na coluna porque a coisa beira o absurdo – e quase ninguém parece dar maior importância ao fato. Nos últimos dias, os quatro grandes clubes de São Paulo quase se equipararam nos gastos astronômicos com técnicos e respectivas comissões. E o pior: seus dirigentes pareciam sinceramente orgulhosos da tresloucada aventura financeira em que estão metendo as principais agremiações do maior centro futebolístico nacional.
Como na economia e na política, para onde São Paulo vai, o restante do país segue, como boi no matadouro. Copiar o mau exemplo de clubes como Palmeiras e Santos, que têm dinheiro em caixa ou mais facilidades para boas parcerias, não vai ajudar o já falido sistema nacional de clubes.
Só para sublinhar o tamanho da estripulia, vale dizer que o Palmeiras fechou contrato com Muricy Ramalho por R$ 540 mil mensais. O Santos, dias antes, havia acertado com Luxemburgo por salários que giram em torno de R$ 450 mil. O São Paulo mantém acordo com Ricardo Gomes quase nas mesmas bases e o Corinthians paga um pouco menos (R$ 300 mil) a Mano Menezes.
Por mais méritos que tenham esses quatro treinadores, não há lógica que avalize contracheques tão polpudos. São bons profissionais, talvez os melhores em atividade no país, mas os resultados não amparam tamanho investimento. Nenhum deles ganhou a Taça Libertadores, o principal torneio continental de clubes. Somente um (Luxemburgo) comandou a Seleção principal, mas não esquentou banco.
Erra quem pensa que a solução para a crônica pindaíba do futebol brasileiro está na cabeça de técnicos com salários inflacionados. A saída é investir na elevação da qualidade técnica dos jogadores. E isso só será resgatado a partir da mudança de mentalidade em todos os níveis, capaz de induzir os clubes a produzirem seus próprios craques.
Sim, há o mercado internacional, sempre voraz na busca por talentos. Mas, ainda assim, a produção caseira é a única saída contra a falência absoluta. Técnicos super-poderosos vivem do desfrute, não do esforço inicial. E estão vinculados a agentes igualmente influentes, que também só se interessam pelo prato feito. Por isso, deveria haver uma lei que impusesse aos clubes a missão de formar craques.    
 
 
É de conhecimento até do reino mineral que o empate do Sampaio e a vitória do Luverdense complicaram a situação dos times paraenses na Série C. Continuo apostando, porém, que o Paissandu seguirá em frente. Como o Águia, o campeão estadual joga pelo empate para se classificar, mas seu adversário (Sampaio) é parada menos indigesta que o Rio Branco jogando em casa.

10 comentários em “Coluna: Formar craques é a saída

  1. Gerson, já que o mercado entrou nesse rumo de supervalorização dos técnicos, como voltar atrás agora com imprensa e torcida cada vez mais cobrando profissional “de nome” comandando os clubes?

    1. Sandra,
      Sei que é difícil conciliar esses interesses e conviver com a pressão de torcedores insatisfeitos. Mas ainda acho que a saída é trabalhar com os pés no chão e controle rigoroso de caixa. Clubes como os nossos têm que parar de fazer loucuras, pagando salários astronômicos – não só a técnicos, mas a jogadores também. Enquanto essa mentalidade não prevalecer, o destino natural é o limbo.

  2. Grandes jogadores só aparecem se forem treinados por bons Técnicos.Desculpe, mas discordo totalmente. Aliás me fez lembrar do Remo, quando treinado por Charles Guerreiro, perdia um jogo e se dizia que era por falta de jogadores de qualidade e nunca do Técnico. Me dá raiva só de lembrar. vc pode ter grandes craques, mas sem grandes treinadores, vc não consegue levar esses times a lugar nenhum, principalmente quando se tratar de uma sulamericana, libertadores, copa do mundo..

  3. Todo grande profissional, deve ser bem remunerado, isso vale para qualquer profissão.

    1. Desculpe, Cláudio. Mas o absurdo dessa escalada não vai terminar positivamente para os nossos clubes – todos de pires na mão e reféns das negociações de jogadores para o exterior. O Corinthians, que nem tem um timaço, já começou a bancar o camelô de plantão. Não tem jeito. Ao mesmo tempo, você vê o Palmeiras abrir os cofres e pagar mais de meio milhão de reais a um treinador. Lamento, mas aí não é valorizar profissional, é mergulhar de cabeça na loucura orçamentária. Esperemos para ver onde vai dar isso tudo.

  4. JÓIA GERSON, mas VOCÊ vai MANTER essa FILOSOFIA ???
    É preciso LEMBRAR aos seus NOBRES COLEGAS que essa SAÍDA é a ÚNICA que TEMOS.
    UMA ou OUTRA contratação de JOGADORES, será BEM VINDA, desde que a(s) mesma(s) NÃO seja(m) de ORIGENS DUVIDOSAS.
    Estamos todos “LISOS” e o MELHOR REMÉDIO para isso é a LISURA.

    1. Por estarmos todos lisos, Marco, é que defenso a contenção de gastos exorbitantes com treinador, que não pode ser mais importante do que o jogador. Há uma inversão completa de prioridades.

  5. Cláudio, ninguém aqui duvidou da capacidade e importancia dos treinadores, mas é realmente discrepante em relação a maioria esmagadora do mercado. Como diz o Gerson, os outros vão no embalo e daqui a pouco nenhum clube contrata mais um Giba da vida pq o mesmo vai pedir R$ 100.000,00 pra treinar A ou B. É loucura pura.

  6. Gerson, quanto aos altos salários, até concordo, eu descordo de como isso pode ser feito, através da formação de craques. penso que umas coisa não tem nada a ver com a outra, é só isso. Penso até que se deveria estipular um teto máximo para treinadores de futebol, para o bem do futebol brasileiro.

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