Não foi por falta de aviso quanto à categoria de Juan Verón e sua vocação para general da banda. A virada (2 a 1) que deu ao Estudiantes sua quarta Taça Libertadores, na noite desta quarta-feira, tem tudo a ver com a liderança técnica e moral de La Brujita, que soube como ninguém cadenciar o jogo e descobrir os atalhos que levavam ao gol cruzeirense. A afirmação de sua liderança, que opera o milagre de transformar um time mediano em esquadrão maduro e vencedor, capaz de enfrentar sem medo mais de 60 mil fanáticos cruzeirenses no Mineirão.
Depois do gol de Henrique logo no começo do segundo tempo, em chute de fora da área que desviou na zaga e venceu o goleiro Andujar, o Estudiantes não se abateu – isto é, Verón não se intimidou. Continuou a lutar, aparentemente convencido de que era possível vencer. No primeiro lance, descortinou com um passe perfeito o corredor aberto pelo lado direito do ataque. O cruzamento foi letal, vencendo a vigilância dos zagueiros do Cruzeiro e sobrando para o meia Fernandez estufar as redes.
Minutos depois, o mesmo Verón cobrou escanteio para o meio da área. Encontrou a cabeça de Boselli, que escorou meio de costas e mandou a bola longe do alcance do goleiro Fábio. A partir desse momento, Verón e o Estudiantes tomaram conta do campo, ganhando todas as divididas e impondo o jogo que interessava. O Cruzeiro, aturdido pela virada, não acertava passes e saía desesperado em busca do empate. Seu principal jogador, Ramires, tropeçava na bola. Na base da raça, ainda conseguiu mandar uma bola no travessão, em chute de Tiago Ribeiro. Mas ficou nisso. Nem o gladiador Kléber teve forças para dobrar a duríssima vigilância portenha.
Restou a evidência da superioridade da organização tática do Estudiantes, que exibiu mais segurança emocional e maior aplicação. Em nenhum momento, os argentinos pareciam dominados ou vencidos, mesmo quando o placar era adverso. Isso tem tudo a ver com Verón, que foi violento e catimbeiro no começo do jogo, mas que terminou a partida em sua melhor persona, a do craque que sabe o que faz e lê o jogo como poucos. Vitória justa.
Curiosamente, o Estudiantes não chega a ser um time excepcional – os zagueiros são grossos, os laterais fracos. Sua força vem da presença carismática e talentosa de Verón. O que não é pouco.
Gerson, perder faz parte do futebol, alías, de qualquer esporte, mas um time brasileiro perder novamente uma final de Libertadores jogando a partida decisiva sob seus domínio não dá. Isso pode atestar o seguinte: ou é muita frouxura, ou é muito nervosismo…
Mas acho que não é isso apenas. A derrota do Cruzeiro este ano, como a do Fluminense em 2008 e a do Grêmio em 2007, sinaliza uma emergente mudança de conceitos que o futebol praticado hoje no Brasil necessita.
É incrível como times como o Boca de 2007, a LDU de 2008 e o Estudiantes, que em termos técnicos situam-se entre o razoável e o “bonzinho” – mesmo se levarmos em consideração a tradição do Boca em Libertadores, porém o time de 2007 nem se compara ao de outras épocas -, têm facilidades ao enfrentarem times brasileiros e se impõem em campo sem muito temor.
Daí o por que de nosso futebol mudar seus conceitos. O primeiro passo seria uma reformulação do arbítrio das partidas nas competições nacionais. Aqui, marca-se qualquer faltinha. Nas competições sul-americanas, mesmo com a permissividade de alguns árbitros para com o jogo violento, isso não ocorre. Como nossos jogadores são excessivamente “preservados” nos torneios nacionais, ancontra-se dificuldade ao jogarem partidas onde o estilo da arbitragem é outro.
E o fato mais relevante é a qualidade do jogo de nossos times: na maioria dos casos, não são times compactos, têm pouca movimentação, pouca velocidade, pouca ocupação de espaços, com erros de passe absurdos e fazem pouco caso da marcação.
Qualquer time mediano da América do sul (principalmente da Argentina, Paraguai e Uruguai) traz consigo tais características. E por isso, muitas vezes nossos melhores times atrapalham-se contra tais equipes.
Daniel,
Você foi no alvo. São diversos fatores, inclusive culturais, a pesar na balança. Os clubes argentinos e uruguaios se especializaram em jogar duro, na bola ou fora dela, como forma de enfrentar a técnica brasileira, que ficou conhecida mundialmente a partir da Copa de 50. Todos os times argentinos, mesmo os mais limitados, como o próprio Estudiantes, jogam assim. Atentos à bola, mas cientes da importância de travar a criatividade brasileira. E muitas vezes conseguem se dar bem. São frios e organizados, que o coração tropical não permite que sejamos.
Égua, o Daniel tocou na ferida. O futebol praticado nos outros países da América do Sul é exatamente esse que ele relatou. Formação de jogadores apartir de marcação dura, compactação de espaço e toques rápidos, o que o Estudiantes abusoou de fazer nesta noite. Agora, é até engraçado vê como os brasileiros ficam tensos em jogos com argentinos e os mesmos só fazem “tirar onda”. Também acredito que precisamos mudar urgentemente essa vocação pra faltinhas de empurrão, pra podermos então triunfarmos diantes do hermanos.
Pô vcs tres estao certos, mas apontar o estilo de arbitragem, Daniel, aí eu discordo…o problema é que nos jogos finais nos preocupamos em saber como eles sao isso e aquilo, e aí esquecemos de jogar futebol. Ontem o Ramires (era ele mesmo ?) estava mais pra jogador de futebol americano do que futebol propriamente dito…
Mas, mas, mas… Por que somos PENTA ???
… rsrsrs …
Edmundo, acho que o Xandia foi mal ontem, tá certo que tem q deixar o jogo rolar, mas ontem foi demais.
Marcelo, naum vai fazer igual o Gerson, no Inter 2×2 Corinthians…rsrsrs…segundo ele, o Ricardo Marques deu uma ajudinha pto Timao…interessante que em seguida o mesmo Inter pegou de 3 x 0 da LDU e desta vez naum li nada a respeito se foi o arbitro tambem, rs….em tempo : domingo o Mengo empata e sairam reclamando do arbitro, o mesmo RM, pq nao marcou um suposto penal pro Sao Paulo..os dirigentes do Flamengo adoraram,,,jah ontem os mesmos dirigentes criticaram o Vuadem pelo trabalho no jogo q o Mengo perdeu..vá entender esses comentarios….Carlos Chandia foi bem dentro um jogo dificil de apitar….ainda mais com jogador confundindo força, raça com futebol americano…..
Edmundo Neves
Naquela final da Copa do Brasil, amigo Ed, o Inter foi “operado” pelo mineirinho, que não marcou duas faltas nos lances capitais do jogo. As imagens não mentem.
”Operado” é muito forte meu caro Gerson…rs….ele pode ter cometido equivoco, lapso, rsrsrs….ontem nao teve operação que desse jeito pro Zeiro…..rsrsrsr..