Por Mauro Cezar Pereira
Estudiantes e Cruzeiro farão a final da Copa Libertadores. Campeão do torneio Apertura em 2006, já com Verón de volta a La Plata, o time conhecido na Argentina com Pincha reaparece numa decisão do torneio 38 anos depois de sua última finalíssima. Após três conquistas consecutivas entre 1968, quando superou a Academia palmeirense de Ademir da Guia, e 1970, o clube perdeu a final de 1971 para o Nacional de Montevideu. Jamais voltou a figurar entre os dois melhores da competição.
Apesar disso, o atual elenco do Estudiantes tem cancha, está habituado às partidas internacionais e vem de boas campanhas recentes, especialmente no ano passado, quando já tinha a base do time atual, reunida há pelo menos três temporadas. Em 2008, os pincharratas caíram na Libertadores nas oitavas-de-final ante a LDU, que ficaria com o título, devido ao gol fora de casa assinalado pelos equatorianos no estádio Ciudad de La Plata. É onde manda suas partidas devido à construção do novo campo, que irá se chamar Tierra de Campiones, no lugar do demolido Jorge Luis Hirschi.
Meses depois, o Estudiantes fez a final da Copa Sul-americana diante do Internacional, que encerrou uma série invicta de 43 jogos da equipe argentina em seus domínios, mas perdeu para Verón e seus amigos em Porto Alegre. Naquele duelo no estádio Beira-Rio, o clube gaúcho só ficou com o título graças ao gol de Nilmar, num verdadeiro bate-rebate, já na prorrogação. Ficou o vice para o time de La Plata, mas com a nítida sensação de força do grupo, pela ótima atuação com vitória no Brasil durante o tempo regulamentar.
Nesta Libertadores o Estudiantes encontrou o Cruzeiro duas vezes, na fase de grupos, quando se classificou em segundo lugar na chave encabeçada pelo bicampeão mineiro. Perdeu por 3 a 0 em Belo Horizonte. Placar exagerado ante as chances de gol criadas pelos argentinos. Na volta, em La Plata, os brasileiros tiveram dificuldades para chegar ao estádio e os argentinos, em partida atípica, devolveram com juros, 4 a 0, na maior derrota celeste no torneio e na temporada.
O goleiro Andujar é um dos bons nomes do Pincha. Não por acaso foi promovido a titular da seleção de seu país pelo técnico Diego Maradona, e defenderá a meta do Catania no campeonato italiano ao final da Libertadores. No ataque, destaque para Mauro Boselli, que não era muito aproveitado no Boca Juniors e foi para o time pincharrata.Ele assinalou os dois gols da histórica vitória sobre o Nacional, em Montevidéiu, por 2 a 1, na quarta-feira. Um dos artilheiros do torneio, o camisa 17 tem sete gols na Libertadores e esses dois tiveram importância especial. O time uruguaio, batido pelo Estudiantes na final da Libertadores de 1969, venceu a equipe argentina na última decisão do torneio com a presença do clube de Plata, em 1971.
Os problemas mais sérios do técnico Alejandro Sabella, que como jogador teve passagem discreta pelo Grêmio entre 1986 e 1987, estão na defesa. São muitas lesões. Cristian Cellay e Raúl Iberbia não atuaram nas semifinais, engrossando a lista que já tinha o lateral-direito Marcos Angeleri — outro que pode ir para a Europa — e o zagueiro Agustín Alayes.
Dois dos zagueiros do time Pincha são bem conhecidos dos brasileiros. Leandro Desábato é o mesmo que se envolveu em polêmica sobre racismo com Grafite, em 2005, durante confronto entre São Paulo e Quilmes, seu clube à época, pela Libertadores. Aos 36 anos, Rolando Schiavi, emprestado pelo Newell”s Old Boys, teve passagem ruim pelo Grêmio, e é o mesmo que fez fama no Boca Juniors campeão da Libertadores em 2003 e vice em 2004, como em 2007 pelo clube brasileiro.
O Cruzeiro já conhece o adversário e o local do primeiro jogo. O Ciudad de La Plata comporta perto de 50 mil pessoas, e é público, pertence à administração da província. A torcida fica a distância bem razoável do gramado, o que torna o ambiente mais seguro do que se a partida fosse no antigo e acanhado estádio pincharrata com suas arquibancadas de madeira.
Lá também costuma atuar o Gimnasia y Esgrima, grande rival do Estudiantes, ameaçadíssimo de rebaixamento no campeonato argentino. El Lobo vai encarar o rebaixado Gimnasia y Esgrima de Jujuy no domingo. Precisa vencer para não depender de tropeço do San Martín de Tucumán, que recebe o Lanús, já fora da disputa do título nacional.
Se tudo correr bem para o rival do Estudiantes, o Gimnasia enfrentará o Atlético Rafaela numa repescagem. Quem vencer disputará o torneio Apertura no segundo semestre. Na outra chave, o Rosario Central terá pela frente o Belgrano e só um dos dois estará na elite após as férias. Se tudo correr mal para o Lobo e o Estudiantes for campeão da Libertadores pela quarta vez, o mundo será um lugar perfeito para os seguidores do León, como também é conhecido o rival do Cruzeiro.
Qual a numeração do elenco do Estudiantes na Libertadores? Publiquem uma foto do time campeão pode ser?