Landon Donovan, camisa 10 e craque da seleção americana – autor daquele belíssimo gol na final da recente Copa das Confederações –, anda a reclamar dos privilégios e atitudes preguiçosas do astro inglês David Beckham, que vai voltar a jogar pelo Los Angeles Galaxy depois de curta (e lucrativa) temporada no Milan.
Donovan, como tantas outras pessoas ligadas ao futebol, ainda não atinou para o fato de que Beckham não é um boleiro no sentido convencional do termo. Trata-se, em essência, de uma grife que joga, assim como o Fantasma das velhas HQ era o “espírito que anda”.
O metrossexual armador vale literalmente o quanto pesa. Sua passagem pela equipe galáctica do Real Madri (que tinha Zidane, Ronaldo e Roberto Carlos) foi a mais rentável de que se tem notícia no futebol moderno de cifras cada vez mais superlativas.
Beckham justificou financeiramente sua aquisição logo no primeiro mês de contrato: abarrotou os cofres do clube merengue com a renda da venda de camisas personalizadas somente para o mercado asiático, onde é visto como autêntico astro pop – que, de fato, é. Vendeu
Donovan talvez esteja sendo cartesiano demais e esquecendo-se de um dos pilares da construção da nação americana, que é o aplauso ao lucro e à inventividade. Beckham, que é um jogador tecnicamente razoável, extrapolou e acertou em cheio ao descobrir aquilo que os consultores e economistas adoram definir como nicho de mercado.
Astro fashionista em tempo integral, comporta-se como modelo e pontifica pelos salões mais elegantes do planeta ao lado da mulher, Victoria, igualmente linkada ao mundo da moda. Hoje, pelo que se constata, é perfeitamente dispensável que jogue futebol, pois vai brilhar (e ganhar dinheiro) do mesmo jeito. Pode-se concordar ou não com isso, mas é assim que é.
No Paissandu, se há um setor questionado por todos desde a disputa do campeonato estadual é o miolo de zaga. Roni & Luciano, a dupla titular no time de Edson Gaúcho, nunca conquistou a confiança da torcida. Foi, por ironia, responsável direta pela demissão do técnico ao contribuir para a derrota em Lucas do Rio Verde, no último sábado.
Nem o próprio EG sabia explicar porque prestigiava zagueiros tão lentos e pesados, fracos no jogo aéreo, quando dispunha no banco de reservas do melhor beque do Parazão, Rogério Corrêa, ex-Remo.
Valter Lima, o novo técnico, discreto como convém a um caboclo do interior, ainda não se manifestou sobre a zaga que vai escalar para o importante jogo de domingo frente ao Águia de Marabá. Tudo leva a crer, porém, que Rogério Corrêa ganhará sua primeira chance como titular.
Lima também terá oportunidade de observar nos treinos o rendimento do garoto Bernardo, que apareceu muito bem quando foi escalado na Série C 2008, mas que foi deixado de lado por EG.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 03)
É assim mesmo no futebol, todos os jogadores indicados pelo treinador tem que jogar como titular…e esse setor tava ridiculo…e o clube tinha que tomar uma decisão…parabens presidente pela coragem e atitude, vejo que a inercia do ano passado quando deixou o treinador Dário Lourenço naufragar serviu como lição.