Leio no Globo reportagem de Bernardo Mello Franco informando que o regime militar usou o AI-5, através do Itamaraty, para bisbilhotar e perseguir diplomatas de carreira. O poetinha Vinícius de Morais foi uma das maiores vítimas dessa caça às bruxas. No total, 13 diplomatas foram afastados por força do AI-5. Todos tiveram suas vidas devassadas e o ódio do regime era maior contra os homossexuais. Segundo o levantamento feito por Bernardo, pesava mais nos expurgos as ligações com as esquerdas e o homossexulismo, vistos como fatores desestabilizadores do regime de força. Mas, em vez de mirar exclusivamente nos esquerdistas, como era praxe na ditadura, o Itamaraty concentrava sua atenção sobre os que mantinham uma vida privada que afrontava os sacrossantos “valores do regime”.
No fim das contas, a temida Comissão de Investigação Sumária deu origem a 44 cassações de diplomatas, em abril de 1969. Vinícius, que pode ter seu caso revisto nos próximos meses, foi afastado por ser considerado “alcoólatra”. Na foto acima, Vinícius de Moraes ao lado do presidente Juscelino Kubistchek e do músico Luís Bonfá, durante a produção do filme “Orfeu do Carnaval”.
O pior é ver, todo domingo, num dos jornais de Belém os escritos carregados de ressentimento de um velho coronel, antigo cérebro (e arauto) da ditadura discorrendo com a desfaçatez dos “esquecidos” sobre atos do governo atual e ditando regras de conduta sobre democracia. Como se nada tivesse acontecido ou como se as atrocidades agora confessadas por Curió não passassem de meros “acidentes de trabalho”. Como diz um vizinho, o cinismo é prato que jamais esfria.
CADA POVO TEM O GOVERNO QUE MERECE!
O velho coronel ainda vai apoiar o golpe de Honduras!
Cássio,
Deve estar vibrando com a quartelada, pra variar…