Vejo na Globonews, nesta madrugada de plantão na redação do jornal, entrevista interessante com Marcelo Janot, um DJ carioca articulado e extremamente crítico quanto às particularidades da indústria pop – ou star system, como se dizia sobre Hollywood no auge dos anos 40/50. Janot situa seu ponto de vista na repercussão da morte de Michael Jackson para observar, certeiro, que estamos a assistir o primeiro evento fúnebre de um mega-artista na era das convergências de mídia sintetizadas na internet.
Nunca antes, como diria nosso presidente, o mundo teve à sua disposição essa explosão de informações que a web propicia. Daí, segundo ele, a dúvida quanto ao verdadeiro motivo da comoção mundial em face da morte de Jacko. Janot lembra que as mortes de Lennon ou Marilyn talvez tivessem uma explosão ainda mais impactante do que a do autor de “Billie Jean” se tivessem ocorrido hoje, no auge da era cibernética, com o bombardeio de informações e a facilidade de acesso a elas.
E, sem falsos pudores, avalia que essa repercussão tem mais a ver com o culto à celebridade, pois é fato que Jacko estava artisticamente morto há muito tempo – precisamente desde que lançou sua principal obra, “Thriller”.
Mas a redescoberta de sua música nas últimas horas atesta também que artistas geniais nunca morrem. Isto é, podem até morrer, mas ressuscitam a qualquer tempo ou lugar – inclusive, ironicamente, na hora da morte.
Estava vendo a pouco tempo na MTV que no site amazon.com, os quinze discos mais vendidos nas últimas horas são de Michael Jackson. Ironicamente, o cara renasceu com sua morte.