Os críticos de Dunga, como este escriba, estão meio sem palavras diante da escalada de vitórias da Seleção. Mesmo quando não joga nada, como ontem, contra a África do Sul, o time vence. E o Galvão Bueno se esgoela. E o torcedor curte adoidado. É sempre assim, afinal futebol é, acima de tudo, paixão popular.
Continuo duvidando da competência de Dunga como técnico. Acho que seu time não tem variações mínimas para situações inesperadas, o que é a chama que distingue treinadores comuns de grandes especialistas em táticas de jogo. A inovação da Seleção sob o seu comando foi assumir o contra-ataque como grande arma, fato que não se via desde os tempos de Lazaroni no escrete.
Mas, apesar da pinimba, reconheço um mérito no capitão-do-mato: é um cara de sorte. E não só por ter o empregão de técnico da Seleção. Dunga demonstra ser um afortunado pela facilidade com que gestos aparentemente sem conseqüência se transformam em chaves para a vitória.
Foi assim contra o bem montado time sul-africano de Joel Santana. Encalacrado na marcação dos Bafana Bafana, Dunga passou o jogo inteiro à beira do campo sem encontrar saída para as dificuldades que surgiam. Deu sorte por não sofrer nenhum gol – e a bola passou rondando perigosamente a meta de Júlio César em pelo menos quatro oportunidades.
Abriu a cornucópia da ventura ao lançar Daniel Alves nos minutos finais, depois de perceber (com tremendo atraso) que não havia motivo para manter em campo uma peça nula como o fraco André Santos.
Pois o lateral-direito do Barcelona mostrou, em poucos minutos (e mesmo fora de sua posição), como se faz. E aí veio a falta sobre Ramires, aos 42 minutos. Especialista em cobranças da entrada da área, Daniel Alves mandou rente ao poste. Tudo resolvido. Bola no barbante e festa dos jogadores no campo, foguetório no Brasil inteiro.
Incomoda, em meio à campanha vitoriosa, a ausência de organização do time, que reage muito mal quando não acha espaço para contra-atacar. Por esse motivo, qualquer adversário (até mesmo a limitadíssima África do Sul) é capaz de enfrentar o Brasil de Dunga de igual para igual, com boas chances de aprontar.
Como a Copa das Confederações já é página virada, pois os Estados Unidos não conseguirão emplacar duas zebras seguidas, a preocupação passa a ser com a Copa do Mundo propriamente dita. Quando o Brasil tiver que superar oponentes mais qualificados – e estratégicos – os problemas irão aparecer com mais intensidade.
Não me sai da memória aquela sinuca-de-bico em que Parreira se viu, de repente, diante da seleção francesa na Copa da Alemanha. Sofreu um gol e não sabia o que fazer. Simplesmente não havia tática, nem um plano B qualquer, uma jogada ensaiada ou uma simples inversão de marcação. Apenas o nada. Exatamente como ocorre hoje com o escrete de Dunga.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 26)
Gerson, essa substituição do Dunga, contraria todas as lógicas sobre táticas de futebol. Poderia até ter feito essa substituição, mas depois de já ter colocado o Julio Batista no lugar de Robinho. Como ele joga no 3-6-1, para uma retranca daquelas, com kaka marcado, os laterais pouco subindo e Robinho apagado, é aí que o homem de velocidade pelos lados faz a diferênça. Saudades de Garrincha, Renato Gaúcho, Julio Cesar, Jairzinho….. Fiquei lembrando agora do: Bota Ponta Parreira. Lembra?
Cláudio Santos – Técnico do Columbia de Val de Cans.
Retificação: Gerson, o Brasil joga no 4-5-1, desculpe
Cláudio Santos – Técnico do Columbia de Val de Cans.
O cara é sortudo mesmo. Se ele colocasse lá o Josué o cara iria fazer o gol, não sei como, mas iria…