“Papai” Joel conquista África

09160199

Por Rafael Reis, da Folha de S. Paulo

Há pouco mais de um ano, Joel Santana herdou de Carlos Alberto Parreira a missão de transformar uma seleção de pouco destaque no continente africano em um time capaz de pelo menos não passar vergonha como anfitrião no Mundial-2010. A partir deste domingo, com o início da Copa das Confederações, o treinador brasileiro terá pela frente um teste que dará uma ideia de como anda este trabalho.

À frente da África do Sul, Joel fará ao menos três partidas no torneio que reúne campeões continentais –está no Grupo A ao lado de Iraque, Nova Zelândia e Espanha. “O mundo do futebol é feito de experiências. Eu cheguei aqui substituindo o Parreira. Era um projeto para quatro anos, e eu o peguei pelo meio, sem conhecer a maneira como funcionava. O começo não foi bom, mas crescemos com o tempo”, disse o treinador brasileiro, em entrevista por telefone à Folha Online.

De fato, os primeiros resultados de Joel com a seleção sul-africana ficaram longe de ser positivos. O time foi eliminado na segunda fase das eliminatórias para o Mundial-2010, torneio que também serve como classificatório para a Copa das Nações Africanas. Em dois jogos, acumulou um empate e uma derrota para Serra Leoa.

Aos poucos, no entanto, os placares foram melhorando. Desde outubro do ano passado, foram pelo menos três vitórias expressivas, contra Gana, Camarões e Polônia. Derrotas continuam acontecendo, mas em frequência menor e contra adversários mais qualificados, como Portugal e Chile. Mesmo com essa melhora recente, a África do Sul ocupa a 72ª colocação no ranking da Fifa. Há 16 seleções do seu continente à frente. 

Mas, ao contrário de Camarões, Gana, Mali e Costa do Marfim, por exemplo, a anfitriã da próxima Copa do Mundo não conta com jogadores espalhados pelos grandes clubes do mundo. Sua presença no continente europeu é bastante inferior à desses países.

09160198

Tanto que dos 23 convocados por Joel Santana para a Copa das Confederações, mais da metade ainda joga na liga sul-africana. Entre os nove “estrangeiros”, os destaques são os “ingleses”, o volante Aaron Mokoena, do Blackburn, e o meia Steven Pienaar, do Everton. “O que falta para nossa seleção é experiência internacional. Até temos qualidade razoável, mas precisamos jogar mais. É um trabalho de garimpagem”, explicou o técnico.

Quem poderia aumentar a experiência do grupo é Benni McCarthy. O atacante de 31 anos, que defende o Blackburn, é o jogador sul-africano mais valorizado no momento, mas vive às turras com a federação local e foi deixado de fora da Copa das Confederações. Sua presença no Mundial-2010 está longe de ser uma certeza. 

Joel, aliás, evita falar sobre suas perspectivas para a Copa. Prefere atuar como um embaixador da África do Sul, elogiando as belezas do país, a hospitalidade do povo e os esforços para ser, durante um mês, o centro do futebol no planeta. “O país é lindo, com elefantes. A África do Sul é ainda mais bonita do que o Brasil, mais linda, mais segura. Eu fiquei maravilhado quando cheguei a Port Elizabeth, que é um lugar magnífico.”

“O país está em festa, construindo estradas. Não somos um país rico, mas fomos escolhidos para uma Copa que vai ficar para a história. Vocês vão ver o esforço de um povo, de um país, de um continente. Mas não dá para determinar o que vai acontecer daqui um ano. Prever uma situação é muito difícil”, completou. A África do Sul abre a Copa das Confederações-2009 diante do Iraque, às 11h (horário de Brasília) deste domingo, em Johannesburgo.

2 comentários em ““Papai” Joel conquista África

    1. É mesmo. O cara esqueceu a prancheta na Gávea. O certo é que o Joel é malandro, muito mais que o Parreira, e vai levar os sul-africanos na lábia.

Deixe uma resposta