A surpreendente goleada que o Brasil aplicou no Uruguai, sábado, no estádio Centenário, depois de 33 anos de jejum, serviu para tirar de vez a dúvida quanto ao técnico do escrete na Copa de 2010: Dunga está definitivamente garantido no comando. Depois de momentos de grande instabilidade, principalmente na metade da temporada passada, depois da conquista da Copa América, o treinador dá sinais de que consolidou sua posição e tem o grupo de jogadores sob controle.
O processo de recuperação começou, na verdade, com a vitória insofismável sobre o Chile de Marcelo Bielsa, em Santiago, em noite de grande atuação do atacante Robinho. Os tropeços contra o Paraguai e a Bolívia voltaram a deixar o técnico na berlinda, mas a atuação da equipe em Montevidéu sepulta de vez qualquer argumento contra sua permanência, a um ano do começo do Mundial da África do Sul.
A rigor, Dunga conseguiu reverter as expectativas em função de alguns posicionamentos de ordem prática: consolidou um estilo de jogo, centrado no contra-ataque e nas jogadas pelas laterais, e definiu o time-base. Depois de muito tempo, talvez desde a Seleção pentacampeã com Felipão em 2002, o Brasil não tinha uma escalação tão conhecida do público.
Ao mesmo tempo, a estabilização de Dunga no comando coincide com momentos particularmente negativos de seus mais fortes concorrentes. Muricy Ramalho, que terminou 2008 ostentando a condição privilegiada de tricampeão nacional, afundou-se na mesmice e nos resultados pouco convincentes do São Paulo desde o começo do ano. Perdeu o título paulista, não brilha na Libertadores e claudica no Brasileiro.
O outro nome cogitado era Vanderlei Luxemburgo, igualmente fragilizado pelos resultados que o Palmeiras apresenta na temporada. Fracassou no Paulistão, vai aos trancos e barrancos na Libertadores e ainda não engatou boa sequencia no Brasileiro. Uma terceira via, representada por Paulo Autuori, repatriado pelo Grêmio, só se consolida se Dunga der brechas.
O jogo de sábado, além de reabilitar a Seleção em termos continentais (acabou saindo da rodada como líder das eliminatórias), deixou claro que o treinador conta com a solidariedade dos jogadores. É o chamado “grupo fechado”, como gostam de definir os boleiros. Quando a coisa adquire esse contorno, dificilmente técnico cai. Por mais que muitos não vibrem com a ideia – e o escriba se inclui nesse time – não há como questionar: Dunga é o cara para 2010.
No sábado, prevaleceu o que esta Seleção de Dunga tem de melhor e mais bem ensaiado: defesa e contra-ataque. Como seu time joga bem fechado e tem jogadores habilidosos na frente (Robinho, Kaká, Luís Fabiano e Daniel Alves), as coisas ficam extremamente fáceis diante de adversários afoitos, que decidem encarar o Brasil de igual para igual.
Para facilitar a tarefa, o Uruguai tem um time limitadíssimo, que começa pelo inseguro goleiro Vieira, uma linha de beques que não disputa bolas aéreas e um meio-campo que marca errado. Salvam-se apenas os atacantes, com destaque para Furlan. Apesar de todos os pecados, ainda criaram quatro situações claras de gol.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 08/06)
Gerson, o Dunga e’ esperto fechou o grupo em torno de sua principal ideia que e’ ,a de nao ser incomodado por organizadores de baladas.
Foi um direto em Ronaldo e Adriano e as luvas foram devidamente alisadas pelo Dono da Bola R. Teixeira.
o Maicon volta ?? ou o D. Alves deve continuar?/ acho q O D. Alves precisa jogar mais vezes.
A blindagem contra baladeiros e pessoal do chinelinho é talvez a maior virtude do Dunga. E, caso o time engrene na Copa, vai ganhar o apoio incondicional do torcedor, que já está de saco cheio desses falsos malandros da bola.
Harold,
Quanto à lateral, prefiro o Daniel Alves, que normalmente se transforma em atacante e sabe chutar em gol. O Maicon é mais força bruta e melhor na marcação. Mas os dois estão bem. Só não gosto do Kléber como opção na esquerda.
Gerson, o time do Dunga só sabe jogar no contra-ataque, é avesso ao futebol total (todos marcam e atacam quando necessário), em certa medida, recuperado pelos europeus.
Vai ver só o sufoco que terá contra o Paraguai, afinal, joga em casa e a obrigação é ir pra cima e não esperar o adversário.