Re-candidatura com chances reais

Já se disse quase tudo sobre a exclusão de Belém da lista das eleitas para a Copa de 2014. Através de e-mails, participação no blog e depoimentos aos programas da Rádio Clube, nada escapou ao desabafo dos paraenses: desde os abusos do poder econômico, dos conchavos e dos critérios puramente comerciais da Fifa (e da CBF) no processo.

Falou-se também das picuinhas políticas entre a Prefeitura de Belém e o Governo do Estado, que tanto atrapalharam o projeto. O debate público e informal foi enriquecido pela confirmação de suspeitas quanto ao jogo de cartas marcadas na escolha antecipada das sub-sedes, anterior ao périplo dos inspetores da Fifa pelas cidades candidatas.

Tudo isso marcou o dia seguinte à frustração pela derrota de Belém, que registrou o surgimento dos costumeiros engenheiros de obra pronta, que se comprazem em atacar o que não deu certo com a sapiência de quem já previra o desfecho. Por sorte, o falso discurso de indignação não convence ninguém. O cheiro de torcida contra é facilmente identificável.

Em meio a isso, superando a frustração, começa a prosperar a idéia de uma nova candidatura, a partir do fato óbvio de que, tecnicamente, Belém tinha plenas condições de estar na Copa de 2014. A postulação se destina à Copa das Confederações de 2013.

Nas últimas edições, o torneio conquistou relevância e interesse da torcida. Envolve muito dinheiro e pode ser até mais atraente ao torcedor por ter menor número de seleções e maior equilíbrio.

Seria um justíssimo prêmio de consolação para Belém, Florianópolis, Campo Grande e Goiânia, barradas no baile principal, que teriam a compensação de exigir recursos e investimentos tão vultosos quanto os que serão feitos nas 12 sub-sedes da Copa propriamente dita. Resta trabalhar desde já, corrigindo erros de estratégia da primeira campanha.

E, desta feita, com a conveniente ausência dos influentes patrocinadores internacionais da candidatura baré. Só não vale perder para Rio Branco ou Macapá.

 

Ainda sob o peso da vergonha pela derrota histórica na peleja pelo título de “metrópole da Amazônia”, o leitor Rafael Araújo repele o chororô. “Refuto isso através de uma máxima do próprio futebol, segundo a qual contra time bom não existe juiz ladrão. De fato, se realmente Belém estivesse em condições no mínimo razoáveis de receber uma Copa não haveria artimanha política capaz de tirar-lhe esse direito”, diz.

Diante disso, Rafael propõe um projeto para o 400º aniversário de Belém. “Seria um projeto de re-fundação da capital e um resgate da auto-estima de sua população. Somente dessa forma poderemos recuperar o caro status de porta de entrada da Amazônia, que a Fifa nos tirou no último domingo”.

 

Como prova da maturidade e da qualificação do leitor-torcedor, o blog registrou ontem seu maior pico de acessos em pouco mais de um mês de vida: 1.356 até o fechamento da coluna, às 20h15. Para um espaço que só trabalha com idéias claras e colaboradores identificados, o resultado é estimulante. Este escriba baionense agradece penhoradamente.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 02/06)

3 comentários em “Re-candidatura com chances reais

  1. Gerson,

    Hoje mesmo li no diário um ensaio de futura mendicância das autoridades locais, já prevendo a hospedagem de delegações e congressinhos da FIFA que falarão de critérios e procedimentos que não foram levados em conta no momento da escolha das sub-sedes. Pelo amor de Deus! E o pior foi ver alguns membros da imprensa esportiva (o que não foi, sem querer fazer média, o caso do Diário, da Rádio Clube e da TV RBA, tamanha era a desilusão do Carlos Castilho na transmissão da Clube e a revolta do João Cunha no Bola na Torre) saudando essas possibilidades! Eu hein!

  2. Caro Gerson,
    acompanho com frequencia seu blog, principalmente a partir do remodelamento do site do Diário do Pará, que acesso diariamente para saber o que este grande veículo de comunicação mostra á sociedade como sua visão, até porque também forma opinião.
    Sinceramente, concordo com algumas coisas, outras não; assim se faz a democracia.

    Este debate sobre as sedes da Copa 2014 tem rendido muitas opiniões sobre as cidades escolhidas, especialmente a não escolha de Belém e a preferência de Manaus.

    O Pará é grande, muito grande, mas os paraenses precisam reafirmar sua auto-estima e confiança que somos capazes em melhorar nossas vidas.

    O que eu queria questionar é sobre a possibilidade de sediar a Copa das Confederação de 2013??? Sabes quando vai ser a definição?

    Se (e talvez seja mais um sonho) Belém vier a sedir esta competição, talvez tenha-se até mais visibilidade e retorno, caso viesse a Copa do Mundo pra cá. Digo isso porque na Copa das Confederação vêm as seleções campeãs, a s melhores mesmo, e não medianas que poderiam vir se o Mundial aqui ocorresse.

    muito grato

    abraços

    Ricardo Melo
    advogado

  3. Caro Jerson,
    discordo de você quando põe Belém novamente candidata na rota do futebol. Temos que resgatar a nossa autoestima começando em não aceitar os favores da FIFA e da CBF.
    O que menos importa são os jogos, pois tenho certeza que poucos poderiam pagar o ingresso.
    O melhor seria cobrar pelos investimentos previstos, a excessão do Mangueirão pois não precisa de nada para a prática esportiva, isso seria mais um revés contra os padrões exigidos pela toda poderosa FIFA e CBF.
    O que o belenense quer é mudança de atitude por parte do governo e isso não vi até agora.

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