Caro Gerson,
Meu nome é André C. Carvalho. Sou cidadão paraense com muito orgulho, filho de pais maranhenses, fruto de uma miscigenação que só há no Brasil. Descendente, sim, de índios como todo brasileiro devia se orgulhar de ser.
No auge dos meus 26 anos, conhecendo um pouco da história do meu Pará, percebo o quanto nosso povo é guerreiro, batalhador, apaixonado e alegre, mesmo passando por “poucas e boas” nas mãos dos nossos ilustríssimos governantes.
Governantes estes que fizeram Belém perder a sede da Copa para Manaus, uma cidade que tecnicamente é inferior a nossa cidade, e por vários motivos – afinal, não precisaríamos construir um estádio, apenas adequá-lo para atender às exigências da Fifa. O acesso a nossa cidade é mais viável a todos os Estados vizinhos, podendo ser feito via terrestre (fator principal), aéreo e fluvial, além de recebermos todos os anos mais de 2 milhões de pessoas no Círio de Nazaré, dentre outras particularidades que deixariam Manaus sem a menor competitividade. A não ser pelo fator político é claro. E os nossos governantes renegaram um direito único que nós, paraenses, temos, que é o viver, morrer e amar o futebol!
A cada ano, vejo a nossa cidade ser maltratada e jogada, literalmente, no lixo por pessoas que nem preciso citar o nome, mas não vão ser vocês, tampouco “Ricardos Teixeiras” da vida que vão acabar com o nosso sentimento de amor, paixão e vida por essa cidade. Perdemos a Copa. O orgulho pode estar ferido, arranhado, mas nunca perdido, afinal, o paraense nunca irá se dar por vencido, jamais!
Sou cidadão paraense, nortista de coração, perdemos a batalha, sim, mas a guerra, para esta estarei vivo, ao lado dos meus filhos, minha esposa, dos meus pais, dos meus amigos e para quem quiser ouvir que aqui no Pará, terra igual não há! O tempo vai passar, mas nosso Estado jamais vai ser esquecido!
“Belém minha terra, minha casa, meu chão
Meu sol de janeiro a janeiro a suar
Me beija, me abraça que quero matar
A doída saudade que quer me acabar
Sem Círio da Virgem, sem cheiro cheiroso
Sem a “chuva das duas” que não pode faltar
Cochilo saudades na noite abanando
Teu leque de Estrelas, Belém do Pará”
(Edyr Proença e Adalcinda Camarão)
Belém tem que deixar de ser ingênua, injusta e bairrista. Seus “ricos”, mais humildes e seus pobres mais altivos. Belém tem que assumir sua eterna pós-modernidade.