Maurren ganha tratamento vip

Por Fernando Narazaki, do UOL:

Fevereiro de 2009. A equipe de Maurren Higa Maggi decide que a campeã olímpica não disputará o meeting de Paris devido a uma lesão no joelho, avisa a organização e ouve uma exigência: “Tudo bem, mas a Maurren precisa ir à coletiva e explicar”. A equipe faz mais um pedido e é prontamente aceito. A solicitação feita por Maurren era que ela fosse acompanhada na entrevista por Tânia Moura, mulher de seu técnico Nélio Moura, fato que jamais ocorrera na carreira da saltadora. Uma mudança gerada pelo novo rótulo que acompanha a brasileira: ouro olímpico no salto em distância.

O tratamento dado a Maurren em Paris é concedido apenas a atletas que contam com um currículo notável e façam parte de um grupo seleto. Para “convencer” tais competidores a disputarem suas provas, os organizadores dão benefícios e pagam até cachês pela simples aparição do badalado participante. Com o ouro em Pequim, Maurren entrou neste grupo e a equipe que gerencia sua carreira já cogita um aumento no cachê pago atualmente à saltadora.

“A Maurren hoje virou uma referência e todas querem competir com ela”, admite a brasileira Keila Costa, que também foi à final olímpica e enfrentará novamente Maurren neste domingo no GP de Belém. Ela integra a mesma equipe da campeã olímpica e apenas o fato de estar ao lado de Maurren já está ajudando as saltadoras. “A Eliane (Martins) que treina no nosso grupo já teve um aumento de convites simplesmente por ser uma saltadora brasileira como a Maurren”, explica Nélio Moura.

Mesmo os atletas de outras provas acabam colhendo os frutos do sucesso da saltadora. “Facilitou na busca por patrocínio. As pessoas agora veem com outros olhos o atletismo e isso ajuda todo mundo. Há mais empresas interessadas em associar sua marca ao atletismo por causa da Maurren”, diz o meio-fundista Kléberson Davide, que já obteve índice para disputar os 800 m rasos no Mundial de Berlim, em agosto.

Ao mesmo tempo, a situação também traz uma cobrança maior sobre a campeã olímpica. “Sei que agora todo mundo quer me bater. É uma responsabilidade grande, mas boa, e estou pronta”, afirma Maurren, que deve encarar um forte assédio na capital paraense. “Lá o povo adora atletismo e será muito bom”, diz.

No Rio de Janeiro, a saltadora já foi a atleta mais procurada, sendo inclusive a única a ser levada pelo presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, a visitar o saguão de entrada do Engenhão, local onde foi realizado o GP. A saltadora ainda recebeu uma camisa do clube e correspondeu ao apoio da torcida, sendo a única a dar uma volta olímpica no estádio após vencer sua prova.

Em tempo: Maurren desembarcou em Val-de-Cans às 14h50 desta sexta-feira, na condição de estrela maior do GP de Atletismo, que acontecerá domingo, no Mangueirão.