Remo compromete preparação

POR GERSON NOGUEIRA

A demora na contratação de um técnico e, por conta disso, o atraso na busca por novos reforços começam a angustiar a torcida azulina, preocupada com o pouco tempo que resta até a estreia do Remo no Brasileiro da Série A, que começa no dia 28 de janeiro.

Até o momento, o clube renovou com atletas remanescentes da Série B, como Marcelo Rangel, Ygor Vinhas, Marcelinho, Pavani e Sávio. As novidades são o atacante Alef Manga e o volante Patrick de Lucca, confirmados pela diretoria.

Há negociação avançada com o meiocampista Matheus Bianchi, ex-Mirassol, e com outros jogadores de clubes da Série A, cujos nomes não são revelados pela diretoria. É muito pouco para um clube que está de volta à Primeira Divisão após três décadas de espera.

As dificuldades impostas pelo mercado do futebol são de amplo conhecimento. Era previsível que o Remo tivesse que lutar para conseguir reforços de qualidade. A Série A 2025 terminou domingo e até o momento não há informação sobre jogadores garantidos para a campanha azulina.

Torcedores cobram mais agilidade por parte do executivo de futebol, Marcos Braz, profissional experiente que o Remo foi buscar em 2025 e é considerado um dos responsáveis pelo trabalho que conduziu ao acesso.

O problema é que as leis que movem o futebol são dinâmicas e não perdoam os que dormem. Os contratados Alef Manga e De Lucca são jogadores de Série B e, quando muito, irão compor elenco. Manga vem de duas temporadas perdidas, sendo que em 2025 foi terceiro reserva no Avaí.

Todas as expectativas se concentram na movimentação do Remo nas duas próximas semanas, antes da virada do ano. Quando janeiro chegar, é preciso que novos jogadores estejam em Belém para que seja possível iniciar a preparação para o duríssimo desafio do Brasileiro.

O fato mais preocupante é a demora na contratação de um técnico. Guto Ferreira, responsável pelo acesso, foi descartado após divergências nas negociações. Em seguida, o clube mergulhou em sondagens que não resultaram em nada. Renato Gaúcho e Cuca foram procurados, mas não se mostraram interessados.

A partir de agora, a corrida é contra o tempo. 

Começa o lobby para botar Neymar na Copa

A mídia trepidante do Sudeste já se assanha toda com sinais ainda discretos de recuperação de Neymar para o futebol. Fez gols e algumas firulas contra o Sport e o time reserva do Cruzeiro. Nada disso impediu a constrangedora babação de ovo dos canais esportivos em torno do ex-camisa 10 do escrete.

Apesar de resistir à condição de veterano, Neymar sustenta o orgulho e o ego inflado como armas para pressionar Carlo Ancelotti a convocá-lo para o Mundial. Até Tite reapareceu para encher a bola do atacante santista, colocando-o no pedestal dos insubstituíveis.

É óbvio que Neymar passa longe do patamar dos selecionáveis. Antes dele existem pelo menos cinco ou seis jogadores merecedores de convocação. Já há quem veja semelhança com a situação de Romário em 2002, preterido por Luiz Felipe Scolari e ausente da campanha do penta.

Há uma diferença abissal em relação ao clamor em torno de Romário naquela ocasião. Era um jogador pronto para jogar, acima de qualquer discussão sobre qualidade técnica e a fim de entrar em campo.

Faz tempo que Neymar demonstra um certo cansaço, preguiça até, com as exigências que o futebol profissional impõe. Ao mesmo tempo, as lesões se repetem e voltam a assombrar, embora o staff do jogador tenha se apressado em desmentir a possibilidade de nova cirurgia.

Diante dos recentes aplausos ao discreto ressurgimento do jogador, Ancelotti terá que mostrar pulso firme para enfrentar os apelos para incluir o Menino Ney no grupo que vai tentar o hexa.

Gol da virada’ repara injustiça contra Reinaldo

Uma das melhores notícias recebidas pelo mundo do futebol foi a anistia ao craque Reinaldo, com direito a indenização, após décadas de perseguição durante os anos de chumbo. O ídolo atleticano atraiu a fúria dos poderosos pelo posicionamento claro em favor dos desfavorecidos e pelo gesto poderoso de erguer o braço com o punho cerrado em sinal de resistência.

Foi um golaço da democracia, só possível sob um regime plenamente democrático. Reinaldo se emocionou durante a cerimônia na Comissão de Anistia, em Brasília. Lembrou a campanha difamatória que atrapalhou sua carreira porque jamais silenciou ou se curvou ao Estado opressor.

Em sua homenagem, o craque Bobô, deputado estadual na Bahia, fez um vídeo maravilhoso em homenagem ao atleticano. “Sem verdade não existe democracia, sem justiça não existe futuro. Que o gesto de Reinaldo, o punho cerrado, firme e corajoso, continue lembrando ao país que liberdade se conquista e se defende todos os dias”, disse Bobô. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 10)

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