Desafios que a fartura impõe

POR GERSON NOGUEIRA

Clubes que conviveram durante décadas com orçamentos apertados e dificuldades terríveis para equilibrar receita e despesa costumam enfrentar problemas quando alcançam um patamar de segurança financeira. Sair da pindaíba para a fartura não é um processo simples. É o momento de organizar as contas e redobrar cuidados com os gastos.

É justamente a situação do Remo, que no espaço de um ano conquistou dois acessos (da Série C para B e desta para A) e saltou de um orçamento inferior a R$ 2 milhões em 2024 para cerca de R$ 4 milhões em 2025 e agora vai para algo em torno de R$ 180 milhões, entre contratos, premiações e patrocínios diversos.  

O volume de recursos previstos para a próxima temporada vai exigir da gestão uma rígida política de investimentos, capaz de equilibrar as exigências pela montagem de um elenco competitivo para a disputa do Brasileiro da Primeira Divisão e os gastos com as obras estruturais, igualmente importantes e urgentes.

Dentre essas obras, destaque para a finalização das obras do CT de Outeiro e a revitalização do estádio Evandro Almeida. Nunca antes em sua história o Remo teve tantos recursos financeiros para se organizar e investir, tornando-se verdadeiramente grande no cenário do futebol nacional.

A chance é única e impõe muita responsabilidade. Todos os envolvidos estão conscientes desse momento especial na vida do clube. Ao contrário do que ocorreu da última vez em que esteve na Série A, o cenário atual dá ao Remo a condição de ingressar na elite do futebol brasileiro com recursos suficientes para permanecer lá por muito tempo.  

Quarteto mágico é questão fechada no Leão

O esforço inicial dos dirigentes do Remo se concentra na manutenção de uma base para terminar o ano e ganhar segurança para buscar os reforços necessários. Nesse sentido, com base no que realizaram na temporada, alguns jogadores encabeçam a lista de prioridades.  

Marcelo Rangel, Ygor Vinhas, Klaus, Marcelinho, Nathan Camargo, Caio Vinícius, Jaderson, Pavani, Cantillo, Panagiotis, Pedro Rocha, João Pedro, Nico Ferreira e Diego Hernández. Com poucas variações, para mais ou menos, esta é a relação dos que devem ficar.

Alguns têm contrato até dezembro deste ano, outros até o final do ano que vem, mas segurar o quarteto Marcelo Rangel, Pedro Rocha, Nico e Diego Hernández é questão absolutamente fechada entre os dirigentes azulinos. (Foto: Samara Miranda/Ascom CR)

Marco zero do processo de reconstrução

A apresentação do técnico Júnior Rocha marca oficialmente o início da reconstrução do PSC, após o desastre que foi a participação na Série B 2025. A entrada em cena do novo comandante traz a premissa de que, a partir de agora, o clube descarta tudo que deu errado e investe de verdade em práticas que podem ajudar na retomada.

Técnico da nova geração, Rocha tem experiência em clubes que disputaram a Série C, o que é valioso para a temporada que o PSC vai fazer. No primeiro contato com a imprensa, destacou a importância de formar um time competitivo, com espírito solidário e noção de jogo coletivo.

Tocou discretamente na questão das escolhas de atletas em fim de carreira e que muitas vezes se escondem em clubes periféricos. Polido, disse que sua pregação pelo comprometimento não é uma referência a esse tipo de atleta problemático, que o PSC tem prestigiado nos últimos anos.

É fundamental que o novo comandante tenha voz ativa e autonomia para influir nas escolhas, juntamente com o executivo de futebol Marcelo Sant’Ana, a fim de evitar os muitos erros cometidos nesta temporada, repleta de apostas que só trouxeram prejuízo ao Papão.

Goleiro paraense vai defender a Seleção Sub-16

O goleiro Zafir Ayan, que começou nas divisões de base do Remo e hoje no Fluminense, foi convocado para a Seleção Brasileira Sub-16. Ele vai se juntar a um seleto grupo de jogadores que vestiram a camisa canarinho, incluindo a do escrete de base.

Zafir faz companhia a Sócrates, que jogou as Copas de 1982 e 1986; Paulo Victor, presente à Copa de 1986; Giovanni, que esteve no Mundial de 1998; e Paulo Henrique Ganso, convocado para a Copa América de 2011.

Além deles, outros atletas paraenses tiveram a honra de vestir a camisa da Seleção – casos de Rosemiro, Manoel Maria, Charles Guerreiro e, mais recentemente, Rony.  

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 28)

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