Com atuação ruim, empate foi lucro

POR GERSON NOGUEIRA

O Remo trouxe um ponto de Novo Horizonte e brecou o avanço de um adversário direto. Nesse sentido, o empate em 1 a 1 foi satisfatório. O problema é que as circunstâncias da partida permitiam um resultado melhor. Com um jogador a mais desde os 15 minutos do 1º tempo, o time paraense teve as condições propícias para vencer, mas não soube buscar os caminhos para conquistar os três pontos.

O gol sofrido pelo Remo logo aos 10 minutos, marcado por Waguininho em falha de marcação que começou com o lateral Jorge e se estendeu por toda a zaga. Para sorte do Leão, aos 15 minutos, o autor do gol deu uma sarrafada violenta em Marcelinho e recebeu o cartão vermelho.

Esperava-se que o Remo se reorganizasse em campo, principalmente na conexão entre os setores. Até aquele momento, não tinha feito um ataque sequer, revelando um sério problema no meio-campo, formado por Nathan Camargo, Pedro Castro, Panagiotis e Jaderson.

A escalação mais conservadora buscou compensar as ausências de Caio Vinícius e Diego Hernández, mas o excesso de marcadores travou a transição rápida, característica marcante do Remo de Guto Ferreira.

Com um a mais, o Remo continuou do mesmo jeito. Lento na saída, confuso na articulação e inofensivo na frente. Pedro Rocha e Nico Ferreira só recebiam bolas podres e não incomodavam a zaga do Novorizontino.  

Para piorar tudo, as precárias condições do gramado do estádio Jorjão prejudicavam a troca de passes e provocavam escorregões seguidos por parte dos jogadores do Remo. Aliás, fica difícil entender como o campo do Novorizontino foi aprovado pela exigente comissão de inspeção da CBF.

Sem alterações na maneira de encarar a partida e aparentemente sem pressa, o Remo deixou passar todo o 1º tempo sem dar um chute na direção do goleiro Jordi. A única jogada de perigo foi uma bola mal recuada pela zaga, que quase foi aproveitada por Pedro Rocha.

Na 2ª etapa, a entrada de Janderson e João Pedro provocou uma ligeira melhora no rendimento técnico do Remo. Com Nathan Pescador no lugar de Panagiotis, a transição melhorou, embora em ritmo ainda lento. A zaga seguia retendo a bola em excesso, com Klaus e Kayky trocando dezenas de passes inúteis, que não facilitavam as tramas ofensivas.

Na única boa jogada do Remo e no primeiro chute a gol, surgiu o empate. Aos 15 minutos, Nico Ferreira caiu pela esquerda e cruzou, gerando uma confusão que terminou com um toque do lateral Mark para as redes.

Ficou a expectativa quanto a uma pressão em busca da vitória, mas as jogadas não se completavam. Somente em duas cobranças de falta, ambas por Sávio (que substituiu Jorge), o segundo gol chegou a se desenhar. Na última cobrança, a bola bateu no pé da trave direita. E ficou nisso.

Apesar da fraca atuação, o Remo segue invicto sob o comando de Guto Ferreira e com boas chances de conquistar o acesso, desde que vença as duas partidas finais, contra Avaí (fora de casa) e Goiás, no Mangueirão. (Foto: Raul Martins/Ascom CR)

Papão desfalcado faz papel digno contra o líder Coxa

Não houve o temido massacre, apenas deu a lógica. Em ritmo de treino, o líder Coritiba não precisou forçar muito. Abriu o placar logo aos 3 minutos e ampliou para 2 a 0 na reta final do 1º tempo. O PSC fez o que coadjuvantes fazem: não criou problemas, ficou tocando bola de um lado para outro e esforçando-se apenas para evitar uma goleada humilhante.

Diante da disparidade técnica entre os times, o Coxa não tinha a menor dificuldade para se movimentar em campo. O confronto foi se arrastando, sem que nenhum dos times tivesse a menor pressa. O árbitro podia encerrar a partida na metade do 2º tempo e ninguém iria reclamar.

O objetivo maior do visitante era vencer e encaminhar matematicamente o acesso, que só não se efetivou ainda porque há uma diferença de três gols no saldo em relação ao Criciúma. Detalhe meramente burocrático, pois o acesso do Coritiba é líquido e certo.  

A pequena torcida presente se divertia aplaudindo os erros de Reverson, as péssimas ideias de Marlon e os desacertos da zaga, formada por Quintana e Novillo. Até a lesão sofrida por Mateus Nogueira, atingido na cabeça, chegou a ser saudada por alguns aloprados de plantão.

Pedro Henrique era a exceção no PSC, com boa movimentação, marcando corretamente e até arriscando chutes de fora da área. Solitário no esforço de ir à frente, Marcelinho foi outro que fugiu à mesmice e lutou muito na frente, chutando e cruzando com perigo.

Foi dele, por sinal, o cruzamento rasante para o gol de Quintana, aos 20 minutos. Depois do gol, o time ganhou motivação e passou a pressionar, mesmo de forma desajeitada. O empate não veio, mas o time mostrou dignidade, apesar dos aplausos da torcida aos gols do time paranaense. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 11)

Deixe uma resposta