Qualidade no meio é fundamental

POR GERSON NOGUEIRA

O meio-de-campo é a alma de todo time de futebol. Quando as coisas estão desarrumadas por ali quase nada dá certo em campo. O Remo se reabilitou dentro da Série B desde que a meia-cancha voltou a funcionar satisfatoriamente. Nesse sentido, o meia Panagiotis foi peça decisiva para dar organização e qualidade ao setor.

Ao lado de Caio Vinícius, outro jogador fundamental no Remo das últimas sete rodadas, Panagiotis deu ao time cadência e direção, dinâmica e ritmo. De início, mostrava-se lento, por força das dificuldades naturais do processo de adaptação ao clima e ao clube.   

À medida que o condicionamento físico melhorou e foi possível jogar plenamente, Panagiotis tornou-se figura imprescindível no esquema implantado pelo técnico Guto Ferreira. Combativo e rápido na formulação de jogadas, principalmente nos lançamentos direcionados aos atacantes, ele ganhou confiança e cresceu de rendimento.

Em pouco tempo, tornou-se titular absoluto de um time que passou boa parte do campeonato carente de um jogador para fazer a articulação no meio-campo e cuidasse para que a bola chegasse com mais precisão ao ataque. Funções aparentemente simples, mas de difícil execução.

Passaram por ali vários jogadores, mas nenhum deles à altura do rendimento que Panagiotis mostrou contra Operário, Athlético-PR e Athletic e Cuiabá. Sua ausência contra a Chapecoense afetou a produção coletiva do time, apesar da boa atuação de Caio Vinícius.

O passe é o fundamento básico do jogo. Times que rifam a bola com chutões e ligações diretas têm mais dificuldade para vencer. O Remo tem se mantido invicto em momento estratégico da disputa por ter conseguido ajustar o setor de onde partem as jogadas.

Por tudo isso, a possível volta de Panagiotis contra o Novorizontino, no sábado (8), é a melhor notícia possível para os planos de Guto Ferreira. (Foto: Samara Miranda/Ascom CR)

Constrangimento, grosseria e desrespeito  

Dois técnicos mergulhados no ostracismo, que não despertam o interesse dos clubes há três anos, aproveitaram uma cerimônia pública para pagar mico e constranger o técnico Carlo Ancelotti, da Seleção Brasileira. A presepada ocorreu no 2º Fórum Brasileiro de Treinadores de Futebol (FBTF), realizado na sede da CBF, no Rio de Janeiro.

Emerson Leão e Oswaldo de Oliveira ficaram ao lado de Ancelotti e se manifestaram contra a presença de técnicos estrangeiros no futebol brasileiro. Leão disse que não “suportava” a ideia de gringos trabalhando no Brasil. Oswaldo pediu que, “quando o Ancelotti for embora”, a Seleção volte “a ter um treinador brasileiro”.

Ora, opinião todo mundo pode ter. A questão é a hora e o local de expor posicionamentos, principalmente quando grosseiros e claramente xenófobos. Leão e Oswaldo não esconderam o ressentimento em relação à escolha de Ancelotti para comandar a Seleção.

Patéticos, os dois treinadores são representativos da média dos técnicos nacionais. Desatualizados e pouco interessados em receber formação adequada, sonham com a volta de uma reserva de mercado que deixou de existir há pelo menos uma década. A forte presença de técnicos portugueses e argentinos nos clubes confirma que os tempos mudaram.

A direção do Fórum Brasileiro de Treinadores rechaçou a atitude de Leão e Oswaldo, considerada “desrespeitosa e desnecessária”. Ancelotti, por seu turno, mostrou-se tranquilo, embora tenha ficado visivelmente constrangido. Nas redes sociais e na mídia, os coices verbais da dupla foram duramente repudiados. Ainda bem.

Manifestações de intolerância a estrangeiros alimentam a xenofobia e o preconceito. Os dois patéticos treinadores esqueceram que os técnicos brasileiros também trabalham em outros países. A perda de espaço nos clubes e na Seleção não é culpa dos estrangeiros, mas da própria acomodação dos profissionais nativos.

Para o Papão, a temporada 2026 já começou

As mudanças implementadas no PSC desde a semana passada, com o afastamento de quase um time inteiro e a demissão do técnico Márcio Fernandes, representam apenas a primeira parte do processo de reformulação do futebol bicolor para 2026.

Com ações práticas, o panorama interno mudou por completo desde que Roger Aguilera anunciou a comissão de planejamento, formada por alguns “notáveis”: os vice-presidentes Márcio Tuma e Diego Moura; dois ex-presidentes, Vandick Lima e Alberto Maia, e o ex-diretor Ícaro Sereni.

As decisões adotadas tiraram o clube do imobilismo e brecaram a crise instalada na reta final da Série B. Com o rebaixamento já confirmado e em meio às cobranças da torcida, o presidente resolveu dividir o poder e convidou nomes de confiança para a missão de repensar a gestão.

Ontem, ficou praticamente definida a saída do executivo Carlos Frontini. Como ocorreu em relação ao técnico Márcio Fernandes, as demissões têm o objetivo de abrir caminho para a reconstrução.

Por conta disso, os três jogos que encerram a participação do PSC na Série B – contra Coritiba, Amazonas e Athletic – são vistos de forma pragmática: uma boa oportunidade para dar minutagem aos garotos revelados na base, sob o comando do interino Ignácio Neto.    

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 06)

Deixe uma resposta