POR GERSON NOGUEIRA
Brian Wilson morreu oficialmente nesta semana – a família não informou a data exata -, aos 82 anos, mas não estava mais entre nós desde o ano passado, quando recebeu o diagnóstico de demência. Vivia recluso, longe dos instrumentos e da música que tanto amou. Criador solitário de um dos mais importantes trabalhos do pop, o álbum “Pet Sounds” (1966), Brian silenciou antes da partida definitiva, mas poucos no mundo se equivalem a ele em termos de inovação e criatividade, responsável pela composição de algumas das canções mais originais da música moderna.
Líder dos Beach Boys, a banda californiana de surf rock que revolucionou as harmonizações vocais, Brian Wilson é reconhecido como o inspirador da obra-prima “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, dos Beatles. Paul McCartney sempre reconheceu isso.

Brian teve uma infância sofrida, marcada pela rigidez e violência do pai. Dedicou toda fúria e talento à música. Com os irmãos Dennis e Carl Wilson, já falecidos, o primo Mike Love e o amigo Al Jardine, Brian levou o Beach Boys a dividir as principais prateleiras do olimpo pop com Beatles, Stones, Who, Led Zeppelin, Hendrix e Dylan. Uma façanha de dimensões gigantescas se levarmos em conta a explosão de talento dos faiscantes anos 1960.
As demonstrações de carinho e respeito que brotam no mundo todo desde a manhã desta quarta-feira (11) são a maior homenagem que um músico poderia receber, mesmo após anos de ausência dos palcos. A obra do “chapeleiro louco do rock” é eterna e seus sucessos são atemporais – caso do clássico “Good Vibrations”, aqui no registro de estúdio e no show Live Aid de 1985.
Li no final do ano passado a autobiografia “Eu sou Brian Wilson” (Ed. Novo Século), coescrita com o escritor Ben Greenman, que retrata com crueza a vida do gênio criativo dos Beach Boys, incluindo os problemas na infância, a luta contra as drogas, o enfrentamento dos demônios internos, as dores de amores e a relação turbulenta com os companheiros de banda. Pode-se dizer que Brian viveu uma vida admirável, fascinante e vitoriosa.
Que o gigante descanse em paz.