POR GERSON NOGUEIRA
Performance caprichada de Lou Reed para “Satellite of Love” (Satélite do Amor), em setembro de 1984, no Capitol Theatre (Nova Jérsei). Ele é acompanhado por um timaço de instrumentistas: Robert Quine (guitarra), Fernando Saunders (baixo), Peter Wood (piano) e Lenny Ferarri (bateria).
Quase sempre recluso e pouco afeito a apresentações, Lou vivia uma fase surpreendentemente mais expansiva em meados dos anos 1980, apresentando-se ao vivo em grandes espaços de shows, ao lado de amigos como David Bowie.
“Satellite of Love”, com letra falsamente ingênua que brinca com temas amorosos e faz conexão com astros e satélites, é a 7ª faixa do álbum Transformer (1972), o impactante segundo disco de estúdio de Lou após o fim do Velvet Underground. Com produção de Bowie e do guitarrista Mick Ronson, o disco contém clássicos como Vicious, Perfect Day e Walk on the Wilk Side.
Transformer alavancou a carreira solo de Lou Reed e, na essência, é um disco forjado pela inventividade e faro musical de Bowie. Influenciado por compositores vanguardistas como John Cage e La Monte Young, Lou criou no Velvet Underground um som mais experimentalista, redefinindo as fronteiras do rock e do pop.
Mas, ao sair do Velvet, em 1970, estava desiludido e quase desistiu da carreira. Voltou para a casa dos pais e engatou um trabalho como datilógrafo no escritório de contabilidade da família. É desse período uma declaração curiosa à revista Rolling Stone:
“Será que eu queria fazer eu mesmo? Será que eu queria ter uma banda? Será que eu queria só compor, sem sequer subir no palco? Eu sou a última pessoa no mundo que eu próprio achava que deveria estar num palco. Algumas pessoas realmente gostam de ter um holofote nelas. Eu não gosto”, afirmou.
A guinada pop, com o excepcional empurrão de Bowie, provaria que Lou não era assim tão indiferente à sedução dos palcos. Amigo e fã, Bowie teve o controle criativo do disco e cumpriu com louvor a promessa de fazer o primeiro álbum de sucesso da vida de Lou.
