POR GERSON NOGUEIRA

O favoritismo se confirmou. O confronto foi quase todo controlado pelo PSC e o placar final de 3 a 1 expressa bem isso. O Águia só levou algum perigo em situações pontuais. No 1º tempo, o time de Luizinho Lopes cumpriu o planejado e levou a melhor. Com ritmo forte, sufocou o Águia durante os primeiros minutos com ataques seguidos.
Aos 10’, o zagueiro Baraka interceptou mal a bola na pequena área e presenteou Nicolas, que chegou chutando para o fundo do barbante. O Águia reagiu de imediato, explorando as indecisões da defesa bicolor.
Conseguiu empatar aos 23’, com Kukri finalizando de fora da área. Apenas três minutos depois, em contra-ataque fulminante puxado por Marlon com participação de Nicolas, o PSC chegou ao desempate em chute rasteiro de Rossi que passou por baixo do goleiro.
Apesar de nova investida do Águia em busca do empate, o PSC ainda teve duas boas chances, com Marlon e Rossi pegando da entrada da área, mas os chutes saíram por cima da trave de Axel.
O 2º tempo custou a esquentar. O PSC se acautelou mais na cobertura à zaga, esperando uma chance para liquidar a fatura. O Águia tentou descontar o prejuízo e Érico Junior desperdiçou um bom cruzamento de Lucas Silva, aos 3 minutos.
O Papão continuava com a postura ofensiva e ia enfileirando escanteios, mas sem entrar na área para criar chances claras. Nicolas tentou um voleio, aos 16’, mas o disparo saiu fraco, sem perigo.
Logo depois, o Águia reclamou uma penalidade sobre Érico, atingido por Leandro Vilela junto à linha de fundo. Falta clara que o árbitro Dewson Freitas não marcou. Aos 17’, Marlon arriscou da entrada da área, mas acertou a rede por fora.
Com as substituições, os times foram se descaracterizando e a partida ficou menos interessante. O Águia vivia dos lampejos de Kukri e Daniel, mas sem ameaçar a zaga do Papão, bem mais firme do que no 1º tempo.
Nos acréscimos, o centroavante Benitez, que substituiu Nicolas, pegou de primeira um rebote dado por Axel em falta cobrada por Giovanni, fechando o placar em 3 a 1.
Resultado excelente obtido pelo time de Luizinho Lopes, mesmo sem mostrar evolução em relação ao jogo com o Capitão Poço. Por outro lado, o ataque viveu uma noite inspirada. Rossi, Nicolas e Marlon compensaram as dificuldades de criação, contribuindo decisivamente para a vitória e a classificação à final do Parazão.
Tradição e peso de camisa entram em cena
O clássico Remo x Tuna decide hoje (20h) uma vaga à final do Campeonato Paraense. Os azulinos fizeram campanha melhor na fase de classificação e superaram o Santa Rosa nas quartas de final. Já a Tuna avançou com dificuldades, mas eliminou o Castanhal nos pênaltis para chegar à semifinal.
É a quarta disputa de semifinal do Parazão entre os dois times desde 2021. Na primeira, deu Tuna. Em 2022 e 2024, o Leão levou a melhor.
Para avaliar as possibilidades dos semifinalistas, é fundamental observar como os times saíram do período de paralisação (três semanas) do Parazão. Os jogos de ambos pelas quartas de final indicam que não houve alterações profundas em relação à etapa inicial do campeonato.
A maior novidade está no comando técnico do Remo, onde Daniel Paulista vai para a segunda partida. Estreou no domingo passado com vitória sobre o Santa Rosa. Fez mudanças no sistema de jogo, trocando o 3-4-3 de Rodrigo Santana por um 4-1-4-1, com variação para o 4-3-3.
De concreto, o novo Remo mostrou uma postura mais agressiva no ataque, com um repertório de ações ensaiadas pelos lados. De negativo, a opção por Alvariño como lateral improvisado e a ausência de Adailton na escalação.
Diante da Tuna, que joga ofensivamente, mas cede muito espaço, a tendência é que Daniel faça o Remo explorar a marcação adiantada a fim de provocar erros na defensiva tunante. Caio Vinícius e Janderson, que atuaram bem contra o Santa Rosa, devem ser mantidos. A dúvida é quanto ao substituto de Sávio (lesionado) na ala esquerda.
Abel ataca a própria torcida e depois afrouxa
O técnico mais grosseiro em atividade no futebol brasileiro voltou a fazer das suas. Depois do jogo com o Botafogo, domingo, pelo Campeonato Brasileiro, Abel Ferreira resolveu encrespar com a torcida do Palmeiras, que nada teve a ver com a atuação da equipe. Queixou-se que os torcedores do Fogão tinham sido muito mais vibrantes durante a partida.
Cada vez fica mais evidente que o treinador português aumenta o tom da agressividade verbal sempre que o resultado em campo não lhe agrada. E, de imediato, ele elege alvos para descarregar a insatisfação.
É rotineiro o ritual de desrespeito aos repórteres nas entrevistas coletivas, pelos motivos mais inusitados possíveis. Às vezes, como na final do Paulista contra o Corinthians, os coices se dirigem à arbitragem.
Como a rispidez nem sempre cai bem, ele teve que providenciar uma nota pública de desculpas. “Ontem tive uma fala que não fez jus a tudo que essa torcida já fez e representa para mim”, declarou.
O recuo é inédito, pois a empáfia é uma marca de Abel. Desde que conquistou alguns dos títulos mais importantes da história do Palmeiras, ele vestiu uma capa de arrogância que torna suas entrevistas um festival de patadas.
(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 02)