POR GERSON NOGUEIRA

Jogos como o de domingo diante do Cametá mostraram um Remo mesclado, com até seis alterações no time titular. O resultado foi ruim, como já havia sido diante do São Raimundo (RR), na Copa Verde. Duas situações frustrantes e negativas para o trabalho de Rodrigo Santana.
Foram experiências que trouxeram novas interrogações sobre a força e o potencial do elenco remista. Após um excelente começo de Campeonato Paraense, quando abriu vantagem na liderança, o Remo sofreu queda de rendimento a partir do empate com o Capitão Poço (2 a 2).
As vitórias sobre a Tuna e o Santa Rosa atenuaram os efeitos do tropeço. Mas, no clássico com o PSC, a má atuação voltou a criar incômodo no clube, reabrindo as cobranças sobre a definição de um time.
O fato é que a escalação tem mudado constantemente, e não apenas nos jogos contra Cametá e São Raimundo, em todos os setores. A defesa parece ter um trio definido: Rafael Castro, Klaus e Sávio. As alas também estão bem desenhadas com Kadu (Marcelinho) e Alan (Cauã).
No meio, porém, as frequentes entradas de Pedro Castro não resolvem o crônico problema de criatividade. Pavani, mesmo com atuações confusas, tem demonstrado mais utilidade, além do entrosamento com Jaderson.
Guty mostrou capacidade de surpreender nas duas oportunidades que teve, nos minutos finais contra o São Raimundo e frente ao Cametá, domingo, mesmo ainda em recuperação. A dúvida é se será uma peça exclusiva para uso em times mesclados ou terá oportunidades na equipe regular.
O problema é que até o conceito de titularidade ainda é impreciso. No ataque, Felipe Vizeu é o titular, com Ytalo como reserva imediato, mas nas demais posições reina muita indefinição. Fica sempre a dúvida sobre os atacantes de lado – Pedro Rocha, Maxwell, Adailton, Dodô e os novatos Janderson e Gabriel Martins.
Pode ser apenas uma impressão, mas Rodrigo Santana muitas vezes parece confuso em relação às escolhas. É como se a grande quantidade de opções gere uma dificuldade de determinar titulares e reservas. A dúvida é aceitável, mas a temporada já chegou a 10 jogos, quantidade suficiente para clarear as ideias do comando técnico.
Há quem considere que a demora em escalar uma equipe (e apostar nela) pode ser causada pelo receio de ferir vaidades e abrir crise no grupo. Se o caso aqui é não desagradar jogadores, o técnico acaba descontentando o torcedor, o que é sempre um mau negócio. (Foto: Samara Miranda/Ascom Remo)
Segurança da defesa é destaque na era Luizinho
O PSC de Luizinho Lopes só tomou dois gols em cinco jogos – ambos em cobrança de pênaltis. A série invicta (três vitórias, dois empates; oito gols marcados, dois sofridos) atesta o bom início de trabalho, mas o fortalecimento do setor defensivo é o ponto alto da equipe neste momento.
Luizinho estreou contra o Manaus, na Curuzu, pela Copa Verde, obtendo um empate em 0 a 0. Na partida seguinte, no Mangueirão, venceu o Independente por 1 a 0, na 6ª rodada do Parazão.
No clássico contra o Remo, empate em 1 a 1, sendo que o gol azulino foi assinalado em cobrança de pênalti, por Adailton. No confronto com o Manaus, na Arena da Amazônia, o Papão goleou por 4 a 1. O único gol do Manaus foi marcado por Renanzinho, também batendo pênalti.
A última apresentação foi contra o Castanhal, domingo, com vitória bicolor por 2 a 0. “Não sofremos gols novamente. Os gols que levamos desde a nossa chegada foram de pênalti. Claro que é gol da mesma maneira, mas, com a bola rolando, ainda não sofremos gols”, avalia o técnico.
Não deixa de ter razão, apesar do argumento simplório. A zaga, que na gestão de Márcio Fernandes, era motivo de inquietação do torcedor, parece ter encontrado um ponto de equilíbrio. A título de comparação, nas cinco partidas finais de Márcio, o PSC levou seis gols.
Muito contestado no período de Márcio Fernandes, Quintana também evoluiu e continua como referência da defesa. Teve como companheiro mais frequente Ramón Martínez, mas o recém-chegado Joaquín Novillo, que ainda não estreou, pode ser uma sombra para o zagueiro uruguaio.
Lusa pode obter maior faturamento no século
Com desempenho apenas razoável no Campeonato Paraense, fechando em quinto lugar na primeira fase, a Tuna caminha muito bem na Copa do Brasil, onde iniciou participação superando o Sampaio Corrêa. Pela classificação à 2ª fase, já acumula premiação de R$ 1,8 milhão.
A missão agora é passar pelo CSA, em Maceió, no próximo dia 13. O jogo reserva dificuldades para a equipe paraense, mas há chance de vencer e aumentar o faturamento, que representaria um aporte de receita inédito para o clube neste século – R$ 4.145.000,00, caso avance à 3ª fase.
Formada por jogadores experientes, como Marlon, Jayme e Dedé, e algumas novidades como Tiago Bagagem e Edgo, a Lusa faz bem em priorizar o torneio nacional, mas terá que ficar atenta ao confronto com o Castanhal pelas quartas de final do Parazão, no fim de semana.
(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 05)